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I am Bread – Review

Eu nunca fui muito fã de simuladores. Sempre achei jogos com essa temática meio… sem alma. Não que eles sejam ruins por isso, apenas nunca foram chamativos para mim.

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Isso mudou um pouco quando Surgeon Simulator chegou no mercado, lançando um novo gênero que eu gosto de chamar de “Simuladores”. Isso, com as aspas.

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Jogos como esse não tem muita coisa de simulador de verdade. Não é preciso ter feito uma aula sequer de anatomia pra saber que cirurgias não funcionam daquela maneira. Os controles bizarros são parte da diversão, aquele detalhe que transforma um bom conceito numa execução brilhante.

Mas isso gerou um pequeno problema, já que abriu margem pra qualquer tipo de jogo absurdo vir com o título de “Simulator”. E enquanto isso abre espaço para bons jogos, como Goat Simulator, jogos como Rock Simulator também vem a tona. E eu definitivamente não gosto disso.

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Eis então que os mesmos produtores de Surgeon Simulator vem com a ideia – bizarrísima, por sinal – de emular a vida de uma fatia de pão ansiosa por cometer um pãoticídio. A principio eu não achei a ideia legal, pensei ser mais um caça-níquel. Mas quando eu vi que o nome, ao invés de ser “Bread Simulator” era “I’m Bread”, comecei a ver que, talvez, esse jogo fosse mais do que um jogo hue. Talvez, quem sabe, ele tivesse uma alma.

Acredito que todo mundo neste planeta já tenha visto a primeira fase de I’m Bread. Ela é uma especie de tutorial. Você aprende ali como se mover, por onde se mover, o que você precisa evitar e o que você pode fazer para ser um pão mais… bem, comível.

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O objetivo é simples, você é o pão, ou melhor, uma fatia de pão de forma completamente decidido a se tornar o mais apetitoso possível. E o único jeito de atingir objetivo completamente é virar uma deliciosa torrada.

Pode parecer loucura, mas essa primeira fase é um dos designs mais inteligentes que vi nos últimos jogos. Ela mostra tudo que você vai passar no resto do jogo. Os desafios de locomoção, com os perigos dos lugares sujos e os benefícios dos acompanhamentos, tipo manteiga e geléia, a física absurda do jogo, e possibilidade de chegar até a torradeira dos mais diversos jeitos possíveis.

O gameplay é simples, mas bem confuso e difícil de lidar. O quanto você é paciente vai definir se você vai arremessar o controle na parede nos primeiros minutos de jogo ou vai se divertir horrores com suas próprias falhas. Cada borda do pão é ativada por um botão. Uma vez “ativada”, essa borda gruda no local que está. Com os analógicos ou o mouse, você se balança. E é isso.

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Aliás, um aviso. Jogar no controle é infinitamente menos punitivo e estressante que no teclado, pelo menos pra mim (e pra grande maioria dos jogadores.)

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Enquanto o gameplay é “simples”, algumas regras precisam ser seguidas. A “pegada” das bordas tem um limite de tempo e, quando esse tempo expiro, essa borda se solta de qualquer lugar que esteja presa até que esse medidor seja prenchido novamente. Funciona mais ou menos como um medidor de stamina do pão, de maneira muito parecida com o controle de stamina de Shadow Of The Colossus.

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Outro medidor que você precisa verificar é o de “edibilidade”. Você começa com 100% de edibilidade (aparentemente não é o suficiente para esse pão), e perde esse nível toda vez que encosta em algum lugar sujo, molhado ou com insetos. E o jogo é bem severo, fazendo com que a perda da edibilidade aconteça de forma muito rápida quando se encosta em sujeira ou nas formigas e praticamente instantânea quando se caí em algum lugar molhado (como uma pia.)

Mas passado as primeiras vinte e cinco tentativas, você logo vai estar dominando a jogabilidade. Kind of. E aí é que você vai começar a aproveitar da física do jogo. Embora ela seja “real” na maioria dos aspectos, a força desse pão é levada a loucura total, já é que possível derrubar uma cadeira, andar num skate e abrir um freezer – tudo isso apenas na primeira fase – com… uma fatia de pão de forma. E isso é extremamente divertido. Se lançar num duplo mortal carpado de uma parede para o topo de um armário é tão engraçado e badass quanto parece.

