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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos – Review

Ciente da maldição que imperava nos filmes baseados em jogos há dez anos e que ainda hoje é forte, a Blizzard apostou alto anunciando uma adaptação de um jogo histórico como Warcraft para os cinemas. Havia motivos para crer que este seria mais um a sucumbir a maldição, e motivos para acreditar que Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos colocaria fim a ela. Qual dos dois aconteceu? Nenhum na verdade.

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Vamos analisar o filme de duas formas para ser o mais justo possível com os fãs e com aqueles que nunca jogaram nenhum jogo da franquia, mas que adoram um bom filme. Primeiro falaremos da adaptação, uma explicação que tem o oferecimento de João Alberto Chaves Filho.

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos é baseado no primeiro jogo da franquia de jogos para computador da Blizzard Entertainment, Warcraft: Orcs & Humans. O jogo narra a luta entre Humanos e Orcs, duas raças inimigas que se enfrentam por um motivo em comum: Azeroth. O mundo em que os Orcs viviam, Draenor, morreu, e eles querem fazer de Azeroth seu novo lar, extinguindo a espécie que lá vive. É aí que entram os humanos, que buscam defender seu mundo desta ameaça. Uma premissa simples.

Esta é a mesma premissa do filme, que é apresentada no primeiro ato de maneira bem clara, introduzindo personagens importantes para o desenvolvimento dos dois lados e da história também. O filme faz uma divisão, mostrando o ponto de vista dos Orcs e dos Humanos e, pelo menos no início, apresenta os Orcs como os vilões da parada.

É dada maior importância para estas duas raças, mas muitas outras são apresentadas em segundo plano para que os fãs do jogo saibam que o filme é realmente baseado em Warcraft. Easter eggs estão presentes aos montes e até algumas piadas que rolavam entre os jogadores são retratadas na tela.

Em relação à fidelidade ao material original, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos é simplesmente perfeito. As armaduras largas com cavaleiros minúsculos dentro delas, as armas, os personagens e diferentes raças, as características dos principais Orcs e as localizações são um deleite para os fãs dos jogos.

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A qualidade visual do filme é muito, muito boa, tanto na ambientação dos personagens, na escolha dos cenários e até na escolha da paleta de cores que é bem diversificada e divide cores específicas entre personagens e elementos específicos. O CG é não só o melhor que a Blizzard já produziu, mas um dos melhores que já vi em filmes do gênero. Em algumas cenas somos capazes de perceber a artificialidade em algumas cenas com humanos e Orcs juntos, mas isso não interfere em nada na qualidade.

Fan service é o que não falta no filme e ele começa já na primeira cena do longa, uma alusão clara às CGs de abertura dos jogos. Se você é um daqueles que passou incontáveis horas na frente do computador defendendo a aliança ou a horda, se você foi ao cinema apenas com o service em mente, comemore, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos foi feito para você.

E mesmo sendo uma ótima adaptação, o filme peca muito na parte técnica, o que justifica tantas reclamações. Falaremos dela a seguir:

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(L to R) Orc chieftain Durotan (TOBY KEBBELL) leads his Frostwolf Clan alongside his second-in-command, Orgrim (ROB KAZINSKY), in Legendary Pictures and Universal Pictures’

Começando pelos personagens, vários deles têm papéis genéricos que certamente já vimos semelhantes e melhores em outros filmes do gênero. Rei Llane Wrynn (Dominic Cooper) é só mais um rei que tem seu reino ameaçado, Khadgar (Ben Schnetzer) é o “aprendiz de feiticeiro” prodígio que não se acha pronto para assumir um posto maior, Garona Halforcen (Paula Patton) é a mestiça que não se encaixa em nenhum dos lados. Num universo como esse, onde cada personagem tem sua história e características únicas, é inconcebível um deles não ter identidade própria e ser apenas um arquétipo cumprindo seu papel no filme.

O trabalho dos atores, com exceção de Paula Patton, é ruim no geral. As atuações são bem pouco convincentes e a de alguns em especial incomodam bastante. Não creio que Dominic Cooper seja realmente um rei, sendo que apenas uma ação sua no filme todo justifica isso; já Anduin Lothar (Travis Fimmel), o grande protagonista, destoa do restante do filme, com uma atuação mais cômica, sendo que todo o resto apela para a seriedade. Paula Patton consegue driblar suas mandíbulas extravagantes e entrega uma adaptação muito boa, que quase me fez crer que ela realmente nasceu verde.

