Desde o anúncio de Metroid Prime 4 alguns anos atrás, sabíamos que a Nintendo não havia abandonado a franquia Metroid completamente. Porém, ninguém imaginaria que um novo Metroid 2D estaria em desenvolvimento – e seria lançado antes de Prime 4, ainda por cima.
Afinal, o último jogo 2D da franquia foi um remake de Metroid 2, lançado exclusivamente para o Nintendo 3DS, e não foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs. Todos estes fatores só contribuíram ainda mais para a surpresa que foi o anúncio de Metroid Dread: Um Metroid 2D que continua a história da franquia a partir do fim de Metroid Fusion (lançado em 2002!).
Após quase 20 anos de espera, finalmente podemos conferir em primeira mão se Metroid 5 é digno de seus antecessores, ao mesmo tempo em que empurra a franquia para a frente, o que não é um feito fácil. Mas como já está óbvio pela nota que demos ao jogo, a Nintendo e a MercurySteam fizeram um trabalho simplesmente sensacional.
Como mencionamos acima, Metroid Dread é a continuação direta de Metroid Fusion e o jogo começa com um pequeno recap sobre os eventos dos jogos anteriores. Em Dread, a Federação Galática recebe um vídeo muito enigmático mostrando um parasita X vivo, apesar de todos acreditarem que a espécie havia sido extinta por Samus Aran ao final de Fusion. As coordenadas do vídeo levam até um planeta chamado ZDR, e a Federação decide enviar robôs praticamente indestrutíveis chamados E.M.M.I.s para investigá-lo
Entretanto, pouco tempo após a chegada dos E.M.M.I.s à ZDR, a comunicação com eles foi perdida. Como Samus é a única pessoa capaz de enfrentar o parasita X – por ser imune a ele graças ao seu DNA de Metroid – ela é enviada até o planeta para investigar esta nova ameaça e descobrir o que houve com os E.M.M.I.s.
Ao chegar em ZDR, Samus é confrontada por um guerreiro Chozo extremamente poderoso, que derrota Samus facilmente e a joga nas profundezas do planeta, retirando completamente as habilidades de seu traje no processo. Agora, cabe a Samus coletar suas habilidades novamente e voltar até a sua nave, que se encontra na superfície de ZDR, e é exatamente aí que o gameplay se inicia.
Tudo isto acontece durante os primeiros 10 minutos do jogo e partir daí, a história é contada através de instruções dadas pelo computador ADAM (na maior parte do tempo), que instrui Samus sobre o que fazer e sobre o que está acontecendo em ZDR. Estas pequenas doses de informação são perfeitas para um jogo como Metroid, por contarem apenas o necessário sem prender o jogador por tempo demais.
Em Metroid Dread, Samus está presa em um planeta desconhecido e completamente hostil. O jogo consegue passar a sensação de perigo, isolamento e hostilidade de forma incrível através dos ambientes em que o jogo se passa, assim como os inimigos que ela precisa vencer, como são o caso dos E.M.M.I.s.
Os E.M.M.I.s são robôs quase indestrutíveis e implacáveis que caçarão Samus de forma agressiva caso consigam encontrá-la. Cada E.M.M.I. patrulha uma área diferente do jogo e cada um deles possui habilidades diferentes para tornar a perseguição mais dinâmica e divertida.
Os locais em que estes inimigos se encontram são predeterminados e portanto o jogador sempre sabe quando se está na área de um E.M.M.I. ou não. Fazer barulho demais dentro dessas áreas chamará a atenção do robô, que seguirá a direção do som e caso encontre Samus, a perseguirá até perdê-la de vista ou capturá-la.
Ser pego por um E.M.M.I. é morte certa na grande maioria das vezes, o que mantém a tensão do jogo nas alturas sempre que é preciso atravessar uma dessas áreas. Metroid Dread faz o jogador decidir entre ir rápido e correr o risco de ser encontrado ou ir devagar e perder alguns bons minutos de exploração, o que cria algumas situações bem interessantes durante o jogo.
O planeta em que Metroid Dread se passa, ZDR, é simplesmente enorme. São várias áreas diferentes para se explorar, e cada uma delas contém itens e poderes importantes para ajudar Samus a progredir em sua jornada. Vários destes poderes são clássicos da franquia, como o Charge Beam e o Varia Suit por exemplo, porém também existem algumas novidades bem legais escondidas nas áreas posteriores do jogo.
É preciso viajar de área em área para conseguir novos poderes que por sua vez permitem que Samus retorne as áreas anteriores para explorar caminhos que até então eram inacessíveis. Este processo se repete diversas vezes durante o jogo, mas não importa quantas vezes Dread faça o jogador voltar por uma área, sempre parece que há mais a se explorar por lá.
Um dos principais fatores que torna a exploração de ZDR tão divertida é a movimentação de Metroid Dread. O jogo é extremamente fluído, e controlar Samus nunca foi tão satisfatório e preciso. Há muito a se aprender em Dread, mas dominar cada uma das mecânicas e habilidades de movimentação do jogo é sempre um prazer imenso.
O gameplay todo um todo é muito fluído e divertido ao mesmo tempo em que é desafiador, principalmente nas batalhas contra os chefes, que são de longe a parte mais difícil do jogo. O único problema que eu tive com o jogo não está no gameplay em si, mas sim na forma em que os botões foram mapeados.
É preciso segurar muitos botões ao mesmo tempo durante o combate e devido ao mapeamento deles, o que pode ser bastante difícil e desagradável, além de não deixar muito espaço para acessibilidade. Isto não seria um problema se o jogo permitisse que o jogador configurasse os botões da maneira que achar melhor, mas isto não é possível. Não é possível mudar nenhum botão em Metroid Dread, o que é uma verdadeira pena, pois isto pode tornar o jogo muito mais difícil do que normalmente seria para alguns jogadores.
Para fechar com chave de ouro, Metroid Dread possui visuais absurdamente detalhados. Cada uma das várias áreas do jogo são completamente diferentes e repletas de detalhes. Nunca um jogo da franquia Metroid pareceu tanto se passar em um planeta quanto este. Os gráficos e os efeitos são muito bonitos e tudo isto é elevado a ainda mais graças ao sound design incrível do jogo. Desde os sons ambiente ao barulho das criaturas, os sons de Dread ajudam a imergir o jogador no mundo hostil de ZDR.
Por fim, Metroid Dread era tudo que a franquia Metroid precisava para voltar com força total. O jogo é divertido do início ao fim e possui um ótimo fator de rejogabilidade. Ele é fluído, bonito, desafiador e possui um mapa enorme cheio de lugares para se explorar e segredos para se descobrir. Se a escolha dos botões tivesse sido um pouco melhor e o modo difícil fosse um pouco mais bem trabalhado, Dread seria talvez o melhor Metroid de todos os tempos.
Resumo para os preguiçosos
Metroid Dread traz uma nova vida a uma das franquias mais tradicionais da Nintendo. O gameplay é extremamente fluído, preciso, e divertido. O planeta ZDR é enorme e repleto de áreas para se explorar e segredos para se descobrir. O jogo possui gráficos e um sound design simplesmente incríveis, o que só torna a experiência ainda melhor. Infelizmente, ele não é muito acessível devido ao mapeamento dos botões do jogo, mas continua sendo uma experiência essencial para qualquer fã da franquia ou de Metroidvanias no geral.
Prós
- Gráficos impressionantes
- Sound design impecável
- Mapas enormes repletos de segredos
- Chefes desafiadores
Contras
- O esquema de botões é um pouco desconfortável, principalmente quando o jogador consegue mais habilidades