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I am Setsuna – Review

RPGs japoneses já não são o padrão do mercado há mais de uma década, mas o gênero pautou e ditou tendências por muito tempo, e um dos jogos que mais contribuíram para isso foi Chrono Trigger. A obra de arte criada pelo Dream Team do desenvolvimento de RPGs japoneses marcou uma geração, e I am Setsuna é um game que promete beber dessa fonte, mas seguir um caminho completamente diferente. Será que o jogo consegue ou é apenas uma cópia de baixo orçamento?

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Em I am Setsuna, você joga a história de Setsuna, uma garota que é o próximo sacrifício para aplacar a violência dos monstros que assolam um mundo coberto de neve. O game começa com você no controle de Endir, um mercenário que recebe uma missão: impedir que Setsuna cumpra o destino de sacrifício dela. Endir deve assassiná-la antes dela conseguir sacrificar-se. Após falhar na missão, Endir acaba juntando-se ao grupo de Setsuna e ajudando-a na jornada dela.

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Como vocês podem ver, a história de I am Setsuna é bastante diferente da história  de Chrono Trigger, e felizmente o jogo só bebe da fonte do RPG da SquareSoft em alguns pontos bem específicos, leia-se o combate e a navegação de cenários, e é por aí que começamos nossa análise. O combate do game usa o bom e velho sistema Active Time Battle, onde você tem uma barrinha de turno para cada personagem e escolhe as habilidades que eles vão usar nos inimigos. Esse sistema tem uma certa rejeição em alguns jogadores, mas por se propor a ser um RPG clássico dos anos 90, I am Setsuna acaba não sendo direcionado para quem está procurando um RPG moderno e sim para os saudosistas.

Nesse sentido, o sistema de combate de I am Setsuna não decepciona nem um pouco, você pode avistar os inimigos no mapa antes de enfrentá-los e caso surpreenda-os, você começa com uma vantagem no combate. Além disso, os seus personagens podem combinar habilidades, resultando assim em ataques ainda mais poderosos do que caso eles tivessem atacado separadamente. O que o jogo traz de novidade em relação a esse sistema? Uma barra de fluxo, que sobe após o seu turno começar.

Caso você espere para atacar, essa barra acumula até três pontos, que podem ser gastos em ataques mais fortes do que o normal. Para isso, você precisa apertar um botão na hora certa enquanto ataca (como em Super Mario RPG), aumentando assim o dinamismo das batalhas. Boa parte das habilidades dos personagens vão lembrar habilidades encontradas em Chrono Trigger, como o Cyclone de Endir (que usa basicamente os mesmos ataques que Crono, apesar dele não possuir as mesmas magias) ou as magias de Setsuna, mas é basicamente aí onde o jogo termina de se inspirar em Chrono Trigger, de resto, o game segue com as próprias pernas.

Algo que pode causar confusão nos jogadores no começo do jogo, e que é bom já deixar explicado, é o sistema de obtenção de habilidades e de dinheiro. Ao invés de você ganhar gold dos monstros que você mata, você ganha componentes que podem ser vendidos para o NPC de magias. Essa venda te dá dinheiro e te dá também acesso às habilidades e magias do jogo, então, caso você esteja sem dinheiro para comprar itens como potions ou itens de ressurreição (carregue vários deles pois os personagens morrem com certa facilidade), basta ir para alguma área do jogo, matar monstros, coletar materiais e vendê-los para o NPC. Felizmente, você não precisa pagar para ganhar habilidades, basta vender esses componentes.

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Vale ressaltar aqui algo: todos os monstros dão componentes de habilidades, mas certos monstros dão componentes raros. Esses monstros são apresentados lá pela quinta ou sexta hora de jogo, numa batalha de apresentação que é bem simples, mas fique de orelha em pé, pois depois dessa batalha introdutória, todo monstro especial é difícil pra caramba e pior, o jogo não faz um bom trabalho em distinguir monstros especiais dos monstros normais (eles costumam ser mais pretos dos que os normais, mas é difícil ainda assim de notá-los no mapa). Muitas vezes eu fui tentar enfrentá-los e morri no primeiro ataque, ou seja, eles são monstros para serem derrotados depois de muito treinamento, ou depois que você voltar para áreas antes exploradas e aí sim ser forte o suficiente para enfrentá-los.

Apesar das características emprestadas de Chrono Trigger, boa parte do resto de I am Setsuna é bem original por si. Os personagens do jogo são bem trabalhos e carismáticos, cada um com seu próprio temperamento e motivação pessoal para juntar-se à jornada de Setsuna. Algo interessante sobre Endir, que é fortemente inspirado em Crono, é que você pode escolher as respostas dele conforme as perguntas dadas. Essas são as únicas interações do personagem com os outros (e elas não servem para outra coisa além de duas ou três linhas de diálogo diferente, a história do jogo não muda por causa dessas escolhas), no mais, ele é um protagonista silencioso.

Um dos principais pontos de I am Setsuna é a tristeza, e ela é explorada de forma muito interessante no jogo. Como você já sabe, Setsuna está numa jornada para dar a própria vida pela humanidade. Você não está numa jornada feliz, e o jogo faz questão de te lembrar disso a todo momento, principalmente com a trilha sonora do game, da qual falaremos em breve. Além da trilha, outra característica do jogo que também expressa essa melancolia é o próprio mundo de I am Setsuna, que é completamente coberto de neve. Você não vai encontrar uma ilha tropical dentro do game, somente gelo, nevascas e tempo ruim. Para completar esse tema de melancolia, a história do jogo também apresenta vários momentos tristes, afinal, o mundo de I am Setsuna é um mundo onde a morte é uma constante, e o apetite dos monstros está aumentando.

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Graficamente, I am Setsuna é um jogo bonito. O game poderia muito bem ter sido lançado para o PlayStation 1, pois ele adota um estilo gráfico simples, porém bonito. A ideia do jogo é ser retrô, e os gráficos, tanto dos personagens quanto dos cenários, refletem nisso. Apesar disso, dois pontos negativos que merecem ser reforçados são o excesso de telas de carregamento do jogo e as várias áreas do game que parecem iguais.

Já no departamento sonoro, a trilha de I am Setsuna é muito interessante. Ela é toda feita no piano, e tocada por apenas uma pessoa. Como o jogo se esforça para passar a ideia de melancolia para o jogador, ela acaba cumprindo um papel decisivo nisso, e executa-o muito bem. Vale ressaltar ainda que o game não tem dublagem (exceto por algumas falas em japonês durante os combates) e que ele não tem legendas, diálogos ou menus em português.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para PS4 fornecida pela Square Enix.

Resumo para os preguiçosos

I am Setsuna é um belo RPG clássico que bebe da fonte de Chrono Trigger, mas que mantém uma boa dose de originalidade. Fãs da obra prima da SquareSoft vão gostar muito do jogo, assim como qualquer fã de JRPGs.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Bela (e triste) história
  • Bom sistema de combate
  • Belíssima trilha sonora

Contras

  • Gráficos repetitivos nos cenários
  • Alguns combates são completamente injustos
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.