Logo na primeira entrevista que tive de fazer na vida, foi-me dada a missão de conversar durante a Gamescom com a produtora sênior da DICE, Sara Jansson, a qual, atualmente, está trabalhando em Mirror’s Edge: Catalyst.
Acreditem ou não, tudo ocorreu melhor do que eu esperava, a Sara foi muito gentil e informativa, e o resultado dessa conversa vocês podem conferir abaixo.
Critical Hits: Sara, você disse que Mirror’s Edge: Catalyst não está sendo visto como uma sequência nem como um reboot. Então, como podemos defini-lo?
Sara Jansson: Sim, na verdade nós o vemos mais como um reboot, o jogo não e uma sequência nem um prequel. Nós ainda estamos construindo o jogo no mesmo universo. Estamos expandindo-o e tentando criar uma mitologia envolta dele. É a mesma personagem, mas os eventos de ME: Catalyst não nos leva ao que aconteceu no ME original. Nós estamos contando a origem da Faith, como ela se torna essa pessoa que toma a posição de lutar contra um regime opressor.
CH: Por que demorou tanto para se fazer um novo jogo?
SJ: Na verdade, nós não estivemos desenvolvendo o jogo logo após o lançamento do primeiro jogo. Levou um tempo até percebermos que havia uma demanda por ele. Não foi como se tivéssemos começado a trabalhar num novo jogo no dia seguinte. Nós vimos com o tempo que muitas pessoas realmente gostaram do jogo. Elas continuaram jogando-o e perguntando para nossa equipe quando um novo ME seria lançado. Foi então que percebemos que as pessoas realmente gostariam que um novo ME fosse lançado. Assim, nós conseguimos reunir um time que estava realmente engajado em trabalhar num novo título para série, daí começamos a pensar no que teríamos que fazer para criar o melhor ME possível e levamos nossas ideias para os executivos da DICE e, surpreendentemente, eles acabaram decidindo correr o risco de lançar o jogo. E agora, nós estamos trabalhando nele por mais de três anos. Assim, o tempo que levou para nos darmos conta da demanda por um novo ME mais o tempo que levamos para produzi-lo, justificam o tempo que ele está levando para ser lançado. Nós não somos a maior equipe da DICE, mas sim um time pequeno com um tempo maior dedicado ao desenvolvimento.
CH: Por que Catalyst?
SJ: A Faith, no jogo, não toma as atitudes apenas por vontade própria. Ela começa o jogo mais como uma jovem e despreocupada free runner, mas então, algumas de suas ações causam uma cadeia de eventos que levam aos acontecimentos do jogo e, por conta disso, ela meio que se torna a catalisadora das mudanças na cidade. Ela não é a heroína tradicional, mas sim a catalisadora do fato de as pessoas se darem conta das coisas obscuras que acontecem pela cidade.
CH: Todos, incluindo a mim, gostaram do vídeo de gameplay mostrado na Gamescom. Vocês esperavam uma resposta tão boa?
SJ: Na verdade o resultado foi bem melhor do que eu achei que seria. Visto que é realmente um desafio mostrar o jogo assim, ainda que seja uma versão editada de uma missão inicial do jogo, você sempre fica preocupado se as pessoas não vão gostar do que viram. Talvez não tenha sido um vídeo tradicional de gameplay, pois ele é repleto de ação em alta velocidade, exploração, puzzles e slow motion, e isso é um pouco diferente, por isso eu estava um pouco receosa de que as pessoas talvez o achassem entediante, mas parece que as pessoas realmente gostaram dele, assim como eu, e isso me deixa muito feliz.
CH: Quais foram os maiores desafios em relação ao desenvolvimento do jogo? Quer dizer, é um jogo de mundo aberto, então devem ter havido vários desafios a serem superados.
SJ: Eu diria que a criação da cidade, pois ela precisa ser uma cidade onde se possa jogar, mas que seja bonita e seja vista como um lugar que poderia existir no mundo real. Então, eu diria que esse é o maior desafio: como criar um lugar onde você pode correr para todos os lados? Foi interessante trabalhar junto com a equipe de lever art e level design, as quais criaram os locais por onde Faith passa. Inclusive, chegamos ao ponto onde os artistas e designers trabalhavam juntos para evitar que o design priorizasse apenas a diversão e deixasse o aspecto de realidade de lado, e vice versa, ou teríamos que refazer tudo. Por isso, a colaboração entre os times era muito importante.
CH: O que você tem a dizer sobre a maneira que as mulheres são retratadas nos jogos? Visto que a Faith não é uma personagem feminina comum, ela é a personagem principal, ela é forte como um todo, tem personalidade, e não é apenas mais um sex symbol.
SJ: Na verdade isso é parte do motivo pelo qual eu amo a Faith, ela é durona, e eu realmente gosto do fato de que eu me identifico com ela, por ela ser uma mulher atlética e interessante, eu quero dizer, ela não faz as coisas que faz por ninguém mais, mas sim por si mesma, então, eventualmente, ela começa a se importar com os demais habitantes da cidade. Eu também gosto do fato de que ela não usa armas nem superpoderes, tudo se trata dela e de suas habilidades de runner e artista marcial. Essas são as coisas que eu mais gosto com relação a ela.
CH: Nós vamos poder jogar ME: Catalyst com óculos VR? Isso seria incrível.
SJ: Estou muito animada com relação à tecnologia VR, eu já testei algumas vezes, eu acho que funciona muito bem com VR. Mas, no momento, nós estamos focados apenas em fazer o melhor jogo possível. Vamos ver quais novidades podem surgir até o jogo ser lançado.
CH: Por que vocês decidiram que a Faith não iria mais usar armas?
SJ: Quando olhamos para o primeiro jogo, vimos que algumas coisas não funcionaram muito bem. Uma delas foi o uso de armas. Então, quando você está usando uma arma você deve parar para poder usá-la da forma correta, e isso atrapalhava na fluidez do jogo. Por isso, para o ME: Catalyst, nós resolvemos desenvolver esse modo de combate onde você combina seus movimentos com ataques, fazendo assim eles parecerem apenas uma extensão dos movimentos.
CH: Como o multiplayer vai funcionar?
SJ: Nós não estamos falando muito sobre o multiplayer no momento. Nós temos um componente online que permite que você compita com seus amigos, mas não falaremos sobre ele agora, mais detalhes serão divulgados antes do lançamento do jogo.
CH: Vocês já estão planejando o próximo ME?
SJ: Eu adoraria fazer mais jogos do ME. Por enquanto nós vamos ver como esse jogo se sai. Nós temos muitas ideias, mas precisamos ver o que vai acontecer antes disso.
CH: Finalizando, você tem alguma mensagem para os fãs brasileiros do jogo?
SJ: Eu fico feliz em saber que há tantos fãs do jogo assim no Brasil. É um mercado do qual eu conheço pouco, mas pretendo aprender mais sobre. Eu realmente espero que eles gostem do jogo, afinal ele é realmente o ME: Catalyst que nós gostaríamos de ter feito. Acredito que vai ser excitante saber o que todos vão achar do jogo quando ele finalmente for lançado em Fevereiro. Então, por favor, façam parte da comunidade, através do nosso canal, site, Twitter e Facebook. E nos digam o que vocês têm em mente, porque isso é muito motivador.
Mirror’s Edge: Catalyst será lançado em Fevereiro para Xbox One, PC e PS4.
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