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Nesse aspecto também ocorre um dos maiores problemas do jogo. O jogo é rodeado de glitchs e bugs. Uma boa parte já foi corrigida pelos produtores em relação ao primeiro lançamento, porem o jogo continua em Early Acess e a física do jogo continua bem quebrável. E embora isso gere momentos engraçadíssimos, com o pão flutuando ou sendo arremessado, as vezes ele simplesmente faz com que você perca todo o avanço que fez na fase. E em um jogo tão sacana como I’m Bread, essa é mais uma ameaça a saúde do seu controle/teclado/mouse.

Mas passado por tudo isso, você finalmente chega na torradeira. E tome luta para achar um jeito de se encaixar naquele espacinho minusculo da torradeira. Quando você consegue, geralmente após uma viagem épica pela cozinha, você larga tudo que está fazendo pra comemorar – apenas pra deixar o herói do jogo tempo demais na torradeira e perder edibilidade, se for distraído o suficiente. Eu fui.

Assim que você aperta os botões para o pão ser ejetado da torradeira, o jogo finaliza a missão e te dá um ranking, baseado no tempo que você levou pra terminar a fase e na edibilidade do pão. E você vai ver muitos e muitos “F”s antes de dominar as fases.

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Até aí tudo muito divertido, tudo muito bacana mas… E agora? O que mais esse jogo tem a apresentar? Confesso que fiquei bem cético quanto as possibilidades de jogo depois da primeira fase. Não tinha muito pra onde o jogo ir, certo?

Errado. A segunda fase vale sozinha o dinheiro do jogo, tamanha criatividade. E partir dessa fase, um outro elemento entra em jogo. Não mais uma torradeira será seu alvo, pelo contrário. Um dos cores do gameplay a partir daí é desvendar como você vai se torrar. E como você vai conseguir isso.
As fases então sobem vertiginosamente de complexidade e o que era um jogo puramente plataforma se torna um puzzle de maneira bem natural. O jogo saí da jogabilidade engraçada e difícil, do design inteligente e bem feito, e encontra sua alma. A aventura de se tornar uma torrada apetitosa se torna uma quest épica envolvendo cômodos bizarros e estranhamente sem vida além do pão, eletrônicos que precisam ser ligados e ventiladores. Porque sim.

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O jogo está custando 20 reais e eu não recomendaria que você pagasse isso tudo. Pelo potencial de eliminação de controle/teclado/mouse que ele possui, pegar em alguma promoção da Steam é bem mais justo com o que o jogo tem a oferecer.

Até porque o jogo é o que é. Sem multiplayer ou mesmo um modo free-roam, onde você pode apenas se divertir com as mecânicas zuadas do jogo sem se preocupar com nada, já que uma vez que sua edibilidade atinja o 0, o jogo te dá um game over e ponto final.

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Como já foi dito, o jogo segue em Early Acess, mas eu acredito que seja um dos poucos que vai, em algum momento, ser lançado de fato, com mais acabamento e polimento, tanto na física do jogo, quanto nos gráficos, que são bons no melhor dos casos e um pouco mais de trabalho na parte de áudio, que é extremamente simples em seus efeitos e composições de trilha. Não que eu estivesse esperando o maior trabalho de audio/vídeo da história dos jogos desse jogo mas… poderia ser melhorado.

No final das contas, é isso que o jogo precisa. Um retoque ali e outro aqui. O mais importante ele já tem. E é bem divertido.

Resumo para os preguiçosos

Como a própria descrição do jogo na Steam diz, I’m Bread é uma emocionante história que “nunca realmente explica porque existe um pão sentiênte e móvel” numa casa, que tem como objetivo virar uma torrada e ser a fatia mais comestível do lugar.

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Com mais de 100 objetos para interagir – seja para ficar mais apetitoso com as geleias e manteigas, ou se fritar com eletrodomésticos – o jogo apresenta uma mecânica divertida, mas muito punitiva e com um grande potencial de gerar estresse. Bugs e glitches são comuns e as vezes são engraçados, outra vezes não. Com uma necessidade visível de acabamento nas partes técnicas, mas com um núcleo bem definido, I’m Bread é um jogo que vale a pena ser jogado. Mas não por 20 reais.

Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Divertido
  • Desafiador
  • Design de fases inteligente
  • Apresenta muitos bugs e glitches engraçados
  • Muitos itens para se interagir

Contras

  • Punitivo
  • Apresenta muitos bugs e glitches ruins
  • Pode ser estressante
  • Jogo ainda em Early Access
  • Falta de um modo livre
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Tico
Ticohttp://criticalhits.com.br
Redator eventual, podcaster e negro maravilhoso.