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Star Wars: Jedi Fallen Order – Review

Sentir saudades da década de 90 parece estar na moda ultimamente. Tudo parecia muito melhor naquela época principalmente para quem teve a oportunidade de viver a saudosa e tenra infância, neste período.

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A verdade é que naquela época os programas infantis eram mais divertidos, os dias eram mais leves… e os jogos de Star Wars eram muito melhores – ou pelo menos eram muitos.

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A quantidade de jogos baseados em Star Wars diminuiu a níveis assustadores nos últimos 10 anos. Além disso, com a aquisição da LucasArts pela Disney, todo esse processo ficou ainda mais confuso, já que a propriedade intelectual para desenvolvimento de jogos foi parar de – alguma forma, na mão da Eletronic Arts.

Depois de um promissor Star Wars: 1313 cancelado, e dois lançamentos bastante problemáticos referentes à Battlefront 1 e 2, não é de se espantar que a fanbase de Star Wars esteja irritada e muito, mas muito insatisfeita. Por isso, o pessoal da Respawn tinha uma única e derradeira missão: fazer com que Star Wars: Jedi Fallen Order fosse no mínimo, bom.

Indo direto ao ponto, na minha opinião Star Wars: Jedi Fallen Order surpreende por ser melhor do que eu esperava. Mas, vale dizer que não criei (quase) nenhuma expectativa em cima do jogo. Não acompanhei nenhum trailer, não vi um teaser de gameplay sequer e sinceramente acreditava que este jogo seria somente um tapa buraco desenvolvido com a intenção de não permitir que os direitos da série fossem parar nas mãos de outras desenvolvedoras.

Mas não dá pra negar que a proposta soava maravilhosa: finalmente saberíamos o que tinha acontecido após a proclamação da Ordem 66, aquela responsável por acabar com os Jedi e de quebra, com a República.

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Talvez a fim de minimizar qualquer possibilidade de erro, a Respawn parece ter tomado a decisão de sustentar o enredo do game com mecânicas conhecidas e bastante populares, quase que tentando mostrar que fez tudo que podia para não pisar na bola. Portanto, dá pra dizer que os pilares principais de Star Wars: Jedi Fallen Order são Dark Souls, Metroidvanias e pequenos toques de Uncharted, pra dar aquela quebrada.

Outro sustento que dá firmeza à Jedi Fallen Order é o roteiro, que de tão bem construído, poderia muito bem ser adaptado para o cinema. Tudo gira em torno de Cal Kestis (Cameron Monaghan ), um padawan que ainda muito jovem teve de enfrentar os efeitos da Ordem 66 e mascarar suas ligações com a força a fim de permanecer escondido dos olhos do Império. Após uma série de eventos desafortunados, Cal acaba iniciando uma jornada a bordo da Mantis, com seus companheiros Cere Junda (Debra Wilson) e Greez Dritus (Daniel Roebuck), para restaurar a Ordem Jedi e combater os avanços do Lado Negro pela Galáxia.

Num primeiro momento o enredo pode soar sem sal e batido para qualquer fã de Star Wars. Afinal, um jovem sem muita perspectiva mas com grande potencial acaba numa jornada para salvar a galáxia e derrota uma grande força militar com um sabre de luz, uma nave espacial e meia dúzia de companheiros, é quase que o mote da franquia. Mas apesar de tudo, a história é muito bem contada e justifica a si mesma. Todas as reviravoltas fazem sentido e até mesmo os personagens que nunca deram as caras na série parecem possuir bons motivos para nunca terem tido grande importância – até então.

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Em termos de jogabilidade, os elementos de Dark Souls são plenamente visíveis e talvez a inspiração mais presente no jogo todo. Além do combate mais cadenciado e exigente, o jogador encontrará uma grande quantidade de locais onde é possível meditar e recuperar seus atributos, com a condição de que todos os inimigos do mapa voltam a aparecer. Também é meditando que se distribuiu os pontos de habilidades e se recupera a quantidade de estimulantes – pequenos frascos que recuperam a vida.

