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A Plague Tale: Innocence – Review

Quando eu era pequeno lembro do meu pai me dizendo pra “não brincar com ratos”. Que criança normal e sadia teria interesse em cutucar roedores? Bom, eu tinha. Eu não tenho nada contra ratos – tenho até amigos que são. Mas não se pode negar que pequenos roedores costumam trazer um impacto bastante negativo à sociedade. Se você não acredite, pesquise sobre “Peste Negra” e tire suas próprias conclusões.

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O ponto onde quero chegar é que roedores em geral possuem uma intrínseca relação com pestes, transmissão de doenças e condições precárias de higiene. Mas apesar disso, nunca encarei os pobres coitados como inimigos, pelo menos não até jogar A Plague Tale: Innocence.

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Com gráficos incríveis e um enredo excepcional, o game surpreende pela pegada grandiosa que oferece logo nos primeiros minutos. Apesar de não possuir elementos complexos de jogabilidade, cada tentativa torna-se única e avançar na história é um verdadeiro deleite, fazendo com que o jogador sinta-se recompensado por cada novo objetivo cumprido.

A Plague Tale: Innocence se passa na França, em 1348, e aborda a história de uma família marcada pela mácula, que por enquanto podemos definir somente como uma espécie de “azar desgraçado”. Os “De Rune” são a típica família tradicional francesa da idade média: um pai ausente em prol dos deveres sociais, uma mãe cheia de segredos, um menino mimado e muito doente e por fim, uma adolescente com problemas de auto afirmação devido a distância emocional de seus parentes mais próximos.

Tudo parece bem até que a “Peste” – que aqui de fato é uma entidade e não só uma doença que se alastra por ai – resolve atacar e dizimar parte da população europeia. O que o governo faz?

a) Providencia fundos para hospitais de campanha e tratamento de doentes;

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b) Envia ajuda humanitária as regiões mais afetadas e tenta conter o avanço da peste enquanto descobre a cura;

c) Mata todo mundo.

Se você escolheu a alternativa “c”, parabéns! Você entende mais da Idade das Trevas do que muita gente por ai!

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A Peste é tratada como algo “não divino”, ou castigo – que precisa ser expurgada de qualquer forma, mesmo que isso signifique sacrificar dezenas de inocentes no meio do caminho. E é ai que no meio de um surto da praga, a família “De Rune” precisa se virar para lidar com a Peste e com a Inquisição que resolve bater na porta dos pobres coitados na hora mais conveniente possível.

Na tentativa de fugir de tudo isso, a matriarca da família De Rune garante a fuga dos filhos Amicia e Hugo, e os deixa a própria sorte com apenas um objetivo: Encontrar um alquimista que pode ajudar com a doença do pobre Hugo, que pra ajudar resolve ter uma crises no meio do caminho.

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A jornada dos irmãos é longa, difícil e cheia de reviravoltas. Mas como já citado acima, a cada nova conquista o jogador se sente recompensando com o desenrolar da história. É muito difícil falar sobre a qualidade do enredo sem dar spoilers, mas posso dizer sem sombra de dúvidas que o desfecho deste bochincho é muito melhor do que o final de Game of Thrones.

A jogabilidade também e muito bem feita, alternando entre momentos em que os irmãos precisam lidar com a investida da inquisição – que em determinado momento se mostra disposta a caputrar Hugo De Rune a qualquer custo, e a praga que aqui é personificada (ou seria ratificada?) pela presença de um verdadeiro mar de ratos. A genialidade dos produtores em traduzir o avanço da entidade “Peste” com ratos negros é incrível, pois ao mesmo tempo que te proporciona momentos de ação, a presença da peste te causa medo mesmo que não tenha praticamente nenhum elemento de terror.

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Para lidar com a Inquisição, Amicia tem auxilio de sua fiel atiradeira – sim é isso mesmo, você enfrenta a Inquisição com um bodoque (e ganha!), enquanto a única forma de escapar da Praga é com luz, seja ela de qualquer fonte. É importante destacar a alegoria clara do jogo em colocar a praga negra em combate com a luz, denotando a já tradicional batalha entre o bem e o mal. Algo bastante óbvio, mas eu só queria usar o termo “alegoria” em algum review pelo menos uma vez na vida.

