Metal Gear Solid Delta: Snake Eater – Análise – Vale a Pena – Review

Embora nem todos gostem de Hideo Kojima, fato é que ele é um dos poucos desenvolvedores que ainda conseguem fazer games com uma personalidade única. Entre os títulos que se encaixam nessa descrição está Metal Gear Solid 3: Snake Eater, que surpreendeu a todos em 2004 ao voltar no passado para dar voz àquele que durante muito tempo foi considerado o vilão da série.

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21 anos depois, a Konami, agora separada de forma bastante polêmica de Kojima, decide revisitar a aventura em Metal Gear Solid Δ (símbolo que vamos chamar de Delta para facilitar a compreensão). Mantendo o mesmo roteiro do passado, ele se propõe a ser uma grande atualização na Unreal Engine 5, com visuais e controles mais modernos.

Mas será que essa transformação valeu a pena? Ou será que o diretor realmente é único, e mexer em suas obras só contribui para piorá-las? Essas são algumas das perguntas que tentamos responder em nosso review, baseado na versão PlayStation 5 e rodando no console-base da Sony.

Metal Gear Solid Delta: Snake Eater entrega visuais da geração atual

Metal Gear Solid Delta: Snake Eater - Análise - Vale a Pena - Review

O que fica claro em um primeiro momento é que, felizmente, Metal Gear Solid Delta não passa aquela impressão de “fã recria jogo clássico na Unreal Engine, veja como ficou”. O trabalho feito pela Konami é caprichado e lembra em muitos pontos a maneira como o quinto jogo da franquia foi construído na Fox Engine, lá em 2015.

Isso significa que ela não inventou muito em design de personagens ou outros elementos, simplesmente reconstruindo elementos do passado com mais detalhes visuais. O resultado é agradável, especialmente por dar mais vida às sessões de selva que vemos durante a maior parte da aventura.

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Ao mesmo tempo, o game não preserva o mesmo sistema de iluminação ou estilo de cores do original, o que muitos fãs podem julgar como um sacrilégio. No entanto, dá para dizer que o trabalho de atualização é competente, e faz com que, visualmente, o jogador realmente sinta que está jogando algo que saiu em 2025.

E vale a pena mencionar: para um game desenvolvido na Unreal Engine 5, Metal Gear Solid Delta está rodando muito bem. Jogamos usando o modo desempenho a 60 FPS no PlayStation 5, e não sentimos nenhuma queda de desempenho notável. No entanto, houve pelo menos uma ocasião em que modelos de personagem bugaram bonito quando acionamos as animações do combate de curta distância.

Mas o gameplay ficou no meio do caminho

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A história já é um pouquinho diferente no gameplay, que, ao mesmo tempo que é atualizado, também não é exatamente o mais completo da série. Após algumas horas, fica claro que a Konami se inspirou no que foi feito em Ground Zeroes e Phantom Pain, mas não pode ir tão longe quanto eles para não quebrar a experiência original.

Em Metal Gear Solid Delta, a empresa criou um sistema de navegação e combate moderno, com câmera em cima do ombro e comandos familiares para quem jogou qualquer game de ação da última década. O game também ganhou alguns atalhos muito úteis, que facilitam o acesso a itens importantes e, principalmente, aos diferentes tipos de camuflagem.

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Ao mesmo tempo, ela manteve os cenários fechados e a estrutura de corredores que apareceram no Snake Eater original. Com isso, parece que a empresa decidiu limitar um pouco as opções de mobilidade do personagem, que não é tão ágil quanto em Metal Gear Solid 5. Isso porque, caso o modelo do jogo mais moderno fosse seguido, simplesmente ficaria fácil demais lidar com todos os inimigos que aparecem pelo caminho.

O resultado é uma experiência que facilita se movimentar e desviar de inimigos, graças à câmera livre, mas as reações ainda parecem de um jogo antigo. Ou seja, se você for avistado, isso significa que o alerta é ligado automaticamente e todos os adversários do mapa vão saber onde você está — assim como no game de 2004.

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Além disso, os inimigos continuam operando da forma quase binária vista no passado, o que torna um pouco confuso aprender o que vai fazê-los verem ou não o protagonista Snake. Caso você jogue o remake logo depois de Phantom Pain, é fácil sentir alguma estranheza e a sensação de que temos um jogo com pele moderna que às vezes entra em conflito com seus ossos mais antiquados.

