InícioCinema e TVThe Witcher (Netflix) - Crítica

The Witcher (Netflix) – Crítica

PUBLICIDADE

Game of Thrones deixou um verdadeiro vazio a ser preenchido na indústria do entretenimento para séries de fantasia medieval com grandes combates, criaturas lendárias, bruxas e atos grandiosos, e The Witcher assumiu para si essa missão: ser a nova grande série do gênero. Será que ela consegue?

PUBLICIDADE

The Witcher segue as aventuras de Geralt de Rívia, um Bruxo, ou seja, um mutante que percorre o mundo caçando criaturas que matam humanos em troca de dinheiro, Yennefer de Vengerberg, uma feiticeira que nasceu corcunda e com a boca torta e acabou vencendo todas as expectativas e tornando-se incrivelmente poderosa e Ciri, uma jovem princesa sem reino que abriga um poder que nem ela conhece.

PUBLICIDADE

Henry Cavill revela a maior dificuldade em filmar as cenas de luta para The Witcher

Apesar da ideia passada originalmente sobre a série ser Geralt encontrar e proteger Ciri do reino de Nilfgaard, que está se expandindo pelo continente onde a história se passa, na verdade a história de The Witcher começa com um emaranhado de aventuras que praticamente não têm conexão entre si, e que acabam sendo o grande problema da primeira metade da série.

No primeiro episódio, temos uma tempestade de informações e uma certa vontade da série de se provar como grande série épica somando três linhas do tempo completamente disconexas entre si, algo que a série não chega a te contar de cara, e que só é explicado mesmo do meio pro fim dela.

Essa estrutura narrativa acaba deixando a série bem mais confusa do que ela precisava ser, e pode acabar afastando o fã mais casual dela, já que você tem três histórias que não são paralelas sendo contadas, o conto do Carniceiro de Blaviken (a história de Geralt), a queda de Cintra (a história de Ciri) e como Yennefer entrou em Aretusa, a escola de magia na qual ela se tornou uma feiticeira.

PUBLICIDADE

Como a série não te conta que esses acontecimentos não são no presente, você acaba se sentindo completamente perdido quando, do nada, personagens que morreram aparecem vivos em outro episódio como se nada tivesse acontecido, e o episódio não faz a mínima questão de te dizer ‘ó, isso é no passado’ até mais ou menos a metade dele.

O que o expectador tem que saber para entender melhor The Witcher então? Que as aventuras de Yennefer se passam no passado mais distante de todos (lembre-se, ela tem cara de 20 anos, mas tem quase uma centena), as de Geralt se passam num passado mais próximo, e as de Ciri são no presente. Eventualmente, as linhas do tempo de Geralt e Yennefer se juntam, e os acontecimentos deles andam em paralelo, mas leva alguns episódios para isso acontecer.

PUBLICIDADE

Se a série tivesse se prestado a explicar isso no começo, as coisas ficariam bem menos confusas do que acabam ficando, mas esse infelizmente não é o grande problema da primeira metade da série. Yennefer acaba sendo o problema.

Para dar a mesma importância narrativa a Yennefer e a Geralt, a série preferiu criar uma nova origem para a personagem, e assim ela acaba gastando tempo demais no arco da personagem em Aretuza, tempo este que poderia ser melhor gasto depois que ela saiu de lá, por exemplo, ou em Ciri, ou até mesmo em Geralt.

Essa parte dela no começo da série é, para ser franco, bem chata, e como ela se arrasta, acaba deixando a série maçante demais no começo. Levando em conta que o arco de Ciri infelizmente é ela apenas fugindo e se dando mal o tempo todo, o que acaba salvando a primeira metade da série são as várias aventuras que Geralt passa pelos episódios.

PUBLICIDADE

Aqui, vale ressaltar um ponto: ainda que as aventuras de Geralt sejam todas muito boas, elas não contribuem em nada no progresso da série e também não contribuem no desenvolvimento do personagem até que ele encontre Yennefer, então, o que temos nesse primeiro ato de The Witcher é Geralt gastando tempo (com se ele tivesse parado para fazer side quests se estivéssemos num jogo) enquanto espera o arco de Yennefer avançar. É muito legal ver ele caçando monstros? É sim, mas fica aquela impressão de que você está só matando tempo vendo cenas de lutinha e monstros e nada acontece, como se metade da série fosse um filler gigante.

Vale aqui um comentário extra e elogio para Jaskier (o Dandelion dos jogos, caso você esteja se perguntando por onde ele anda) que acaba sendo um alívio cômico bem engraçado na série, tanto com suas músicas (throw a coin to your Witcher, oh valley of plenty) quanto com seus comentários e interações com Geralt.

PUBLICIDADE

A série muda completamente na segunda metade, quando a história parece que finalmente engrena. Felizmente eu acabei não desistindo dela até chegar nessa, pois quando o enredo de The Witcher caminha, a série fica bem mais interessante e acaba te prendendo de verdade. Infelizmente, entretanto, são apenas 4 capítulos assim, e como em outras séries da Netflix, quando algo está para acontecer, a temporada termina, com aquela sensação de que a outra metade do que deveria ser a temporada foi fatiada para ela render mais.

