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Pillars of Eternity – Review

As vezes, trabalhar escrevendo reviews de jogos na internet é um trabalho massante. Já recebi alguns títulos pra análise que me fizeram ter vontade de arrancar meus olhos de dentro das órbitas, coloca-los na privada, urinar em cima e depois acionar a descarga. Em contra-partida, já recebi outros que me fizeram ter vontade de encontrar o endereço de todos os desenvolvedores, ir pessoalmente até eles e agradecer pelo trabalho feito. Pillars of Eternity é um desses maravilhosos games.

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Gostei tanto desse jogo, que decidi fazer uma análise bem mais completa do que o habitual, portanto, se você quer ir direto ao assunto e ver se o jogo é bom ou não, vá direto até o segundo capítulo o até o resumo para preguiçosos, beleza?

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Quem teve a sorte de ser moleque nos anos 90 com certeza deve ter acompanhado aquela clássica época em que os RPG’s estavam sendo “transportados” para os computadores. Naquela época, RPG de livro pra mim eram aquele livretos que você encontrava na biblioteca do colégio que mandavam o leitor ficar mudando de página conforme seus atributos e escolhas. Algo muito simples, mas que só pelo fato de ser “interativo”, me cativou desde a primeira vez.

Imagine então a minha surpresa ao saber que esse tipo de experiência estava aos poucos, sendo transformada em jogos eletrônicos. Assim como eu, inúmeros outros fãs do gênero se deliciaram com títulos como Baldur’s Gate, Icewind dale, Planetscape e outros tantos maravilhosos jogos da Bioware que de forma bastante simples, nos transportavem para um mundo de fantasia onde o que mais importava era o jogo em si, não os gráficos ou a aparência dos personagens. A melhor placa de vídeos sempre será a imaginação do jogador.

Com o passar do tempo, esse tipo de jogo baseado na Infinity Engine foi perdendo força. Com a evolução da tecnologia, foram-se criando novas plataformas e os RPG’s foram transformando-se no que conhecemos hoje. Não que isso seja ruim de alguma forma, mas eu sempre senti falta de algo novo criado nos moldes antigos.

Foi essa justamente a proposta da Obsidian Entertainment quando lançou uma campanha no Kickstarter. Os caras não são necessariamente noobs no assunto, afinal de contas foram eles quem conceberam a franquia Fallout clássica e portanto, já possuíam experiência com um estilo de jogo parecido. Junte isso com o fato de que foram eles que produziram Newerwinter Nights 2, e já temos um currículo considerável em mãos, né?

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Enfim, durante o processo de angariar fundos a Obsidian deixou claro que tinha como objetivo, criar um sucessor espiritual de Baldur’s Gate. Um desafio um tanto quanto complicado já que a franquia é uma das mais amadas de todos os tempo, mas os fãs resolveram acreditar na ideia. Na verdade, quase 77 mil fãs acreditaram na ideia e jogaram dinheiro em seus monitores. O resultado, não poderia ter sido mais satisfatório.

Pillars of Eternity é um jogo extremamente complexo, com mecânica simples e jogabilidade estruturada. Tudo que um RPG de verdade e que se preze precisa. Pra começar, a construção do personagem é algo que merece uma análise a parte de tão bem feita. Existem vários raças e classes que você pode escolher, mas o que mais chama a atenção com certeza é o background que o jogador pode escolher. Quem é veterano de D&D sabe como definir as origens do seu herói ajuda a criar um laço mais forte com ele, o que facilita até mesmo o gameplay e a interpretação do personalidade.

Cada background afeta também os atributos do heróis, o que pode trazer consequências inesperadas no resultado final. Outra coisa interessante também é a forma como os atributos foram re-trabalhados nesse jogo. Nada de passar o level investindo em força ou em destreza, aqui o foco é outro e até mesmo o seu sucesso no combate pode ser definido pela quantidade de “endurance” ao invés da tradicional “health”.

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Apesar de não querer falar muito sobre as classes, vale a pena mencionar que a maioria delas oferece algo a mais do que estamos acostumados. Alem disso, o sistema de leveling também merece um elogio por ter pego a mecânica que conhecíamos em Baldur’s Gate, e melhorado exponencialmente. O sistema é tão complexo, que é possível ter uma party de 6 fighters, todos eles diferentes entre si.

