Humankind tem a proposta simples e direta de ser o principal rival de Civilization, dentro do gênero de jogos 4X baseados no desenvolvimento de civilizações. Minha primeira experiência com Humankind foi, ao mesmo tempo, extremamente familiar e repleta de novas descobertas – algumas mais confusas do que eu gostaria de admitir.
Um novo patamar
Civilization vem sendo a principal referência do gênero desde sempre. Eu pelo menos, não me recordo de nenhum outro título que tenha conseguido me chamar tanto a atenção quando a principal criação de Sid Meier – ou que tenha me feito ficar tanto tempo preso na frente do PC.
A melhor coisa de Civilization sempre foi: dê o seu rumo a sua civilização, crie a sua próprio história. Mas com o tempo ela deixou de ser tão “sua” assim, e hoje parece mais engessada do que nunca.
Se você é como eu e pensa que Civilization VI não é tão marcante quando seu antecessor, bem, Humankind esta ai para tentar fazer você mudar de time.
Novidades
A principal novidade de Humankind é transformar a experiência de evolução da civilização na sua experiência. A proposta que inicialmente parecia ousada e até meio esquisita de colocar o desenvolvimento da partida totalmente na mão e a mercê das escolhas do jogador era absurdo – eu mesmo duvidava que funcionaria. Mas no final das contas, mas a Amplitude Studios conseguiu transformar essa mecânica em algo relativamente simples e muito empolgante.
Dessa forma, o jogador realmente sente que tem em suas mãos o destino total e completo da sua civilização, podendo ter experiências diferentes mesmo que prefira jogar sempre com a mesma civilização, de novo e de novo, outra vez.
Basicamente o game te permite escolher onde a sua civilização deverá focar os esforços a partir dos próximos turnos (ou anos). E dai que os Incas costumavam ser pacíficos e focados no desenvolvimento intelectual? No seu jogo, se você quiser, pode tentar transforma-los numa verdadeira potência militar. Vai ser fácil conseguir? Não. Mas o desafio faz parte da graça desta nova proposta.
As interações entre os demais jogadores – sejam IA ou não – também parecem mais aprimoradas e realistas do que Civilization VI. Senti que é mais fácil fazer amigos, e que as propostas envolvendo acordos comerciais me pareceram mais concisas.
Do preto no branco, aos tons de cinza
Acho que o ponto mais empolgante em relação à Humankind até agora, é o fato de que a Amplitude Studios parece ter entendido os anseios dos jogadores que se decepcionaram com Civilization, e souberam explora-los de uma maneira inusitada e inovadora.
Para entender melhor o que quero dizer é necessário voltar um pouco no tempo e falar mais sobre Civilization – mesmo que o foco aqui seja Humankind. Resumindo: Civilization V trouxe inúmeras mudanças em relação ao seu antecessor. Tantas mudanças, que acabou sendo um divisor de águas dentro da franquia, colocando os fãs em duas categorias: os que gostaram do que viram, e os que passaram a abandonar Civilization para se aventurar em outros jogos do gênero.
Quando Civilization VI foi lançado as coisas não era mais as mesmas. Isso por que desde a “cisão do fandom”, os órfãos de Civilization passaram a buscar outros tipos de jogos que abordavam o gênero 4X de outra forma – como Crusaders King e outros tantos títulos da Paradox. Por isso, quando Civ VI saiu do forno, mais fãs deixaram a franquia de lado com a impressão de que já não era a mesma coisa.
Humankind até agora foi como voltar a experimentar a sua comida caseira preferida depois de muito tempo longe de casa, mas ao mesmo tempo descobrir que a sua avó aprendeu usar novos temperos no meio do caminho, e que agora gosta de perguntar o tempo todo qual são os seus preferidos, do que você gosta mais e do que não quer ver no seu prato de jeito nenhum.
A sua avó – no caso a Amplitude Studios e a SEGA, mergulharam de cabeça nas “áreas cinzas” deixadas de lado pela Firaxis anteriormente, e souberam criar uma experiência nova que é tão empolgante e natural, que não dá pra entender como não foi feita antes.
Criar religiões, marcos cívicos, leis… tudo isso está presente em Humankind. Mas acredite quando eu digo que de uma maneira mais profunda e “melhor explorada” do que em Civilization.
Humankind é até o momento, a experiência 4X mais ousada que já experimentei, e mal posso esperar para ver o resultado completo deste jogo. O título tem tudo para ser o mais novo queridinho dos fãs de jogos de estratégia 4X, mesmo que você nunca tenha jogado nada parecido antes.
Vale lembrar que no momento, Humankind encontra-se em “open dev”, o que lhe dá a oportunidade a participar ativamente do desenvolvimento do game dando suas próprias ideias e compartilhando suas experiências com os desenvolvedores – pode acreditar, eles inclusive incentivam que você faça isso logo nos primeiros momentos que você abre o game.
Sendo assim, acredito que Humankind tem tudo para ser um dos melhores jogos de 2021. Aguardarei ansioso pelo dia 22 de abril de 2021, data oficial do lançamento do jogo.