Como já citado, o combate também necessita de um pouco mais atenção por parte do jogador, diferenciando-se dos antigos jogos da série que somente exigiam descer o braço no botão do mouse e girar a câmera para avançar sobre os inimigos.

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Jedi Fallen Order obriga o jogador a prestar atenção no oponente, alternando entre momentos de ataque e defesa. Cada acerto conta para desestabilizar a pose do adversário, e um pequeno deslize pode acabar sendo a diferença entre a vida e a morte.

Elementos mais modenos de jogos da From Software também podem ser obsevados, como é o caso das mecânicas de Parry. Dominar o momento preciso de apertar o botão de defesa não é essencial para se vencer o oponente, mas facilitará – e muito! – até mesmo os confrontos mais triviais.

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As batalhas contra os chefes do jogo exigem ainda mais atenção, principalmente no que diz respeito à identificação de padrões de movimento – essenciais para se encontrar brechas na defesa e causar danos à barra de vida adversária. Mas apesar de tudo, a dificuldade de Star Wars: Jedi Fallen Order pode ser personalizada de acordo com as habilidades de cada um, permitindo que mais pessoas possam se aventurar por ai, mesmo que nunca tenham visto jogos do tipo na vida.

Alguns confrontos são mais memoráveis que outros, mas é divertido ter de se adaptar à cada um dos desafios. Enquanto alguns chefes possuem um comportamento mais previsível e exigem maior foco, outros são mais erráticos e protagonizam batalhas épicas, dignas do último God of War. Independente de qual sejam as suas preferidas, garanto que todas elas são desafiadoras e divertidas o bastante para fazer valer a pena.

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O fato ̩ que at̩ mesmo um simples inimigo pode te derrotar Рcaso voc̻ ṇo preste aten̤̣o no que esta fazendo, e considerando que Cal ainda ̩ apenas um Padawan, o estilo de jogo se adequa perfeitamente ao enredo criado para o personagem.

Os adversários mudam a cada novo planeta visitado e certos locais específicos possuem inimigos mais poderosos e itens escondidos. Todavia, é importante frisar que diferentemente dos jogos da From Software, a única recompensa obtida dos chefes é experiência e os tesouros resumem-se à modificações estéticas na nave Mantis, nas roupas de Cal Kestis ou na aparência de BD-1.

Este inclusive, é o ponto alto do jogo pra mim. O simpático Dróide BD-1 consegue ser um personagem que além de essencial à trama – devido a suas habilidades importantíssimas, acaba sendo sua principal companhia durante toda a jornada. O pequeno e fiel robô acaba não permitindo que a jornada seja tão solitária, algo bastante presente em jogos anteriores da franquia.

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Como você já deve esperar após eu ter mencionado a palavra “metroidvania”, os mapas do jogo possuem regiões que só podem ser acessadas após a obtenção de alguma habilidade específica. Algumas vezes, tais habilidades requerem que Cal redescubra algumas habilidades esquecidas através do fortalecimento de sua conexão com a força novamente, enquanto outras dependem pura e exclusivamente do melhor personagem do jogo, BD-1.

Apesar dessa característica favorecer a exploração – algo que eu particularmente aprecio demais em qualquer jogo, o deslocamento entre os pontos do mapa não é algo muito prático, já que é necessário ficar andando de um lado para o outro para chegar em locais de interesse. O mapa, apesar de extremamente detalhado, pode por vezes confundir devido à tonalização de cores utilizadas, mas nada que torne o gameplay sofrido.

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E por falar em exploração, nada mais justo do que falar dos elementos que me fizeram considerar Fallen Order como sendo um “Uncharted com Sabre de Luz”. Assim como no popular game da Naugthy Dog, são vários os segmentos em que o desafio deixa de ser o combate, para dar lugar à uma exploração… não ortodoxa.

Com isso, eu quero dizer que existem vários momentos onde o jogador deve se aproveitar do cenário para encontrar rotas alternativas em suas explorações, além de resolver alguns pequenos quebra cabeças pelo caminho. Não é necessário ser nenhum gênio para se aventurar por aqui, mas é interessante ver como as diversas mecânicas conversam.