Mas vamos falar do que interessa, o tão famigerado sistema de batalhas. O que ele tem de mais? Olha, pra falar bem a verdade ele não tem muita diferença do que já se conhece, a não ser é claro os gráficos que são inerentes do próprio jogo. A questão aqui é como os caras conseguiram tornar as lutas algo simples e complexo ao mesmo tempo.

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Não ache que basta somente sair clicando feito louco na cabeça dos inimigos pra conseguir a vitória. Até mesmo no modo “Easy”, vencer uma trupe de bandidos pode ser um desafio e tanto se você não souber o que esta fazendo. Primeiro de tudo é bom você saber exatamente o que cada skill faz, e em que momento ela deve ser usada. Depois, o jeito é prestar bastante atenção na formação da sua party a fim de evitar que aqueles personagens que não são tão resistentes a danos fiquem em lugares muito evidentes, e depois disso tudo, basta descer a muqueta nos inimigos e ir se adaptando conforme a luta for se desenrolando.

Pra dar conta dessa infinidade de ações, você pode se aproveitar de duas funcionalidades bem bacanas do game. A primeira é o já conhecido pause durante a batalha. Basta apertar a barra de espaço que o jogo todo para e você tem tempo de avaliar suas estratégias nas lutas mais difícies e consegue até virar a situação caso tome a decisão correta. A outra alternativa é utilizar o modo “slow mode”, que deixa o jogo em câmera lenta e apesar de não oferecer tanto tempo assim pra você tomar as suas decisões, acaba ajudando em batalhas mais simples e casuais.

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Os gráficos também são bastante bonitos e tudo mais, entretanto, eles possuem um quê de “geração passada”. Claro que pra quem ta jogando POE buscando um pouco de nostalgia isso não deve ser problema, mas da pra dizer que ele poderia ter sido melhor trabalhado com certeza. De qualquer forma, o desenho e os detalhes que se vêem no mapa são absolutamente espetaculares e fazem jus ao que se viu em Baldur’s Gate. Alguns cenários são tão bonitos e bem feitos, que facilmente poderiam ser transformados em pinturas. Por falar em mapas, mais um ponto positivo para o sistema de troca de cenários, que também é descendente direto dos antigos jogos da Bioware. Alem de imenso, o mapa é muito bem distribuído e oferece a sensação de que pouco a pouco esta sendo desbravado de acordo com as viagens e quests que o jogador vai fazendo.

Eu não poderia terminar o review sem falar da história, que num primeiro momento parece bastante estranha e fora do comum, mas ao poucos ela vai despertando sua curiosidade de forma que a cada avanço que você conquista no jogo te faz ter mais vontade ainda de continuar em frente. Eu não gosto de dar detalhes sobre o enredo nos reviews que faço justamente por achar que isso atrapalha um pouco a experiência de quem quer jogar, mas me obrigo a adiantar que em Pillars of Eternity você vai ganhar um atributo bastante interessante logo de saída, principalmente se você gosta bastante de ler o mínimos detalhes sobre a lore do game.

Por fim, tenho de registrar aqui a minha sincera satisfação ao ver que o gênero consagrado em Baldur’s Gate foi muito bem representado em POE. Apesar deste apresentar falhas gráficas bem chatinhas em alguns momentos e dar a impressão de ter sido desenvolvido há algum tempo, a quantidade de melhorias e de novidades podem fazer com que até o jogador mais chato acabe deixando isso passar batido. Um game que merece ser jogado por todo e qualquer fã de RPG, principalmente aqueles que querem reviver os bons tempos ou conhecer um pouco mais o estilo de jogo que fundamentou os moldes atuais de Role Playing Game.

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Resumo para os preguiçosos

Pillars of Eternity tenta reascender a chama de Baldur’s Gate, mas faz muito melhor do que isso. Apesar de claramente se basear no estilo clássico, o game não tem medo de inovar e trazer novidades de gameplay, nem de tratar a história de uma forma totalmente diferente do que já se viu por enquanto. Os gráficos podem decepcionar em alguns momentos, mas você vai estar tão entretido cuidado da sua party que provavelmente nem vá perceber.

Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Lore envolvente
  • Mecânicas novas e interessantes
  • Gerenciamento de personagens inovador e vasta quantidade de itens

Contras

  • Gráficos datados em alguns momentos
  • Dificuldade nada amigável para iniciantes
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.