A franquia Gears of War foi a franquia que inaugurou de verdade a nova geração de consoles na época que o Xbox 360 era a nova geração de consoles. Com o passar dos anos, outros jogos investiram na ideia de um jogo de tiro em terceira pessoa com cobertura, mas Marcus e companhia sempre mantiveram a vantagem e mostraram como os jogos desse tipo devem ser feitos, em conjunto com a Unreal Engine. Com a chega da do Xbox One e da Unreal Engine 4, será que Gears of War 4 consegue manter esse padrão mesmo tendo migrado para uma nova desenvolvedora?
Gears of War 4 inicia-se 25 anos após os eventos de Gears of War 3, e, durante o jogo, você assume o papel do filho de Marcus Fenix, JD Fenix. O jovem, junto com seu amigo Del e a jovem Kait começam o game atacando uma base da COG, esquadrão do qual JD e Del desertaram, para roubar um Fabricator, item necessário para restaurar a eletricidade da vila de Kait, que não está dentro do escopo do COG. Nesse começo, já nos fazemos várias perguntas, como por exemplo, “Por que JD e Del desertaram?”, “Como eles e Kait se conheceram?”, “O que aconteceu com Sera após a guerra?” e assim por diante, e prepare-se, pois a maioria dessas perguntas, e as que surgem durante o jogo, acabam ficando sem resposta mesmo após o fim da campanha.
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Voltando ao início, o jogo começa com um ataque a uma base, e vocês acabam descobrindo que o mundo é comandado pela COG e que robôs cuidam de locais que estão sendo reconstruídos e repovoados, e eles são os seus inimigos pelos primeiros dois capítulos. Durante esse começo, as coisas são um pouco devagar, principalmente no primeiro deles, e a ação realmente só aumenta mesmo após você encontrar Marcus Fenix, que não tem lá a melhor relação do mundo com JD (outra pergunta da qual ficamos sem a resposta, por que eles não se dão bem?). JD e companhia vão atrás de Marcus porque a vila onde eles estavam é atacada por um enxame de monstros que ninguém sabe explicar o que é e, como todos foram abduzidos por esses monstros, incluindo a mãe de Kait, você deve ir atrás deles.
Gears of War 4 é basicamente uma missão de salvamento de uma provável nova trilogia que vai nos apresentar uma nova guerra, mas a ideia do jogo é dar uma pequena (e bota pequena) introduzida nessa grande guerra que está por vir, infelizmente, a história deste episódio acaba sendo a pior das histórias dos capítulos de Gears of War numerados (não, ela não é pior do que a de Judgement, Judgement é bem mais ou menos mesmo). Comparando Gears 4 com os jogos antigos da franquia, podemos notar que a The Coalition, ao assumir a franquia da Epic Games, acertou em algumas coisas e ainda não pegou o jeito em outras.
A começar pelo positivo, o design de missões e a própria campanha tem o feeling de uma campanha de Gears of War. Realmente, eu me senti jogando o quarto capítulo da franquia, o ritmo da campanha é bem executado, principalmente dos capítulos 3 a 5, que são quando o jogo começa de verdade. Só é uma pena que ele realmente demora um pouco para começar, e as partes em que você joga contra os DBs são bem mais ou menos. Apesar de não dar spoilers sobre a campanha, precisamos conversar um pouquinho sobre os novos inimigos do Enxame. Eles são basicamente Locusts com novos poderes e uma nova aparência e, como inimigos, eles apresentam uma boa variação, e fazem sentido na sua existência. Você vai ver inimigos novos e inimigos antigos aqui, e eles são apresentados e colocados nos desafios de boa maneira.
A variação no gameplay da campanha também é bem colocada, já que há missões onde você anda de moto, há missões onde você usa um robô para acabar com inimigos e também há missões onde o jogo te coloca dentro de um mini modo horda, com você tendo que construir fortificações e colocar torretas automáticas e coisas do tipo para evitar que os inimigos acabem com você. Essas partes são legais, e convidam o jogador a depois testar o próprio modo horda do jogo, que é mais um dos destaques de Gears of War 4.
Um detalhe, apenas, que eu realmente não gostei foi o chefe final do jogo, cujo desafio não tem muito a ver com o da campanha, e acaba sendo bem chato pela dificuldade do jogo de detectar que você quer executar o ataque mortal no momento em que ele pede e, como a janela de ação para executar esse comando é bem pequena, você vai acabar perdendo uma boa meia hora enfrentando um inimigo que poderia ser moto em 8~10 minutos caso o jogo funcionasse como deveria nesse momento. De modo geral, a campanha de Gears of War é bemdivertida e raramente apresenta aqueles “momentos de frustração” quando o jogo parece que quer te sacanear e você fica morrendo indefinidamente.
