A história do Japão é pouco ensinada no ocidente, principalmente no Brasil. O que sabemos dela é basicamente a abertura forçada ao comércio mundial pelo Almirante Perry. Algumas centenas de anos antes, entretanto, o país foi invadido pela Mongólia, e Ghost of Tsushima tem como objetivo recontar essa invasão em forma de jogo. Será que ele consegue transformar esse capítulo histórico numa divertida experiência? É o que o nosso review vai dizer.
Tsushima em perigo
Em Ghost of Tsushima, você controla Jin Sakai, um samurai que é sobrinho do Lorde Shimura, comandante da ilha de Tsushima, e deve impedir que os mongóis, liderados por Khotun Khan, controlem e destruam sua terra natal. Logo no começo do jogo, Jin descobre que infelizmente os métodos samurai são incapazes de levar essa missão a cabo. Ele deve então converter-se no Fantasma de Tsushima. Assim, de formas que vão de encontro a tudo o que ele aprendeu na vida, derrotar e aterrorizar o inimigo.
Como o bushido condena qualquer tipo de abordagem que não seja um combate direto, ao matar inimigos furtivamente Jin está quebrando o código pelo qual ele jurou seguir a vida toda. Isso não é uma transformação fácil dentro da cabeça dele. Em diversos pontos do jogo você o verá se lamentando por trair este lado, mas que isto é necessário para salvar o povo.
Como você deve imaginar, esta mudança de estilo do samurai envolve em você usar a furtividade em combates. Com métodos como ataques surpresa, assassinatos escondidos, virar inimigos contra si e assim por diante. Durante o jogo, você irá mesclar os estilos samurai e fantasma em muitos momentos. Esta transição entre um e outro é um dos grandes pontos da história. Por um lado, Jin não quer trair quem ele sempre foi, por outro, ele precisa fazer isso, senão o povo de Tsushima será completamente dominado e massacrado pelos mongóis.
Como vencer um inimigo mais forte que você
Para dar cabo de sua missão em Ghost of Tsushima, Jin conta com diversos aliados, como seu antigo mestre de arquearia, a esposa de um dos vassalos dele e também dos aldeões de Tsushima, liderados pela ladra Yuna, com quem Jin se encontra durante a batalha de invasão dos mongóis. Cada um destes personagens tem seus objetivos próprios para lutar em Tsushima, e cada um destes deve ser ajudado por você em missões paralelas à história principal também.
As missões principais do jogo envolvem na reorganização das forças de Tsushima para vencer o invasor, além de recrutar personagens chave para isso. Aqui, encontramos a maior variação no gameplay do jogo. Já que você não estará apenas matando tudo o que ousar aparecer na sua frente. Você terá que enfrentar rivais, derrotar chefes, usar armas de sítio e assim por diante.
Como eu comentei acima, em algumas missões você enfrenta chefes. Estes chefes são enfrentados em duelos de 1 contra 1 com um esquema de combate um pouco diferente do normal. Neles, você não pode usar ataques fora os golpes de espada e movimentos especiais de Jin. Além deles, o jogo ainda oferece mais alguns duelos de 1 contra 1 que estão espalhados pela ilha como atividades secundárias.
Além das missões principais do jogo e das histórias de cada um dos NPCs do game, você também tem uma série de outros objetivos menores como liberação de bases e vilas que contribuem para isso. Estes desafios em questão são bastante parecidos entre si: chegue no lugar, desafie os inimigos, mate todo mundo e então libere o local. Em alguns deles, você conta com objetivos um pouco diferentes, como evitar que reféns morram, ou encontrar bandeiras e gaviões engaiolados e assim por diante.
Tudo gira em torno do bushido
Um ponto importante a se citar sobre Ghost of Tsushima é que praticamente todas as atividades do jogo envolvem a cultura japonesa. Além de enfrentar inimigos e então reconquistar a sua ilha, você também conta com objetivos secundários para tornar Jin um guerreiro mais poderoso. Estes objetivos passam por tomar banho em fontes termais para aumentar a sua vida máxima enquanto o samurai reflete sobre algum evento do passado ou do presente. Além disso, você também deve encontrar tocas de raposa e segui-las ao santuário Inari mais próximo para aumentar a capacidade de amuletos.
Outra atividade bem interessante do jogo é o minigame de cortar bambus. Para tal, você precisa apertar uma combinação de botões antes do tempo acabar. Fazendo isso da forma certa, seu personagem aumenta a determinação dele (sistema de energia especial gasta para curar-se ou usar ataques especiais). Ainda há outras atividades que você pode fazer, como ir até alguma paisagem em específico e inspirar-se nela para compor um Haiku (tipo de poesia japonesa de três estrofes).
Para completar as atividades extras, o jogo ainda conta com missões secundárias, que geralmente envolvem a história de algum aldeão afetado de alguma forma pela invasão mongol e também lendas de tsushima, que dão recompensas especiais, como uma armadura poderosa ou golpe especial como recompensa.
