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Enshrouded – Análise – Vale a Pena – Reviews

Lançar jogos em Early Access na Steam virou uma prática recorrente nos últimos tempos. O problema é que, na maioria das vezes, os jogos acabam entregando muito pouco e se escondem atrás de uma proposta de entregar conteúdo aos poucos para vender jogos incompletos por um valor “cheio”. Porém, para nossa graça e alegria, não é o caso de Enshrouded, da Keen Games, que já nos entrega uma experiência rica e envolvente, apesar de estar ainda em desenvolvimento.

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Enshrouded é um jogo de sobrevivência em mundo aberto que se passa no cenário pós apocalíptico de Embervale. Nesse mundo que já viu dias melhores, um nevoeiro conhecido como Shroud consumiu e corrompeu tudo que existia, deixando apenas frangalhos daquilo que um dia já foi uma sociedade amigável e evoluída. O jogador assume o papel de um Flameborn, um herói que não está morto nem vivo, mas que acaba se tornando a última esperança do mundo.

Ao mesmo tempo em que Enshrouded oferece uma sensação de novidade e frescor ao gênero de jogos de sobrevivência, vemos também que ele se apoia em uma série de mecânicas já conhecidas de outros jogos, que talvez nunca tenham sido combinadas dessa forma em um jogo do tipo. O combate lembra bastante jogos no estilo Soulslike, enquanto a exploração tem forte inspiração em Zelda: Breath of the Wild e similares. Já a sobrevivência em si tem inspirações de vários jogos diferentes, e oferece mecânicas simples e ousadas para que você consiga se manter vivo.

Reprodução: Keen Games

Desde o primeiro momento, Enshrouded deixa claro que o mundo de Embervale é hostil e perigoso. Você tem liberdade de escolher seus próprios caminhos conforme avança no jogo, mas será penalizado e provavelmente morto se não prestar atenção ao seu equipamento antes de sair explorando por aí. Essa liberdade com responsabilidade é o que tem levado muitos a comparar Enshrouded ao “Elden Ring” dos jogos de sobrevivência, uma comparação que não parece exagerada.

Como já mencionado antes, o combate é simples e eficaz. O jogador pode atacar, defender e esquivar conforme a necessidade. Dominar cada aspecto do combate é o que vai fazer você sobreviver ao próximo inimigo, ou não. O jogo também oferece um intrincado sistema de classes, onde o jogador pode basicamente montar o que quiser. Se você gosta de resolver as coisas na base da pancadaria, vista seu escudo e prepare-se. Prefere ir de mago e abusar da magia? Encontre seu cajado preferido e mantenha a distância. Já se você prefere uma abordagem mais furtiva, foque no arco e flecha, nos ataques pelas costas e na exploração dos elementos do cenário, como barris explosivos, armadilhas e etc.

Reprodução: Keen Games
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Para melhorar seu personagem de acordo com seu gosto, o jogo também oferece um interessante sistema de árvore de habilidades, onde você pode investir de acordo com o caminho escolhido. Você ganha certas runas para isso conforme enfrenta inimigos e vai explorando o cenário, mas não espere que Enshrouded pegue na sua mão e lhe diga quais são as habilidades que você deve investir se quiser um bom mago, por exemplo. Se no final das contas o seu mago não for bom o suficiente para dar conta dos desafios, isso significa que você vai precisar revisar suas escolhas e entender melhor como funciona a sinergia entre as habilidades.

Porém, assim como em todo jogo Soulslike, Enshrouded oferece a capacidade dos jogadores ineptos como este que vos escreve, disfarçarem sua falta de habilidade com equipamentos de qualidade. A diferença aqui é que, ao invés de achar seus equipamentos pelo cenário, você precisará criá-los do nada, conforme for liberando novidades dentro do jogo.

Reprodução: Keen Games
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Uma das partes que achei mais legal é quando você descobre que pode “salvar” algumas pessoas para ajudá-lo na sua jornada. O primeiro a ser liberado é o Ferreiro, que exige que você se aventure pela névoa maldita e enfrente uma penca de inimigos mais desafiadores do que aparentam para liberá-lo. Depois, basta convocá-lo para sua vila e uma nova miríade de equipamentos e ferramentas poderão ser produzidos pelo jogador.

