Cyberpunk 2077: Phantom Liberty vale a pena? Análise – Review

A vida não costuma nos dar segundas chances, mas ao que tudo indica, isso não se aplica a jogos eletrônicos. Cyberpunk 2077, lançado em 2020, não foi bem recepcionado pelos fãs à época, já que sua experiência ficou abaixo da expectativa. Agora, em 2023, a CD Projekt Red tem a chance de reverter a situação com o lançamento da DLC Phantom Liberty.

• Inscreva-se no nosso canal do Youtube!

Antes de mergulharmos fundo, deixe-me esclarecer que esta análise será apresentada em duas partes distintas. Uma delas abordará a DLC Phantom Liberty, seu enredo, jogabilidade, novidades e principais adições à campanha principal. A outra vai focar no update 2.0, que transformou Cyberpunk 2077 em algo totalmente diferente daquilo que vimos em 2020.

O update 2.0 pode muito bem ser a estrela do show, ofuscando até mesmo a própria DLC Phantom Liberty. Na verdade, é possível dizer que o sucesso e a recepção de Phantom Liberty estão diretamente ligados às novidades apresentadas nesta nova atualização, que não só melhora o jogo como um todo, como também reforma suas principais características, dando um ar totalmente novo a uma experiência já conhecida.

Vamos fazer uma rápida viagem no tempo, de volta aos turbulentos dias finais de 2020.. Quando Cyberpunk 2077 foi lançado, uma chuva de críticas varreu a internet, difamando a experiência do jogo. Também pudera! Afinal, Cyberpunk 2077 talvez tenha sido o jogo mais aguardado da última década, tanto por fãs da CD Projekt Red quanto por consumidores mais “independentes”.

Não vale a pena voltar a citar todos os problemas que o jogo apresentou no lançamento. Porém, é interessante tentar compreender como a CD Projekt Red tentou arrumar a casa nos últimos anos, oferecendo uma série de updates que, aos poucos, iam consertando problemas aqui e ali.

Levaram três longos anos até que o famigerado update 2.0 estivesse pronto para lançamento, e sinceramente, rejogar Cyberpunk 2077 agora é como ter acesso a um game completamente diferente, funcional, divertido e marcante!

Trocando em miúdos, é como se Cyberpunk 2077 tivesse sido lançado em Early Access em 2020, e agora finalmente nos fosse apresentado em sua versão completa, reformulada e cheia de melhorias na história e na jogabilidade.

Mas por que essa atualização é tão importante para Phantom Liberty? Será que a DLC sozinha não conseguiria ser atrativa ao ponto de cooptar novos jogadores? Bem, talvez. O enredo e o plot de Phantom Liberty são realmente incríveis, mas você dificilmente obterá algo bom investindo em algo que não é bom. E na minha opinião, Cyberpunk 2077 só se tornou um jogo realmente bom após a atualização 2.0, e não consigo ver o update e a DLC como sendo algo separado.

A atualização 2.0 deu uma grande reformulada em um dos aspectos mais “sem sal” de Cyberpunk 2077: os perks. Agora, o jogo ostenta uma árvore de habilidades robusta e coerente, oferecendo uma sensação de progressão mais palpável e gratificante. Chegava a ser absurdo lembrar que Cyberpunk 2077 é uma obra baseada em um livro de RPG, e que ainda assim não era capaz de apresentar um sistema de progressão de níveis compatível com um RPG decente.

Outro aspecto que sempre foi muito debatido dentro de Cyberpunk 2077 eram os implantes. Afinal, a versão do jogo de 2020 deixava um pouco a desejar com os implantes oferecidos e principalmente com a forma como você interagia com essas melhorias. Agora, o jogador pode não só adquirir peças e implantes melhores do que nunca, como também pode liberar novos espaços para modificação, obtendo assim a oportunidade de transformar o jogo da maneira como você desejar.

O combate veicular e o próprio sistema de trânsito do jogo estão finalmente funcionais! Antes, andar pelas ruas de Night City era um caos completo! Carros surgindo do nada, veículos que não respondiam aos comandos do jogador e principalmente carros de polícia que surgiam do nada durante perseguições! Agora, não só o sistema está muito parecido com algo baseado em GTA e similares, como também temos um combate veicular frenético e muito divertido! Fugir da polícia não é mais chato e irritante. É empolgante, divertido e arriscado! Tudo que você precisava para sentir vontade de repetir sempre que puder.

Isso sem falar nas melhorias de interface, na inteligência artificial dos NPCs e até mesmo do desempenho e do Ray Tracing em alguns modelos de VGA mais recentes. Só o que citamos até aqui já seria suficiente para uma análise de Cyberpunk 2077, mas não se engane, caro leitor. Nem começamos a falar de Phantom Liberty ainda.