Um jogo que rende
Todo esse leque de atividades faz Ghost of Tsushima um jogo bastante extenso, e eu levei cerca de 40 horas para terminar o jogo, com bastante coisa ainda por fazer pela frente. Depois do final do jogo, você ainda pode fazer as missões que você deixou para trás, então não se preocupe com isso.
Falando um pouco sobre a parte técnica do jogo, a jogabilidade de Ghost of Tsushima vai lembrar o jogador de outras grandes franquias do mundo aberto, como os Assassin’s Creed mais recentes (Origins e Odyssey) e também de The Witcher 3, seja pelo esquema de missões e progressão, seja pelo mapa cheio de pontos te interrogação só esperando para te desviar do caminho principal do jogo.
Para navegar entre os objetivos, o jogo trouxe uma abordagem diferente da abordagem de “siga a linha pontilhada” que outros jogos do gênero adotam. Ao invés disso, você é guiado pelo vento, que sempre aponta para o seu próximo objetivo. Este é um detalhe que pode parecer bobo, mas que ajuda o jogador a enxergar o que está acontecendo à volta dele melhor, já que você não está sempre olhando pra baixo atrás de uma linha pontilhada.
Como é o combate de Ghost of Tsushima
O combate de Ghost of Tsushima é bastante prazeroso de se jogar. Ele não é um hack and slash, e requer habilidade na hora de enfrentar seus inimigos. Para tal, você conta com um ataque rápido e um ataque forte que serve tanto para causar bastante dano quanto para quebrar a postura do seu inimigo.
Ao todo, existem quatro classes de inimigos que você enfrenta no jogo (além de animais), e para cada uma delas, Jin deve usar um estilo de combate diferente. Além de golpes de espada e também de golpes furtivos, Jin ainda desenvolve outras habilidades, como arremesso de Kunais, arco e flecha e assim por diante.
Todos os combates e missões que você faz servem para aumentar a sua lenda como Fantasma de Tsushina, e conforme você vai ganhando mais e mais notoriedade, uma barra de nível vai subindo e então lhe permitindo desbloquear novas habilidades dentro do jogo. Além disso, você também pode coletar recursos e dinheiro para melhorar a armadura e as armas do seu personagem.
Gráficos e som
Graficamente, Ghost of Tsushima é um jogo que tem gráficos simples no que diz respeito aos modelos dos personagens e do cenário, mas a fotografia dele é tão bonita que acaba compensando isso. O jogo não vai lhe tirar o fôlego com expressões faciais e animações tão realistas quanto em The Last of Us Parte 2. Apesar disso, mas a combinação de cores das paisagens de Tsushima aliada à ambientação que o jogo cria certamente acaba compensando a simplicidade dos gráficos.
Um dos pontos que mais chama a atenção nisso é como as matas e folhagens se mexem conforme o vento sopra para indicar você aos próximos objetivos. É estranho a princípio, mas você acaba se acostumando com o tempo. Felizmente, o jogo não conta com nenhum travamento perceptível, e as telas de carregamento (mesmo para a viagem rápida) são rápidas o suficiente.
A trilha sonora de Ghost of Tsushima e, principalmente, a dublagem em japonês do jogo, entretanto, merecem muitos elogios. O principal destaque aqui vai para Kazuya Nakai, mesmo dublador de Zoro, em One Piece, que coloca todo o peso da voz dele ao dar vida a Jin Sakai. O jogo também conta com dublagem em português no lançamento, além da opção de você escolher qual idioma e qual dublagem e menus independentemente, um ponto sempre positivo a ser ressaltado.
Mas e aí, Ghost of Tsushima vale a pena?
Ghost of Tsushima é um sandbox que dá gosto de jogar. O jogo une um combate divertido a missões variadas e toneladas de objetivos secundários fazem você se perder em belíssimas paisagens. Tudo gira em torno da cultura samurai, e você facilmente pode passar o dia todo fazendo só mais um objetivo ou uma missão. Se esse realmente for o último exclusivo do PlayStation 4, é uma ótima forma de se despedir da geração.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS4 Pro fornecida pela PlayStation do Brasil.
Resumo para os preguiçosos
Ghost of Tsushima é um sandbox que dá gosto de jogar. O jogo une um combate divertido a missões variadas e toneladas de objetivos secundários fazem você se perder em belíssimas paisagens. Tudo gira em torno da cultura samurai, e você facilmente pode passar o dia todo fazendo só mais um objetivo ou uma missão. Se esse realmente for o último exclusivo do PlayStation 4, é uma ótima forma de se despedir da geração.
Prós
- Divertido sistema de combate
- Excelente ambientação
- Belíssima fotografia
- Dublagem nota 10
- Aquele tipo de jogo que vicia você em caçar objetivos
Contras
- As animações, principalmente as faciais, deixam um pouco a desejar