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Preacher – 1ª Temporada – Review

Preacher sempre foi uma HQ vista como praticamente impossível de se adaptar em uma série, talvez devido à sua brutalidade, temática possivelmente polêmica e não muito crível ou simplesmente pela mistura de personagens nada convencionais. E mesmo com tantas dificuldades, a AMC, que já adaptou para nós The Walking Dead, assumiu a responsabilidade, juntou-se com o escritor e o co-produtor de Breaking Bad e trouxe toda a magnitude e bagunça de Preacher ao público de uma forma simples e satisfatória.

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Preacher conta a história de Jesse Custer (Dominic Cooper), um padre desiludido de uma cidadezinha no interior do Texas com um passado conturbado e nada de acordo com seu posto sagrado. Inexperada e inexplicavelmente, Jesse acaba entrando em contato com uma força celestial chamada Genesis que dá a ele o poder de obrigar qualquer um a fazer o que ele disser. Como um bom padre, Jesse planeja salvar pessoas com seu poder “divino”, mas as coisas não são tão simples assim.

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Dominic Cooper as Jesse Custer - Preacher _ Season 1, Pilot - Photo Credit: Lewis Jacobs/Sony Pictures Television/AMC

A releitura do Jesse Custer dos quadrinhos é feita por Dominic Cooper de modo brilhante, que diferentemente de sua última péssima atuação em Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos, consegue transmitir o incômodo de Jesse consigo mesmo, o sentimento de saber que é um padre ruim, e não só por cair de bêbado todo dia e fumar pelos cotovelos, mas por tudo o que já fez, pela falta de visão do que há pela frente e por sua falta de autocontrole para se manter como um padre.

Jesse ainda conta com algumas companhias nada normais como sua ex-atual amante Tulip O’Hare (Ruth Negga) que pode ser exemplificada com a frase “cagando e andando para o mundo”; Cassidy (Joe Gilgun), um vampiro de origem irlandesa que acaba tornando-se o melhor amigo do padre e Eugene “Cara de Cu” Root (Ian Colletti) que, bem, o nome já define. Estes são os personagens principais, mas eu poderia citar vários outros que se destacam nesta primeira temporada e que agradam tanto quanto as grandes estrelas.

Cada um dos habitantes de Annville tem algum problema ou é traumatizado de alguma forma, o que somado às maravilhosas atuações de cada um deles, faz com que o espírito da HQ torne-se crível de uma maneira que seria impossível de se imaginar se não estivéssemos vendo tudo. Personagens dispensáveis não recebem tempo demasiado em cena, o que ajuda o show a ter um bom aproveitamento dos dez episódios e desenvolver aqueles que realmente importam, além de traçar o caminho direto para a segunda temporada sem enrolar o espectador com coisas inúteis.

Os diálogos são outro ponto a se destacar em Preacher, já que a grande maioria entre Jesse e os demais habitantes da cidade remetem à ideia do protagonista de que Deus tenha lhe virado as costas. A seu redor parece que todos estão virando as costas para Deus e Jesse é obrigado a usar seu poder para lutar pela salvação deles mesmo tendo suas próprias dúvidas que o corroem.

Jackie Earle Haley as Odin Quincannon, Derek Wilson as Donnie Schenck, Catherine Haun as Ms. Outlash - Preacher _ Season 1, Episode 7 - Photo Credit: Lewis Jacobs/Sony Pictures Television/AMC

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A violência na série é bem mais leve de tudo o que vimos nas HQs, mas não decepciona. Há enforcamentos, pessoas sendo baleadas e muitas coisas mais que deixam os leitores fiéis felizes e que não foge da atmosfera criada. As cenas de matança desenfreada são divertidíssimas e também não há violência desnecessária, outro ponto para o aproveitamento do tempo dos episódios.

No entanto, algo que incomoda na construção dos episódios é a introdução de flashbacks que não dão dicas de que o que estamos vendo são realmente visões do passado. Quando os acontecimentos se passam em outros lugares, letras gigantes nos informam onde a série está situada no momento, mas não há uma mudança visual ou qualquer comunicação para ajudar os espectadores a identificarem e diferenciarem flashbacks da história presente.

Apesar disso, a narrativa é bem construída e os flashbacks são introduzidos nos momentos certos. Há diversas metáforas com cristianismo feitas nos diálogos, apesar da série passar longe de algo que pode-se dizer cristão. Genesis deixa Jesse a um passo do céu e também a um passo do inferno e em todas as ações do padre podemos ver a qual dos dois ele pende mais, e a qual dos dois lados cada um dos outros personagens pertence.

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A história tem um bom ritmo, não é muito corrida e nem demora muito para se desenvolver. Os fatos vão sendo largados aos poucos ao público para que ele possa especular e criar suas próprias expectativas sobre o que virá a seguir. A série, no geral, é uma grande bagunça, mas uma bagunça divertida, que consegue divertir ao invés de confundir e que passa a mensagem certa independentemente da cacofonia que esteja rolando na tela.

Dominic Cooper as Jesse Custer, Joseph Gilgun as Cassidy, Ruth Negga as Tulip O'Hare - Preacher _ Season 1, Episode 9 - Photo Credit: Lewis Jacobs/Sony Pictures Television/AMC

Vi alguns comentários sobre a série de pessoas que não leram a HQ ou não sabiam qual seria a temática da série e então entendi o porquê de Preacher ser considerado impossível de se adaptar. Por mais que o show seja claramente voltado ao humor, é fácil enxerga-lo como um insulto ao cristianismo e até uma blasfêmia a Deus. Preacher é do selo Vertigo e sabemos que ele está lá por uma razão, não é uma série para se recomendar a qualquer um, nem um must see dentre todas as opções que temos atualmente, mas uma boa saída pra quem quer uma história bem feita e engraçada e é com certeza diferente de qualquer coisa na TV hoje.

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Toda a ambientação de Preacher foi muito bem feita retratando pessoas que vivem vida simples com problemas de todos os tipos, que tem contato com tudo o que temos hoje, apesar de viverem no interior. Costumes texanos também são bem retratados, sendo as palavras na entrada da igreja, que todo dia são trocadas por algo obsceno, um dos mais icônicos.

O trabalho visual também é de primeira qualidade, nos figurinos e nos efeitos especiais que não deixam a desejar. A qualidade do rosto de Eugene realmente impressiona para uma série de televisão. A trilha sonora também é um destaque, com músicas country que casam com a atmosfera da série e o estilo dos personagens.

Podemos ver Preacher como um prequel dos quadrinhos, então se você não leu as HQs, não viu a série e estava em dúvida sobre qual dos dois consumiria primeiro, saiba que não faz diferença. O trabalho da AMC merece todos os elogios, conseguiram ligar as duas histórias muito bem e deixaram a primeira temporada num ponto perfeito para que as expectativas sobre a seguinte sejam altas.

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PS: Quem não gosta de O Grande Lebowski está errado.

Resumo para os preguiçosos

Preacher é uma ótima adaptação das HQs da Vertigo que entrega uma história bem construída, personagens interessantes e bastante humor e violência. Todo o trabalho da AMC é de primeira linha e o gancho para a segunda temporada é simplesmente brilhante. A série consegue agradar aos fãs dos quadrinhos e a todos os que a assistirem, desde que se tenha uma mente aberta sobre a sua premissa.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Elenco fantástico
  • História bem construída
  • Personagens
  • Ambientação e trilha sonora
  • Humor e violência aos montes

Contras

  • Flashbacks sem transição
  • Temática polêmica
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.