Pouco mais de um ano após fazer sua estreia no PlayStation 5, Final Fantasy XVI chegou aos PCs para fazer você pensar que talvez esteja na hora de trocar de hardware. Bastante impressionante do ponto de vista técnico no console, o RPG da Square Enix já mostrava nele que ia ser um grande teste para CPUs e GPUs, especialmente as intermediárias.
No entanto, embora o game realmente chegue sendo exigente, ele ainda assim consegue surpreender por não ser um port que parece exagerado demais para o que entrega. Caso você esteja disposto a fazer algumas concessões visuais, e não tenha medo de usar as ótimas opções de upscale disponíveis, é possível ter uma experiência que combina ótimos framerates com visuais atraentes.
Final Fantasy XVI melhor o que já era bom
Final Fantasy XVI conta a história de Clive Rosfield, um jovem cavaleiro que vê seu mundo desabar em uma noite. Ele vive em um momento de fantasia, no qual algumas pessoas são escolhidas para serem Dominantes, representações vivas de criaturas extremamente poderosas — e, por isso mesmo, tão temidas quanto são veneradas.
No caso, o protagonista tem o objetivo de proteger Joshua, seu irmão mais novo e frágil que nasceu com o poder de representar a Fênix. Tudo parecia correr bem até que, em uma noite, um exército inimigo ataca a família e os exércitos dos protagonistas, matando quase todos no processo.
Joshua consegue sobreviver graças à manifestação da Fênix, mas sua vitória não dura muito tempo. Logo em seguida surge um novo Dominante do Fogo — Ifrit —, que, descontrolado, mata o jovem. Clive testemunha toda a situação e faz de seu principal objetivo de vida matar a nova criatura (o que ele não sabe, mas o público descobre logo de cara, é que o personagem é a encarnação dela).
Com muitos tons sombrios e alguns momentos de ritmo um tanto incertos, Final Fantasy XVI cumpre o objetivo de contar uma história madura e que engaja do começo ao fim. No entanto, este não é um review focado nessas qualidades ou no sistema de combates divertido — para isso, você pode ler nossa análise original da versão PlayStation 5.
Falando estritamente do que o jogo tem a oferecer no PC, é preciso afirmar que ele ganha pontos por conseguir ir além da qualidade visual do PS5. Caso você tenha uma máquina poderosa o bastante, é possível aproveitar de um nível de detalhes ainda maior, tornando o que já era bonito em algo ainda mais impressionante.
No entanto, a principal vantagem dos computadores é a resolução, especialmente para quem busca desempenho. Se no console da Sony o modo desempenho de 60 FPS era marcado por artefatos visuais e um desempenho instável, os dois elementos somem caso você tenha uma GPU dentro do recomendado, especialmente da NVIDIA.
Em nossos testes, o DLSS foi um grande diferencial para o game, garantindo um ótimo equilíbrio entre qualidade de imagem e desempenho. O FSR 3 com gerador de quadros até foi mais eficiente em atingir (ou superar) os 60 FPS com pouco consumo de GPU, mas ele faz isso em troca de muitos artefatos e “fantasmas visuais”, só valendo a pena para quem tem hardwares mais discretos.
Port traz algumas instabilidades pontuais
É preciso observar que, a não ser que você tenha a placa mais top de linha do mercado, Final Fantasy XVI ainda é um jogo marcado por algumas instabilidade. Durante cenas aparentemente aleatórios, o jogo vai atingir picos de 100% de uso da GPU, derrubando um pouco seus frames — que vão voltar ao patamar médio logo em seguida.
Felizmente, isso não resulta mais nos stutters presentes na demonstração lançada há algumas semanas no Steam, mas quem busca os sonhados 60 FPS estáveis pode ficar decepcionado. O recomendado é ou diminuir questões como sombras e detalhes de ambientes para garantir que há “sobra” de recursos, ou se acostumar com o fato de que algumas cenas de ação podem trazer certas instabilidades de frames.
Também vale notar que o jogo é muito mais dependente de GPU do que de CPU, o que fica especialmente evidente em suas cenas mais intensas. Curiosamente, elas não precisam envolver ação para se tornarem exigentes: locais com muita folhagem ou sombras, por exemplo, também podem derrubar o desempenho temporariamente durante a transição de cenas.
Para efeitos de transparência, usamos um sistema com uma CPU Intel Core i9 9900K, RTX 3080, 32 GB de RAM e um SSD M.2 de 1TB para testar o jogo, que rodou de forma bastante estável com quase todas as configurações (menos as sombras) no máximo. Os 60 FPS praticamente estáveis foram conseguidos usando o DLSS no modo desempenho, e a resolução escolhida foi da de 2560×1440 pixels.
Final Fantasy XVI no PC vale a pena?
Desde antes de chegar ao PC, Final Fantasy XVI já deixou bastante claro que ia ser um jogo pesado e que já tinha tirado bastante do PlayStation 5. Em geral, dá para afirmar que a Square Enix fez um bom trabalho de port, embora pudesse ter tomado um pouco mais de cuidado na maneira como o título usa a GPU.
Felizmente, os updates que ela lançou para a versão de demonstração mostram que, se o RPG pode nunca ficar perfeito, ainda há espaço para ele ganhar melhorias. Em seu estado de lançamento, ele está bom o bastante para ser bem aproveitado, mas pode ser preciso fazer alguns sacrifícios visuais no processo.
Ainda assim, para quem tem o hardware adequado, a versão PC é a melhor forma de aproveitar a bela apresentação de Final Fantasy XVI, sem abrir mão do desempenho. No entanto, só quem tiver uma máquina realmente parruda com componentes de última geração vai aproveitar o máximo do que ele oferece — algo que, infelizmente, está se tornando comum para os jogos Triplo A lançados nos últimos anos.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Pouco mais de um ano depois de chegar aos consoles, Final Fantasy XVI estreia no PC lembrando a todos da qualidade do trabalho da Square Enix. Embora aqueles que possuem máquinas medianas possam ter alguma dor de cabeça em encontrar as configurações otimizadas, em geral a Square Enix fez um belo trabalho em sua adaptação do RPG.
Prós
- Port competente
- Muitas configurações disponíveis, incluindo vários upscalers
- Uma combinação de história e ação excelentes
Contras
- Tem picos estranhos de consumo de GPU
- Faltou suporte a monitores ultrawide
- Cenas de corte travadas em 30 FPS