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Talvez um dos aspectos mais interessantes do jogo seja justamente como a combinação entre diferentes mecânicas parecem funcionar naturalmente. Jedi Fallen Order acaba te apresentando um produto do que deu certo em outros grandes títulos, ao invés de um amalgama de dinâmicas, como estamos acostumados a observar em jogos da Ubisoft.

Apesar de não possuir sistema de loot ou qualquer coisa parecida, o jogo acaba te oferecendo algumas opções de personalização que, apesar de superficiais, divertem e dão sentido a exploração dos mapas.

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Como um fã de longa data de Star Wars, eu sempre sonhei em poder montar meu próprio lightsaber. Em Jedi Fallen Order, você pode fazer exatamente isso, com peças encontradas pelo mapa. É possível escolher até mesmo a cor da lamina de luz, o que acaba sendo muito mais legal do que parece.

Ademais, não são oferecidas muitas opções de personalização que valham a pena se comentar. Confesso que esperava algo mais no nível “Mass Effect” – principalmente no que diz respeito a modificações cosméticas, mas esse não é o único aspecto do jogo que deixa a desejar.

O interior da Mantis também parece ter sido finalizado as pressas, apesar de ter grande potencial. A Normandy de Mass Effect, por exemplo, fazia dois papeis principais: era o local onde você melhorava seus equipamentos e onde você desenvolvia suas relações pessoais com os demais membros da sua equipe.

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Nada disso esta presente na Mantis. Apesar do jogo não possuir equipamentos – nem oferecer a possibilidade de interações com os NPC’s da mesma forma como observamos em RPG’s, algumas atividades parecem ter sido colocadas na nave para preencher lacunas e dar maior significado ao retornar para a nave. O quarto onde Cal se aloja não possui mais do que um local para meditação e personalização do lightsaber e a falta de função da Mantis acaba tornando a nave sem personalidade.

Isso, para um jogo baseado em Star Wars, onde naves tem tanta (ou mais) influência do que alguns personagens, é um verdadeiro disparate.

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Apesar de tudo, os diálogos entre os personagens são bem interessantes e completos. Todo mundo sempre parece ter algo novo para falar, principalmente após o acontecimento de eventos importantes.

Para escrever esta análise, foi utilizada a versão do jogo para PS4 e confesso que não me senti satisfeito com a performance do game. Mesmo este rodando em 2160p, meu PS4 Pro deu algumas engasgadas preocupantes. Também me irritei várias vezes com os longuíssimos tempos de loading que quebravam completamente o ritmo entre uma morte e outra. Meu conselho pessoal é que, caso você vá jogar Star Wars: Jedi Fallen Order nos console, mantenha o modo performance ativo. É nítida a mudança de desempenho e você não terá mais tantos problemas em acertar os parrys de primeira.

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A melhor definição para Star Wars: Jedi Fallen Order é que talvez ele não seja o título épico mais memorável dos últimos tempos, mas o suficiente para agradar os fãs e garantir um bom jogo da série nesta geração. Apesar dos seus problemas de performance e da presença de algumas lacunas aqui e ali, o jogo consegue divertir e entreter através de uma história muito bem escrita, aliada à boas mecânicas e divertidos desafios.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PS4 Pro comprada pelo site.

Resumo para os preguiçosos

Star Wars: Jedi Fallen Order é a nova tentativa da EA em apresentar um bom jogo baseado na série. E dessa vez, ela conseguiu. Um bom enredo aliado à uma sólida mecânica de gameplay, tornam o game um retumbante retorno de Star Wars ao cenário de jogos, provavelmente abrindo espaço para novas incursões num futuro próximo.

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Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Enredo bem escrito e história cativante
  • Boa combinação de mecânicas inspiradas em outros jogos
  • Dublagem e atuação dos personagens

Contras

  • Performance abaixo do ideal
  • Sistema de personalização poderia ser melhor explorado
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.