Metal Gear Solid Delta também traz um esquema clássico, que emula o ponto de vista da versão original do game. Nesse sentido, ele lembra os motivos pelos quais a versão Subsistence e sua câmera mais livre existe, dado o quão limitante é o campo de visão original, que limita muito a agilidade da navegação e o combate.

Metal Gear Solid Delta: Snake Eater - Análise - Vale a Pena - Review

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Ao escolher a opção, se torna muito mais complicado conseguir ver o ambiente ao redor, o que exige o uso constante da perspectiva em primeira pessoa. O combate também volta ao original e fica mais travado, impedindo que você atire enquanto se movimente. Em compensação, os inimigos ficam mais burros e bem menos agressivos quando a opção é ligada.

No final das contas, a existência desse modo é positiva e deve agradar principalmente aos saudosistas e àqueles que gostam de mais desafio. No entanto, o público em geral certamente vai tirar mais prazer da experiência ao usar os sistemas modernos que a Konami bolou para o remake.

História que envelheceu como um bom vinho

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A decisão da Konami de não mexer em questões como história, diálogos ou cenas de ação foi acertada. Embora alguns aspectos da narrativa tenham envelhecido um pouco — especialmente seu ritmo, que é entrecortado por muitos diálogos (mas muitos mesmo) —, ela continua tratando de temas atuais e tem uma mensagem antiguerra e imperialismo que é bastante intrigante.

Nesse sentido, é interessante ver o quanto a empresa se esforçou para preservar muitas das “Kojimices” que existiam no jogo original. Metal Gear Solid Delta mantém todos os momentos constrangedores nos quais Snake olha para parte íntimas de garotas sem pudor, bem como os zooms estranhos que é possível dar nas cenas não interativas.

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Até mesmo os truques antigos do passado, incluindo mudar a data do save para vencer um chefe, continuam valendo na nova versão. Com isso, ela pode ser considera um remake bastante respeitoso e fiel, que inclusive menciona Kojima em seus créditos — um sinal de respeito que muitos fãs vão gostar.

Mas e aí, Metal Gear Delta: Snake Eater vale a pena?

Depois do desastroso Metal Gear Survive, a Konami jogou bastante seguro em seu remake de Snake Eater. Enquanto as atualizações de gameplay causam algumas estranhezas, a bela história criada por Hideo Kojima, assim como seus personagens, mapas e desafios, continuam funcionando muito bem.

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Assim, enquanto Metal Gear Solid Delta não é perfeito, ele tem muito mais acertos do que erros e ajuda a dar um pouco de moral para a desenvolvedora. Especialmente para novos jogadores, o título deve tornar um pouco mais fácil entender porque tanta gente gosta da franquia, mesmo que ela já não seja mais tão relevante quanto no passado.

A grande questão que a empresa tem pela frente é como levar a série adiante. Enquanto o caminho mais seguro parece ser fazer remakes de outros jogos, ela também pode ficar tentada em dar prosseguimento à história. E é aí que ela vai testar a boa-vontade que a versão atualizada de Snake Eater deve acabar trazendo.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecido pela publisher.

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Resumo para os preguiçosos

Com uma atualização de visuais e gameplay, Metal Gear Solid Delta: Snake Eater joga seguro e é um remake competente de um dos maiores clássicos de Hideo Kojima. No entanto, suas ideias novas nem sempre conversam bem com as antigas, o que pode causar algumas estranhezas. Mesmo assim, esse é um esforço bem-sucedido da Konami e que deve fazer com que ela ganhe alguns créditos entre os fãs.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Uma boa adaptação para a Unreal Engine 5 com desempenho competente 
  • A decisão de manter a história e os diálogos originais foi acertada 
  • O novo sistema de controles e câmera funciona bem a maior parte do tempo 
  • Os novos atalhos dos controles agilizam muito processos burocráticos

Contras

  • Alguns bugs visuais quando animações são acionadas 
  • Os controles modernos nem sempre se encaixam com o design do jogo original 
  • O ritmo da narrativa pode ser um pouco arrastado, especialmente no começo da aventura
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