Os irmãos De Rune acabam tendo que descobrir novas formas de salvar suas vidas enquanto enfrentam uma série de desafios diferentes, mas em praticamente todos os casos, a furtividade é essencial. Prestar atenção ao cenário e a presença de inimigos é necessário para avançar e dá um clima de tensão praticamente à todo momento, mas assim como na maioria dos jogos do estilo, a maioria dos adversários só vai prestar atenção na sua presença caso você pise feio na bola. Em alguns momentos é quase como a furtividade de Skyrim, mas ainda assim é bastante divertido.

E assim como em toda boa estória baseada na jornada do heróis, os protagonistas vão encontrado ajudantes no meio do caminho que acabam tendo sua própria importância e relevância dentro do enredo. É aqui que A Plague Tale: Innocence brilha mais uma vez, pois todos os personagens secundários são bem desenvolvidos de forma que o jogador de fato desenvolve uma relação de empatia por cada um deles. Cada um possuí um background bem desenvolvido, motivação e função dentro do grupo, tornando a presença destes personagens não só divertida mas essencial.

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Outro recurso abordado é a alquimia, que acaba fazendo com que Amicia possa realizar feitos incríveis com sua atiradeira e algumas pedras. Com os ingredientes certos – e uma boa ofícina encontrada pelo caminho, é possível melhorar equipamentos e construir elementos que permitem ascender tochas, chamar atenção de inimigos, apagar tochas, chamar atenção dos ratos… falando assim parece meio chato, mas é bastante útil, vai por mim.

O game não possui sistema de level, mas a progressão de personagens é “sentida” através da melhoria dos equipamentos e o aprendizado de novos elementos alquímicos. É como se aos poucos o jogador fosse sentindo o ganho de experiência dos irmãos através do desbloqueio de novos itens e equipamentos, dando senso de progressão ao jogo.

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Além disso, a progressão também vai apresentando mais informações sobre a família De Rune, mostrando a relação deles com a Praga e a Inquisição e a explicando os motivos de alguns acontecimentos do jogo. Foi aqui que eu tive uma leve decepção, pois a princípio acreditei que o objetivo principal seria sobreviver e salvar pessoas importantes, mas de repente fui apresentado à um repetindo protagonismo da família De Rune que no meu ponto de vista, era desnecessário. Isso não diminui a magnitude da história nem os eventos que se desenrolam a partir disso, mas tenho a impressão de que eu me divertiria mais com uma história “pé no chão”. Pra citar exemplos, eu esperava algo mais “Kingdom Come” e acabei tendo um enredo mais “Skyrim”.

Ainda assim, A Plague Tale: Innocence é um grande jogo que merece ser jogado e acima de tudo congratulado. O título não cansa em surpreender em vários momentos e é um dos poucos que me fez sentir genuína felicidade com o final da história. Se você procura algo que te surpreenda ao mesmo tempo em que te divirta e cative, a história da familia De Rune é com certeza uma boa pedida.

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Mas e aí, A Plague Tale: Innocence vale a pena?

A Plague Tale: Innocence é um jogo com ambições modestas que acaba te surpreendendo pela qualidade em vários aspectos diferentes. Com jogabilidade fácil e um enredo incrível, o game te oferece uma experiência divertida e misteriosa, capaz de te recompensar a cada novo desafio vencido.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Focus Home Interactive

Resumo para os preguiçosos

A Plague Tale: Innocence é um jogo com ambições modestas que acaba te surpreendendo pela qualidade em vários aspectos diferentes. Com jogabilidade fácil e um enredo incrível, o game te oferece uma experiência divertida e misteriosa, capaz de te recompensar a cada novo desafio vencido.

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Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Gráficos e trabalho artístico de primeira
  • Jogabilidade simples e descomplicada
  • Enredo incrível

Contras

  • Furtividade excessiva em alguns momentos
  • Exagero em alguns pontos da história
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.