InícioEntrevistasEntrevista Gustavo Nader – Diretor de tradução da Blizzard no Brasil

Entrevista Gustavo Nader – Diretor de tradução da Blizzard no Brasil

Rolou no ultimo domingo(30/03) em São Paulo capital a estréia oficial da primeira expansão de Diablo III, o Reaper of Souls na escola Saga, unidade de games em Santo Amaro, que contou com 300 fãs no local.

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Entre os convidados especiais, estava “in situ” o diretor de dublagem da Blizzard do Brasil que também atuou em algumas vozes dentro do jogo Diablo III, ator, dublador dono da voz de Leonard em Big Bang Theory, e também piadista infame – o mais infames de todo o mundo dos games, sem dúvida – Gustavo Nader, que além de sua maravilhosa palestra no evento, também concedeu uma entrevista exclusiva para nós do Critical Hits.

Critical Hits: Gustavo, há quanto tempo você é diretor de dublagem da Blizzard?

Gustavo Nader: eu comecei com o Diablo III, e depois fiz o Wow 4.3 em diante, StarCraft II – Heart of the Swarn e Hearthstone.

CH: Você pode falar um pouco sobre o geral das traduções para a Blizzard?

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GN: Posso sim. Nós fizemos o Diablo III, e no meio das gravações surgiu a versão 4.3 de WoW, que era o final do Cataclisma que utilizam linguagens diferentes. O Diablo tem um clima mais sombrio, medieval e mais serio e com mais comprometimento com o texto no sentido de que temos que passar pro jogador como se ele realmente se sentisse deslocado para o passado, e em World of Warcraft temos um compromisso maior com a fantasia e até mesmo com a própria proposta cartunesca do jogo. StarCraft já é atuado mais como algo mais cotidiano da gente, né? E Hearthstone é uma deliciosa brincadeira.

CH: Antes de trabalhar com a Blizzard, você já tinha experiências anteriores com jogos?

GN: Eu já tinha feito a dublagem do Guilty Spark em Halo e o próprio Goblin Hero de Wow, antes de ser diretor.

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CH: Como diretor, você ajuda na preparação dos atores?

GN: Muito! Quando você trabalha com um jogo, é difícil porquê não tem a visualização da obra, trabalha somente com um arquivo de áudio, então qual a minha maior preocupação? É conseguir fazer o ator visualizar e vivenciar aquela experiência, então tudo que eu puder fazer para auxiliar ele (o ator), para que o áudio fique crível, contagiante e que as pessoas se emocionem com aquilo eu faço.

CH: Você aprova as traduções, ou do jeito que elas vêm vocês trabalham?

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GN: A gente tem um longo processo. A equipe de tradução manda, a gente conversa muito, nós temos um espaço para improvisação… Toda a coisa é muito bem delineada pra gente poder fazer o melhor trabalho possível.

CH: Quando a Blizzard envia os áudios, vocês tem uma liberdade maior para manuseio dos scripts, ou é imposto padrões?

GN: A gente tem uma variação por tido de disparador de arquivo de áudio. Tem arquivo que pode execeder o tamanho do original, ou então passar um pouco do tempo, tem outros que não, e alguns que tem que ser exatamente iguais à versão americana, mas no geral temos uma certa liberdade de trabalho.

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CH: O trabalho para Reaper of Souls, além do novo ato e novos NPC’s, também envolveu muito áudio e falas de todos os atos anteriores, como a interação do personagem com outros NPC’s do jogo. Foi necessário uma re-preparação dos antigos dubladores? Como foi o trabalho?

GN: Não, aí já estava mais tranquilo. Apesar de já ter passado algum tempo, nós reavivamos algumas experiências e alguns dubladores vieram com algumas propostas novas que foi bastante interessante pra obra.

CH: No total, deram quantas horas de áudio?

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GN: No total, juntando Diablo III e a expansão Reaper of Souls, mais de 500 horas de áudio.

CH: Qual foram as maiores dificuldades na hora de trabalhar com Reaper of Souls?

GN: Fazer a introdução de novos atores, a adaptação deles na hora de trabalhar. Você tem textos diferentes, situações diferentes, heróis diferentes, então cada coisa que você faz é um desafio diferente.

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CH: Antes mesmo do jogo lançar você ja tem todo o script na sua mão e já sabe de tudo que vai rolar. Isso não acaba com um pouco da graça na hora de experimentar o game?

GN: De jeito nenhum, eu to jogando ainda. E é mais interessante ainda. Você vai jogando e lembrando: poxa, essa fala aqui foi tau situação, essa aqui poderia ter ficado melhor, não sei. Então você começa a analisar tua obra, sempre buscando naquilo que você pode melhorar.

CH: Essa inclusi era minha próxima pergunta. Como você se sente jogando e vendo seu trabalho?

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GN: Eu começo a lembrar o que o ator fez, como que eu fiz o processo pra ele. Começo a averiguar o que aconteceu naquele momento. O que eu poderia ter melhorado no processo? Eu sempre falo que meu melhor trabalho é meu próximo.

CH: Existem trabalhos de tradução de games que você sita como referências no ramo?

GN: Cara, GTA V. Ta muito bem feito, e eu acompanhei o trabalho. Você vê que teve uma liberdade para ser feito.

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CH: O trabalho de dublagem de jogos já vem sendo feito no Brasil há um longo tempo, mas só agora que a coisa toda está mais popular, e cada vez mais estão surgindo jogos que utilizam o serviço. Como é a recepção do público com isso?

GN: Eu acredito que seja como qualquer outro produto dublado. Se é bem feito,as pessoas recebem de fomar positiva, e se é mal feito as pessoas recebem de forma negativa. É igual você ver um filme bem dublado, ou um filme mal dublado.

CH: E o feedback da tradução de Diablo III foi positiva?

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GN: Ah sim. Pra você ter uma idéia, após o lançamento do jogo nós tivemos um feedback de 98% de comentários positivos em relação a dublagem no site da própria Blizzard.

CH: Já fechou o Diablo III, incluindo o Reaper of Souls?

GN: Claro. Eu já fechei com todas as classes, menos com o Cruzado. Mas já estou no terceiro ato com o personagem novo. Com meu arcanista já fechei todos os atos, incluindo o quinto.

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CH: Tirando o estilo de Diablo, quais outros você gosta? Tem algum predileto?

GN: Cara, eu gosto muito daqueles jogos de ação que você tem que pensar nas soluções e futebol.

CH: PES ou Fifa?

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GN: Fifa!

CH: Valeu pela participação aqui com a gente, Gustavo.

GN: Valeu vocês, pessoal.

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E essa foi a excelente entrevista com o queridíssimo Gustavo Nader, que ainda insiste em soltar mais piadas infames aqui e ali, que, sendo boas ou péssimas, sempre acaba arrancando gargalhadas de quem está em volta. Para complementar a história toda, não da pra deixar de citar que o trabalho de direção dele rendeu um prêmio do Uol Jogos.

Parabéns Gustavo! Eu e o restante da equipe do Critical Hits agradecemos sua participação, e esperamos vê-lo novamente em breve, na direção de mais traduções e em mais eventos e entrevistas.

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E você aí, nosso caro gamer e leitor, não deixe de participar e comentar a entrevista logo aí abaixo.

Até a próxima!

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