Infelizmente, não podemos falar o mesmo da história de Gears of War 4. Como eu comentei anteriormente, ela é a mais fraca da franquia numerada, seja porque JD não é um personagem interessante, já que a única característica dele é “estar de cara com papai”. Del e Kait, entretanto, são bons personagens, principalmente Del, que faz excelentes comentários durante o jogo. Como Marcus participa de mais ou menos 3/5 da campanha, parece que todo mundo no seu esquadrão é mais interessante do que o personagem principal do game.
E, como eu havia comentado anteriormente, o jogo se presta a te deixar com um milhão de perguntas não respondidas que certamente são para que essas histórias sejam desenvolvidas nos próximos jogos da franquia, mas sinceramente? Se o jogo tivesse encurtado o começo dele, principalmente os capítulos 1 e 2, e tivesse gasto mais tempo talvez em flashbacks ou em momentos que explicassem essas perguntas, eu teria ficado com uma sensação melhor sobre a história de Gears of War 4. Infelizmente, não é esse o caso, e a história acaba sendo um ponto bem decepcionante dessa nova saga que está começando no Xbox One.
Um exemplo que podemos dar de como a história deixa a desejar é um momento logo no começo do jogo, quando a vila é abduzida. Você encontra nesse momento um inimigo que é uma espécie de General Raam da nova geração, mas tanto o aparecimento dele, quanto depois o confronto com ele mesmo, acabam deixando algo a desejar, é como se ele fosse uma versão de camelô de um inimigo que marcou uma geração da franquia, tanto que acabou depois ganhando um DLC contando a própria história dele. Nesse novo inimigo, você não sabe o nome dele, muito menos a motivação dele, e o resultado disso acaba sendo só que ele é mais um inimigo feio que você enche a cara de balas. Curiosamente, se você nunca tiver jogado nenhum game da franquia, e quiser entrar de cabeça na história de Marcus e companhia, é possível, já que o jogo traz como bônus os quatro capítulos da franquia lançados no Xbox 360: Gears of War, Gears of War 2, Gears of War 3 e Gears of War: Judgement.
Agora, falemos um pouco sobre os modos de multiplayer do jogo. Como eu havia comentado anteriormente, o modo horda é o grande destaque dos modos de multijogador. Aqui, você e mais jogadores desconhecidos ou amigos enfrentam ondas e ondas de inimigo e tentam chegar até a última vivos. Sinceramente? Eu sempre gostei do modo horda em Gears of War, e isso sempre acabou alongando bastante a vida do jogo. Eu havia comentado que a falta de um modo horda em Gears of War Ultimate Edition era um ponto negativo do jogo. Aqui, ela é um ponto forte do game, e é muito divertido jogá-lo. Além disso, o jogo ainda conta com os clássicos de jogador versus jogador, que também fazem sem papel de alongar a vida do game e, apesar de ter jogado eles, eu ainda prefiro ficar com o modo horda. Nada contra quem goste, mas para mim, Gears of War funciona muito melhor no modo PVE do que PVP.
Graficamente, Gears of War 4 é um espetáculo. Se Gears of War original mostrou o que a Unreal Engine podia fazer para levar os jogos ao próximo nível no Xbox 360, Gears of War 4 consegue fazer o mesmo no Xbox One. Os gráficos do jogo são muito bonitos, e toda a ação ocorre de modo fluído, mesmo quando há um monte de coisas acontecendo na tela, como explosões, trovoadas, raios e assim por diante. Não foi uma nem duas vezes que eu parei para olhar os gráficos do jogo enquanto o couro comia para apreciá-los. A trilha sonora de Gears of War 4 é boa, apesar de ser mais usada mesmo para ser um pano de fundo para tudo o que está ocorrendo, e não um destaque. O jogo conta com uma excelente dublagem em inglês e uma dublagem na média em português, além das legendas tradicionais. Infelizmente, não é possível jogar com o áudio em inglês e as legendas em português, o que seria ótimo.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox One comprada pelo Critical Hits.
Resumo para os preguiçosos
Gears of War 4 é um sucessor digno da franquia e conta com ação muito bem trabalhada, esplendor gráfico e muitas horas de diversão, seja na campanha (solo ou coop) seja nos variados modos multiplayer do jogo (com destaque para o modo horda). Infelizmente, o jogo não conta com uma história que esteja à altura dos capítulos numerados da franquia Gears, e deixa muitas perguntas para serem respondidas nos próximos jogos, mas eu tenho certeza absoluta que fãs da franquia vão gostar do que encontrarão nesse jogo.
Prós
- Belíssimos gráficos
- Modo horda muito bem feito (e presente desta vez!)
- Boa ação durante a campanha
- Excelente dublagem
- Os quatro jogos da franquia para o Xbox 360 como bônus
Contras
- A campanha começa meio lenta e demora um pouco para acelerar
- Um chefe final bem chato
- Muitas perguntas e poucas respostas sobre esse novo capítulo na história de Gears
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