Iniciada no PlayStation 2, a série Kingdom Hearts chamou a atenção logo de cara por misturar conceitos aparentemente distintos. Se por um lado a Square Enix fornecia o mundo e os personagens de Final Fantasy, de outra a Disney entrava com algumas das figuras e alguns universos mais carismáticos de todo o entretenimento.
Com o passar dos anos, a franquia mostrou ser mais do que a soma de suas partes e virou a favorita de muitos jogadores. Ao mesmo tempo, a alternância entre lançamentos para plataformas da Sony, portáteis da Nintendo e a existência de spin-offs que, na prática, eram tão importantes quanto os jogos principais, deu a ela a fama de ser bastante confusa de entender.
Para diminuir um pouco esse problema, a Square Enix desde o PlayStation 3 trabalha com uma série de coletâneas que finalmente fez sua estreia no Steam no dia 13 de junho. Com isso, a maioria dos Kingdom Hearts deixou de ser exclusiva da Epic Games Store e finalmente pode ser aproveitada por um público mais amplo. Mas será que o investimento vale a pena?
Kingdom Hearts traz conteúdo de sobra
O lançamento mais recente da série, na prática, se divide em três pacotes, sendo que somente um deles traz um único jogo em seu anterior. A melhor porta de entrada para a franquia é Kingdom Hearts HD 1.5 + 2.5 Remix, que reúne as versões definitivas dos dois primeiros jogos numerados e os capítulos Re: Chain of Memories, 358/2 Days, Birth By Sleep e Re:coded.
Desses, 358/2 Days e Re:coded são jogos originados no Nitendo DS que perderam seus elementos de gameplay, sendo apresentados na forma de cenas em alta definição. Já Kingdom Hearts I e II (do PS2) e Birth by Sleep (do PSP) são completamente jogáveis do início ao fim, mas não trazem grandes saltos visuais no PC.
Isso porque a Square Enix decidiu fazer um port simples, que leva em consideração aprimoramentos que os jogos já haviam recebido no PlayStation 4. Isso significa que, enquanto os modelos de personagens aparecem em alta resolução, algumas texturas não receberam o mesmo tratamento e aparecem borradas.
Com isso, as únicas configurações que realmente tiram proveito do PC são as de resolução e taxas de quadros, que podem ultrapassar a barreira dos 120 FPS. Infelizmente, as melhorias de framerate nem sempre são bem implementadas quando a barreira dos 60 FPS é quebrada — mesmo com um PC potente, com um Core i9 e uma RTX 3080, o primeiro Kingdom Hearts tem instabilidades visíveis quando sua taxa de quadros é destravada.
Já o pacote HD 2.8 Final Chapter Prologue é um intermediário entre a fase inicial da franquia e a atual, trazendo o capítulo Dream Drop Distance, original do 3DS, Kingdom Hearts 0.2 Birth by Sleep e o filme Kingdom Hearts X Back Cover. Na prática, todos são uma grande preparação para os eventos de Kingdom Hearts 3, que também chega ao Steam acompanhado do DLC Re Mind.
E é somente os capítulos 0.2 e Kingom Hearts III que tiram maior proveito do hardware do PC, permitindo um maior controle sobre a qualidade de modelos, detalhes de cenários e desempenhos. Rodando em máquinas mais poderosas, essas podem ser consideradas as versões definitivas de ambos os games, especialmente por eles não sofrerem com as restrições de desempenho dos consoles.
Considerado como um todo, a oferta da Square Enix é bastante generosa e rende algumas centenas de horas de gameplay. Jogar na ordem de lançamento cronológica da série é bastante importante, tanto para entender sua história quanto para perceber como, com o passar dos anos, ela foi evoluindo em narrativa e jogabilidade — chegando ao ápice em Kingdom Hearts 3.
Mas e aí, Kingdom Hearts no Steam vale a pena?
Embora a estreia da série Kingdom Hearts no Steam não marque sua chegada ao PC, na prática dá até para considerar que é bem isso que acabou acontecendo. Enquanto os títulos já estavam disponíveis na Epic Games Store, fato é que a loja concorrente não tem a melhor das reputações e muitas pessoas só a usam para resgatar jogos gratuitos semanais.
Assim, a disponibilidade dos jogos no espaço criado pela Valve é bastante positiva, permitindo acessar com facilidade alguns dos principais capítulos da franquia. Embora nem todos se aproveitem do poder que os hardwares mais recentes oferecem, o simples fato de esses jogos estarem preservados e facilmente acessíveis já é considerado muito positivo.
Seja você um fã de longa data ou um novato para a franquia, a chegada de Kingdom Hearts ao Steam vem na forma de coletâneas que, se não são perfeitas, merecem muitos elogios. Resta esperar para que a loja também receba em breve o episódio Melody of Memory que, até o momento, continua com sua exclusividade no sistema da Epic Games.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC (Steam) fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Kingdom Hearts é uma série bastante famosa dentro da Square Enix, e isso não vem sem motivos. Combinando bons gameplays com histórias interessantes, embora um pouco confusas, ela consegue prender o jogador do início ao fim graças a seus personagens bastante memoráveis. Com sua chegada ao Steam, ela se torna ainda mais acessível e merece ser conferida por todo fãs de um bom RPG de ação.
Prós
- Reúne a série em coletâneas acessíveis
- A maioria dos jogos resistiu bem à passagem do tempo
- Kingdom Hearts 3 finalmente atinge seu potencial completo
Contras
- Nem todos os jogos mantiveram elementos de gameplay
- Os títulos mais antigos aproveitam mal o potencial de hardwares modernos
- Nada de legendas ou tradução para o português