Além de todas as novidades da atualização 2.0, o pacote de conteúdo adicional de Phantom Liberty adiciona um novo capítulo da história de V, em um novo e perigoso distrito de Night City.

O brilhantismo de Phantom Liberty reside, talvez, na sua integração orgânica e fluida na narrativa já estabelecida de V. De uma certa maneira, a história de Phantom City é tão orgânica, que realmente passa a sensação de um conteúdo adicional de RPG. É como se não fosse uma continuação, mas sim um complemento ao enredo e ao desenvolvimento do personagem, que além de uma nova aventura, adiciona também um novo propósito.

Em Phantom Liberty, V acaba se emaranhando em uma trama robusta de suspense e espionagem, digna dos melhores filmes dos anos 80. Nela, o jogador acaba se aliando ao governo dos NEUA como agente secreto da presidente Rosalind Myers, e precisa descobrir quem está tramando contra a principal representante política dos Novos Estados Unidos da América no meio do distrito de Dogtown.

A missão inicial começa de um jeito estranho, com V sendo contactado por uma desconhecida que mais tarde descobrimos se chamar Songbird, que de alguma forma parece conhecer não só a condição de V e Johnny Silverhand, como também uma forma de ajudá-los. A forma como essa desconhecida cativa V para a missão que abre as portas de Phantom Liberty é um pouco forçada, mas acaba valendo a pena por tudo que acontece a seguir.

Aos poucos, V descobre que obter ajuda para o seu problema não é tão fácil quanto parece. Logo na primeira missão de Phantom Liberty, o jogador tem a oportunidade de conferir tudo que o novo e reformulado combate de Cyberpunk 2077 tem a oferecer. Além disso, o jogador também acaba recebendo acesso a uma nova árvore de habilidades exclusiva do chip Relic, que adiciona mais uma camada de evolução de personagem.

Além do enredo magnífico, Phantom Liberty conta com um elenco de personagens absolutamente grandioso. Idris Elba acaba assumindo o papel de Solomon Reed, um membro da Agência Federal de Inteligência capaz de se infiltrar em qualquer lugar, e que tem como missão principal atuar em conjunto com V para desenrolar a trama misteriosa que ameaça a existência dos NEUA.

Enquanto estiver em Dogtown, o jogador terá acesso a uma miríade de novas missões com recompensas sensacionais, além de novas armas, veículos e itens em geral. Some isso ao reformulado sistema de craft e ao novo sistema de reputação, e obtemos um dos melhores lançamentos de DLC de todos os tempos.

É impressionante o que a CD Projekt Red conseguiu fazer com Cyberpunk 2077. É quase como se eles tivessem conseguido tirar o jogo do limbo e torná-lo algo capaz de brigar pelo título de jogo do ano, anos após o seu lançamento original.

Se você jogou Cyberpunk 2077 lá atrás e acha que não vale a pena tentar novamente porque “já viu tudo que o jogo tinha a oferecer”, repense sua decisão. Mesmo as missões mais básicas do jogo original podem lhe oferecer decisões e experiências totalmente novas graças ao update 2.0. E se isso não bastar, o jogador tem horas e mais horas de conteúdo inédito disponível em Phantom Liberty.

Antes de encerrar, não posso deixar de mencionar a questão dos bugs que ainda permeiam a experiência. A versão a que tivemos acesso apresentou pequenos bugs pontuais em momentos muito específicos do jogo. Percebi uma movimentação estranha durante o treinamento de combate e uma pequena falha na sincronização labial de Johnny Silverhand em uma das primeiras cutscenes. Fora isso, nada que tenha me chamado atenção. Isso significa que Cyberpunk 2077 está finalmente livre de bugs? Provavelmente não. Mas o que tive a oportunidade de experimentar para fazer esta análise me fez ter certeza de que o jogo está mais funcional do que nunca!

Em conclusão, a transformação de “Cyberpunk 2077” é nada menos que fenomenal, uma verdadeira fênix que renasceu de suas cinzas para se estabelecer como uma obra-prima na indústria dos videogames. A DLC “Phantom Liberty” não apenas amplia a narrativa intrigante e rica em detalhes de Night City, mas aprimora a experiência do jogo de uma maneira que honra as altas expectativas inicialmente depositadas no título. Juntamente com as melhorias substanciais trazidas pela atualização 2.0, agora temos em mãos um título que não só cumpre sua promessa, mas que transcende, oferecendo aos jogadores uma aventura envolvente e tecnicamente refinada que é difícil de abandonar. Se você estava hesitante em dar uma segunda chance a “Cyberpunk 2077”, permita que “Phantom Liberty” seja o convite sedutor que o traz de volta às ruas iluminadas por neon de Night City, para uma experiência de jogo revitalizada e mais imersiva do que nunca.