Rolou no ultimo domingo(30/03) em São Paulo capital a estréia oficial da primeira expansão de Diablo III, o Reaper of Souls na escola Saga, unidade de games em Santo Amaro, que contou com 300 fãs no local.
Além de tudo que o evento ofereceu, tivemos a presença do líder da equipe de tradução de tudo que a Blizzard inventa e vem parar no Brasil, ou seja, TUDO que eles fazem. Elton, além de apresentar uma bela palestra sobre tradução de games, também cedeu uma entrevista exclusiva para nós do Critical Hits.
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Critical Hits: Elton, você é o tradutor chefe da equipe de tradução dos jogos da Blizzard?
Elton Mesquita: Exato. Eu lidero uma equipe de tradutores, e basicamente o pessoal faz a tradução, eu também traduzo, mas um pouco menos, e principalmente avalio a consistência e o estilo dos textos.
CH: Vocês são os tradutores que trabalham para a própria Blizzard, ou é um serviço terceirizado?
EM: Eu tenho uma empresa chamada Reverb Localização, e no Brasil somos nós que oficialmente pegamos todos os trabalhos da Blizzard, como games e livros. Recebemos todo o material deles e fazemos a versão em português.
CH: Há quanto tempo você trabalha com isso?
EM: Há três anos com games. Antes disso eu fazia traduções técnicas, e há três anos começamos com World of Warcraft e passei a trabalhar só com games da Blizzard.
CH: Então Diablo III não foi seu primeiro trabalho com games?
EM: Não, começamos com WoW, e também StarCraft II, a partir da expansão Heart of the Swarn, e a partir de então tudo que a Blizzard lança vem para a nossa mão para fazermos as traduções.
CH: Qual a maior dificuldade na hora de traduzir um jogo?
EM: Existem duas coisas, e a primeira delas é a expectativa das pessoas em relação à tradução, pois o mercado nacional não está tão acostumado com a modalidade de tradução de jogos, e o pessoal primeiro foi um tanto quanto hostil à idéia, principalmente em relação a nomes de locais e personagens, mas logo em seguida a galera começou a perceber que o trabalho ficou tão maneiro, que começaram a defender a tradução em foruns, e hoje é bem mais amigavel à idéia. A outra parte é consistência que se deve manter com o jogo. Temos sempre que ficar consultando materiais para não gerar inconsistência, mas no geral o trabalho é similar à tradução de um livro.
CH: A Blizzard da uma liberdade maior para vocês atuarem na tradução, ou há muitos requisitos e padrões a serem seguidos?
EM: Essa é uma coisa muito legal de se trabalhar com a Blizzard. Quando recebemos o material em inglês, uma das diretrizes basicas que eles pedem é que o jogador brasileiro em sua experiência final se sinta como se o jogo tivesse sido feito no Brasil, e a partir daí a liberdade de tradução é muito grande. A Blizzard barrou muitas poucas idéias. Uma das coisas que eles barram um pouco é o lance de usar palavrões, mas as vezes é inevitável isso e o próprio jogo pede, como é o caso de StarCraft, que todo um lance mais militarista e muitos personagens boca-suja. A faixa etária também é sempre respeitada na hora de fazer a versão brasileira.
No geral não há uma regra. As vezes coisas que nós achamos que ficaram pesadas e com certeza não serão aprovadas, acabam passando, e outros materiais mais leves acabam ficando de fora.
EM: Eu participo como usuário somente. As normas impedem que eu entre em contato com os jogadores, mas apenas de observar já tem o retorno o suficiente de como está a aceitação, ou dicas do que melhorar para próximos projetos.
CH: Elton, muito obrigado pela participação com a gente.
EM: Obrigado.
Viram o grande trabalho que é a tradução de um jogo, para que você, leitor e jogador possa desfrutar da experiência do jogo em versão brasileira? Vale a pena prestar atenção em cada detalhe do grande trabalho desses profissionais.
Elton, todos nós do Critical Hits agradecemos sua participação, e esperamos vê-lo em breve em mais eventos sobre diversos jogos e com mais dezenas de traduções.
E você? O que achou? Não deixe de participar! Vá aí abaixo e deixe seu comentário pra gente.
Até a próxima!