Outro ponto de destaque de Enshrouded é a presença de ferramentas como o gancho e o planador. O primeiro é bastante direto e permite que você alcance determinados locais com um gancho, no melhor estilo homem-aranha. Já o segundo é a verdadeira cereja do bolo, já que o planador permite que você cubra grandes distâncias em pouco tempo planando pelo mapa. É mais ou menos como o paraglider de Zelda: Breath of the Wild, mas com suas próprias nuances e desafios, especialmente no início do jogo.

Reprodução: Keen Games
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Como Flameborn, você pode levar pequenas chamas consigo e construir santuários que te protegem do Shroud. Nesses santuários é onde você acaba encontrando espaço e segurança suficiente para construir sua cidade e armazenar seus recursos. Esta mecânica de construção e gerenciamento de recursos adiciona uma camada extra de estratégia e planejamento ao jogo.

O jogo também é todo construído em Voxels, o que permite que você manipule o cenário da maneira como quiser – ou pelo menos como a sua ferramenta permitir. Não é algo super funcional que lhe dê liberdade e facilidade de manipulação, mas é bom e divertido. Embora a construção possa não ser tão refinada quanto poderia ser, e às vezes possa ser um pouco frustrante, especialmente ao tentar construir estruturas mais complexas, ela ainda oferece uma dimensão criativa interessante ao jogo.

Reprodução: Keen Games
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Digo isso porque o sistema de construção me pareceu pouco polido. Construir um telhado às vezes é bastante desafiador, já que o jogo nem sempre reconhece o local onde você deseja ancorar as suas peças e a experiência de construção como um todo acaba se tornando algo frustrante.

A beleza de Enshrouded, no entanto, reside em sua capacidade de oferecer uma experiência geral muito satisfatória, tanto no que diz respeito ao enredo quanto às mecânicas em geral. Os aspectos mais fracos, como a construção mencionada acima, possuem amplo potencial de serem melhorados, especialmente considerando que o jogo ainda está em Early Access.

Reprodução: Keen Games
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Também existe bastante espaço para manobra em outros aspectos que não chegam a ser negativos. O enredo e a história do mundo de Enshrouded são contados, na maioria das vezes, através de livros e manuscritos que você encontra espalhados pelo cenário – algo bem parecido com Dark Souls e similares. Não é uma abordagem ruim, mas talvez não seja a mais eficaz para contar a história dentro de um jogo como Enshrouded. A parte positiva disso tudo é que o pessoal da Keen Games parece estar bastante atento aos apelos da comunidade, e ao que tudo indica, pretende fazer alterações significativas com o passar do tempo, caso aspectos como esse que mencionei acima não agradem os jogadores.

Em suma, Enshrouded se destaca por já ser uma das melhores experiências de jogos de sobrevivência na Steam, e ainda conta com um amplo roadmap de desenvolvimento que promete tornar o jogo ainda melhor. Se você tem medo de comprar jogos na modalidade Early Access, justamente por não saber quando está comprando um projeto de jogo ou um golpe na forma de jogo, não se preocupe, Enshrouded se encaixa perfeitamente no primeiro caso e provavelmente vai se tornar um jogo memorável quando finalmente lançar sua versão 1.0.

Resumo para os preguiçosos

Enshrouded é um jogo de sobrevivência em mundo aberto, ambientado no cenário pós-apocalíptico de Embervale, onde os jogadores assumem o papel de um Flameborn, um herói entre a vida e a morte. O jogo mistura mecânicas de sobrevivência com elementos de RPG, oferecendo combate ao estilo Soulslike e exploração inspirada em Zelda: Breath of the Wild. Apesar de estar em Early Access, Enshrouded já se destaca por sua jogabilidade envolvente, liberdade de exploração e sistema de classes flexível, prometendo ainda mais melhorias no futuro.

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Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  1. Combinação inovadora de mecânicas de sobrevivência com elementos de RPG.
  2. Ambientação em um mundo pós-apocalíptico intrigante.
  3. Sistema de combate desafiador e eficaz, inspirado em jogos Soulslike.
  4. Exploração ampla e variada, com inspiração em Zelda: Breath of the Wild.
  5. Flexibilidade no sistema de classes, permitindo personalização do estilo de jogo.
  6. Inclusão de ferramentas úteis como gancho e planador.
  7. Desenvolvimento com atenção ao feedback da comunidade.

Contras

  1. Sistema de construção pouco polido e por vezes frustrante.
  2. Limitações iniciais em algumas ferramentas de exploração, como o planador.
  3. Por estar em Early Access, o jogo ainda pode apresentar bugs ou falta de conteúdo completo.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.