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Por incrível que pareça, os melhores personagens são aqueles que não são interpretados por atores. Durotan (Toby Kebbell) é um personagem espetacular. Podemos perceber com clareza suas emoções, sua “atuação” é convincente e ele realmente parece um Orc real. O ator que empresta sua voz a ele também vai muito bem, captando sempre a atmosfera das cenas.  Os demais Orcs, Gul’dan (Daniel Wu), Orgrim Doomhammer (Joseph Kvietinski) e Blackhand (Clancy Brown) não ficam para trás e fazem jus ao espírito dos Orcs do jogo, embora os demais não façam o mesmo com seus papéis.

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O problema das más atuações dos atores é que isso prejudica diretamente a imersão do filme. A maioria dos diálogos entre humanos são um verdadeiro porre, nada que acrescente algo que o público não saiba ou já não tenha previsto. O segundo ato é cheio de diálogos, ou seja, ele se arrasta quase que por completo e não só prejudica a imersão como impede que o espectador entre na fraca atmosfera do filme.

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O segundo ato, aliás, é previsível do início ao fim. É muito fácil saber o que vai acontecer a seguir, quem vai mudar de lado ou o que tal personagem vai fazer, e não é necessário nem ter jogado algum Warcraft. Estes problemas fazem com que Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos tenha cara de mais uma fantasia genérica sendo que se não fossem os personagens únicos do jogo seria fácil alguém chegar e perguntar “esse aí é um novo Nárnia?”.

A trilha sonora do filme é muito boa e provém dela o mínimo de imersão que o filme oferece. Ela tenta criar aquele sentimento de estarmos assistindo uma coisa épica, sentimento que temos quando estamos jogando, e só não consegue porque estamos apenas assistindo e não fazendo parte daquilo como é nos jogos.

Os combates também são muito bem feitos e lindos de se ver. As lutas são convincentes e são um ótimo alívio no meio dos diálogos sem sal. Infelizmente o filme não é justo balanceando Humanos e Orcs, o que ajudaria muito na emoção das batalhas fazendo cada espectador torcer para um dos lados.

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos desenvolve uma série de subplots para as continuações que certamente virão, mas o que falta neste desenvolvimento é ser o famoso noob friendly. Mesmo com uma história simples, o longa apresenta muitas informações importantes que são jogadas na tela uma atrás da outra e embora sejam entendidas automaticamente pelos fãs do jogo, não são justas com aqueles que não são fãs, deixando dúvidas que não deveriam existir.

Então este é um filme feito apenas para os fãs? Não. Caso você assista de forma despreocupada e sem prestar atenção nos mínimos detalhes das atuações pode até se divertir com o filme assim como se divertiria com qualquer outro blockbuster lançado recentemente, já se você for um Blizzboy, amará o filme do início ao fim, o que significa que o propósito inicial de Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos foi cumprido.

Resumo para os preguiçosos

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos é uma ótima adaptação de um jogo e um filme não tão bom assim. Ele arrasa nas referências, ambientação e fidelidade, além de possuir CG com uma qualidade absurda. Infelizmente peca em diversos aspectos técnicos como imersão, desenvolvimento da trama e apresentação de personagens e elementos do jogo para leigos, além de atores com atuações bem abaixo do esperado.

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É um filme que agradará fãs da Blizzard e de seus jogos, e também àqueles que gostam de fantasias no estilo Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia ou qualquer outra que venha a sua mente. Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos não sucumbe à maldição dos filmes baseados em jogos, mas passa bem próximo da borda, e mesmo assim deixa um caminho promissor para o que vem a seguir.

Não possui cena pós créditos.

Nota final

60
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • CG com qualidade extraordinária
  • Fiel ao jogo
  • Orcs são o principal destaque
  • Easter eggs e muito fan service
  • Bons combates

Contras

  • Atuações ruins e pouco convincentes
  • Informações mal-explicadas para aqueles que não são fãs
  • Diálogos pouco importantes
  • História muitas vezes previsível
  • Personagens genéricos
  • Pouco imersivo
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.