Outro ponto do enredo em si que acaba deixando um pouco a desejar é como o script parece ter ficado fraco. Se eu fosse tomar uma dose pra cada vez que a palavra destino é repetida, eu ficaria bêbado em meio episódio, e certamente entraria em coma alcoólico no episódio do casamento, pois a palavra deve ter sido repetida umas 190 vezes apenas nele. Tudo é destino dentro de The Witcher, e a palavra é tão repetida à exaustão que a vontade que dá é de mandar um dicionário de sinônimo pros roteiristas.

PUBLICIDADE

Felizmente, nem tudo em The Witcher são críticas negativas. O trio principal de ator e atrizes, ou seja, Henry Cavill (Geralt), Anya Chalotra (Yennefer) e Freya Allan (Ciri) são muito bons, e cada um cumpre muito bem o papel necessário para seus personagens.

Aqui, o destaque certamente vai para Anya Chalotra, que dá um show de interpretação tanto no arco de origem de Yennefer quanto depois, quando ela é uma poderosa e confiante feiticeira.

PUBLICIDADE

Henry Cavill também merece os cumprimentos pela atuação dele como Geralt, apesar de em alguns momentos parecer que ele é um boneco de pau fazendo umas poses estranhas durante os diálogos. Ainda assim, ficou bem legal a versão dele da voz de Geralt (que nos jogos é feita por Doug Cockle).

Outro ponto muito bom da série são as cenas de luta de Geralt, tanto contra monstros quanto contra humanos também. O primeiro episóido dá um verdadeiro show de coreografia, durante o clímax do Carniceiro de Bleviken, e a maioria das outras cenas de combate também está em alto nível.

A produção como um todo no que diz respeito à ambientação da série também merece elogios, com uma boa cena de guerra no primeiro episódio (ainda que esse seja extremamente confuso e tumultuado) e belas masmorras, cidades medievais, florestas e cavernas.

PUBLICIDADE

Os efeitos especiais da série infelizmente são 8 ou 80. Há momentos bem legais, e há momentos em que parece que eles tinham algo como 20 reais pra fazer a cena e gastaram tudo em gelo seco, além de alguns monstros que ficaram bem toscos.

 

PUBLICIDADE

A trilha sonora da série é outro ponto positivo, seja nas canções de Jaskier, seja na música de fundo usada para ambientar a série, seja nas canções dele, que acabam entrando na cabeça feito um chiclete.

Mas enfim, The Witcher vale a pena?

The Witcher é uma daquelas séries que você precisa aguentar um começo não tão bom assim para que a série então fique boa. Talvez por tentar jogar coisas demais na cara do fã logo no início ela possa acabar maçante para muitos, mas se você está aqui para ver cenas de luta e monstros perigosos, você veio ao lugar certo. No fim das contas, o grande problema dessa temporada é o arco de desenvolvimento de Yennefer e a forma como a série não explica direito quando os acontecimentos são no passado, muito no passado ou no presente.

PUBLICIDADE

Infelizmente, entretanto, com apenas 8 episódios, quando parece que a série finalmente vai andar, a temporada acaba e te deixa esperando até o ano que vem por mais. Tomara que esses problemas não se repitam na próxima temporada, pois a série tem potencial para ser uma daquelas que marcam uma geração.

Resumo para os preguiçosos

The Witcher é uma daquelas séries que você precisa aguentar um começo não tão bom assim para que a série então fique boa. Talvez por tentar jogar coisas demais na cara do fã logo no início ela possa acabar maçante para muitos, mas se você está aqui para ver cenas de luta e monstros perigosos, você veio ao lugar certo. No fim das contas, o grande problema dessa temporada é o arco de desenvolvimento de Yennefer e a forma como a série não explica direito quando os acontecimentos são no passado, muito no passado ou no presente.

Infelizmente, entretanto, com apenas 8 episódios, quando parece que a série finalmente vai andar, a temporada acaba e te deixa esperando até o ano que vem por mais. Tomara que esses problemas não se repitam na próxima temporada, pois a série tem potencial para ser uma daquelas que marcam uma geração.

PUBLICIDADE

Nota final

65
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • O trio de protagonistas faz um excelente trabalho interpretando seus personagens
  • As partes da história em que Geralt é o protagonistas são o ponto alto da série
  • Passada a primeira metade da série, ela melhora imensamente

Contras

  • A forma como a série organiza os acontecimentos é extremamente confusa
  • O primeiro episódio alterna excelentes cenas e uma tempestade de conteúdo que acaba tornando ele extremamente maçante em vários momentos
  • O roteiro poderia ser bem melhor trabalhado, a palavra “destino” é repetida praticamente a cada 30 segundos
  • O arco de Yennefer arrasta o começo da série em demasia, ele poderia ter sido comprimido em um ou dois episódios ao invés de arrastar metade da temporada
  • As partes em que Ciri aparece infelizmente são apenas ela correndo, fugindo, se escondendo, a personagem ganho quase nenhum destaque nessa temporada
PUBLICIDADE
Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.