Kingdom Hearts III é o décimo jogo da franquia Kingdom Hearts, e age como o capítulo final da “Dark Seeker Saga”, a primeira fase da franquia que engloba todos os jogos lançados até então. Por ser o capítulo final, Kingdom Hearts III justificou e resolveu vários pontos da franquia que estavam em aberto, mas infelizmente acabou criando novos mistérios e levantando inúmeras dúvidas, principalmente em seus momentos finais.
E é justamente isso que Kingdom Hearts III Re Mind se presta a resolver. O DLC, lançado em Janeiro de 2020 é dividido em três partes, e as três serão discutidas neste review com o mínimo de spoilers possíveis.
A primeira parte do DLC reconta os momentos finais da história de Kingdom Hearts III de uma nova perspectiva, expandindo o final do jogo e mostrando detalhes que foram deixados de lado na história original. E apesar desta história expandida ser muito bem vinda, e realmente sanar algumas dúvidas que o jogo original criou, esta primeira parte é de longe o ponto mais fraco do DLC.
A forma em que Re Mind reconta os eventos finais de Kingdom Hearts III é bem estranha. O DLC te faz rejogar as últimas três ou quatro horas do jogo original, com pouquíssimas alterações na história e no gameplay. O DLC te dá a opção de jogar com outros personagens além de Sora, o que é muito legal, apesar de termos que presenciar o final do jogo inteiro uma segunda vez.
Se eu fiquei entediado em reassistir e rejogar momentos que presenciei há um ano atrás, imagino que a experiência de quem tenha acabado de terminar Kingdom Hearts III e ido direto para Re Mind tenha sido ainda pior.
Mas é ao finalizar esta primeira parte do DLC que as coisas melhoram, e muito. Após certos eventos, somos introduzidos a algo que eu definitivamente não estava esperando, e que me deixou extremamente contente: Uma nova Data Org.
Introduzida originalmente em Kingdom Hearts II Final Mix, a Data Org é uma sala que contém os dados de todos os membros da Organization XIII em seu poder máximo. São treze batalhas diferentes, cada uma contra um dos membros da organização com o seu poder escalado para o nível 99, ou seja, é o desafio supremo para os jogadores de Kingdom Hearts.
Cada membro da Organization XIII possui suas próprias habilidades e mecânicas diferentes que precisam ser decoradas e aprendidas, no que são sem sombra de dúvidas as batalhas mais difíceis da franquia Kingdom Hearts. E é exatamente isto que Re Mind traz de volta.
A Data Org de Kingdom Hearts III possui os dados de todos os membros da “Real Organization XIII”, e inclui uma luta que não estava presente no jogo original, e que na minha opinião é a mais desafiadora de todas as treze. Cada uma das lutas leva o jogador ao extremo. Os chefes são completamente insanos e possuem ataques e padrões inéditos que não só são incríveis de se ver, como também são incríveis de se superar.
Estas trezes lutas são o principal motivo de Re mind valer a pena, apesar da dificuldade elevada. Jogando na dificuldade Proud (o Critical Mode ainda não havia sido lançado quando joguei Kingdom Hearts III pela primeira vez), levei algo em torno de dez a doze horas para finalizar a Data Org. E apesar de eu ter vencido a maioria dos chefes nas minhas primeiras tentativas, três chefes literalmente esfregaram a minha cara no chão por várias horas seguidas até que eu finalmente pudesse vencê-los: Saïx, Xemnas e Xion.
A Data Org é extremamente desafiadora e divertida, e requer um conhecido elevado e todas as mecânicas presentes em Kingdom Hearts III para ser superada. Vencer cada um destes trezes Super-Chefes é extremamente prazeroso e satisfatório, além de ser obrigatório para acessar o conteúdo final do DLC: O episódio secreto.
Ao finalizar a Data Org, somos recompensados com algumas cenas que explicam melhor os eventos da cena final de Kingdom Hearts III, até que somos surpreendidos com uma boss fight surpresa, que é extremamente difícil. Perder esta luta (que é o que vai acontecer na sua primeira tentativa), libera um dos dois finais do DLC, que é um tanto quanto estranho, como é de se esperar.
Após conferir este final, o jogo libera esta luta para ser rejogada, com um novo final aguardando para ser liberado caso o chefe finalmente seja vencido. E sinceramente? Ele não vale a pena o esforço. Apesar de conter uma revelação interessante, este final é praticamente igual ao final que vemos ao perder a luta contra o chefe, com mínimas alterações.
E por falar neste chefe, é seguro dizer que Nomura e sua equipe não se seguraram nem um pouco na hora de desenvolvê-lo. Ele é imprevisível, extremamente rápido e possui alguns ataques que podem acabar a luta num piscar de olhos. No Proud Mode, meu Sora nível 99 estava morrendo com dois os três golpes deste chefe, que dispara cerca de vinte ataques antes de te dar a chance de contra-atacar.
Esta luta sozinha pode acabar levando mais tempo para ser vencida do que a Data Org inteira. Buscar o final secreto do DLC vale a pena se você tiver a paciência de um monge budista e não se cansar do gameplay de Kingdom Hearts. Aqueles que se irritam facilmente devem passar longe deste chefe, já que ele pode ser frustrante as vezes.
No mais, Kingdom Hearts III Re Mind traz detalhes muito importantes para a história da franquia, mas que poderiam muito bem ter sido incluídos no jogo original. A primeira parte do DLC não é muito divertida, mas a segunda parte é boa o suficiente para fazer valer a sua compra. Contendo as lutas mais desafiadoras de todo Kingdom Hearts III, Re Mind oferece um nível de desafio extremamente elevado, mas que ao mesmo tempo é divertidíssimo e satisfatório para aqueles que conseguem vencê-las.
Resumo para os preguiçosos
Kingdom Hearts III Re Mind traz novos detalhes muito necessários para a história, mas obriga o jogador a rejogar as horas finais do jogo original com mínimas alterações. A inclusão de uma nova Data Org é extremamente bem vinda, e de longe a melhor parte do DLC. Os novos Super-Chefes são extremamente divertidos e desafiadores, o que deixará os jogadores mais hardcore muito felizes, ao mesmo tempo em que pode afastar jogadores mais casuais por conta da dificuldade.
Prós
- Certos pontos na história são expandidos e/ou explicados em detalhes
- Novos personagens jogáveis com mecânicas únicas
- A Data Org traz treze Super-Chefes extremamente desafiadores e divertidos de se vencer
Contras
- O DLC te obriga a rejogar as últimas horas da história de Kingdom Hearts III com mínimas alterações
- O chefe final chega a ser injusto em certos momentos
- Jogadores mais casuais podem ter muita dificuldade em vencer os desafios introduzidos pelo DLC