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Cuphead – Review

Crescer no final dos anos 80 e no começo dos anos 90 me proporcionou algo que certamente não é mais tão constante na vida das crianças: desenhos animados politicamente incorretos. Num mundo onde Peppa Pig gera textões gigantescos, educadores e pais provavelmente ficariam abismados se um desenho da atualidade fizesse como a Disney fez quando o Pato Donald forçou os três sobrinhos dele a fumarem uma caixa de charutos inteira para mostrá-los como aquilo fazia mal (e eu nunca toquei num charuto na minha vida provavelmente por causa desse episódio, viu como educa?), não é mesmo? Bom, Cuphead é um jogo que tenta resgatar, ainda que em parte, alguns dos desenhos dessa época, mais especificamente dos anos 30, e hoje vamos descobrir se o jogo, além de conseguir isso, também consegue entregar um bom produto.

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Em Cuphead, você controla Cuphead, um garoto que perdeu uma aposta com o diabo juntamente com o irmão dele, Mugman. Para não terem as suas almas coletadas pelo capeta, eles devem andar pelo mundo e coletar os contratos de almas das mais diferentes criaturas que estão devendo ao diabo, e você deve encarregar-se de que eles vão fazer isso.

Para isso, o jogo divide-se basicamente em três tipos de estágios: Run and Gun, fases tradicionais de jogos de plataforma onde você corre, atira e tenta não morrer (o que vai acontecer mais do que você imagina) e também as fases de chefe, onde você os enfrenta ou na forma normal, como você controla os personagens no Run and Gun, ou usando um avião, que é equipado com tiros e bombas.

A primeira coisa que notamos ao começarmos a jogar Cuphead é que o jogo é simplesmente lindo. A equipe de desenvolvimento do game conseguiu fazer um excelente serviço em criar gráficos que simulam um desenho animado dos anos 30 a 60, bem daquele tipo que nós alugávamos nas VHS do Mickey, do Pato Donald e Pateta. A animação é simplesmente soberba, e a trilha sonora do jogo também é muito, mas muito boa mesmo (inclusive, cuidado, pois a trilha pode incentivar você a querer fazer tudo correndo e te induzir ao erro, essa é mais uma das armadilhas que Cuphead esconde).

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Como está sendo comentado por aí, Cuphead é sim um jogo difícil, mas ele faz aquilo que muitos jogos tentam fazer e acabam fracassando: ser um jogo difícil porém justo. Cuphead não é aquele tipo de jogo que vai te matar do nada só pra provar que você tem que morrer várias vezes antes de passar das fases, ele vai te matar porque você ainda não aprendeu a vencer certos desafios. Isso faz toda a diferença entre criar uma experiência agradável e não apenas frustração, e a equipe de desenvolvimento do jogo fez um ótimo trabalho nesse ponto.

Cada uma das fases e dos chefes tem suas peculiaridades, e é bem improvável que você consiga passar de tudo na primeira tentativa. Para vencer os desafios, Cuphead conta com uma série de armamentos, como um disparo laser dos dedos (que pode ser alterado comprando upgrades), pulos, dashs no ar e um ataque enquanto ele pula. Nenhuma dessas habilidades é inovadora, mas elas são o suficiente para que você derrube os inimigos e vá aprendendo os padrões de ataques deles.

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Como eu comentei brevemente antes, os chefes são bem diferentes entre si, e cada um é uma montanha de desafios novos. Em todos os casos, eles possuem mais de uma fase de combate, e você provavelmente vai comentar com os amigos que também jogaram o game como os Sapos deram trabalho, ou como a Montanha russa te matou no finalzinho, e assim por diante. Em suma, o jogo faz um trabalho excelente em criar experiências memoráveis de combate que podem ser resgatadas daqui um ano ou daqui a 5 anos. Cuphead é bom assim, é aquele tipo de jogo que não vai envelhecer mal e que pode ser usado até mesmo para mostrar para crianças de hoje em dia como um jogo bonitinho pode ser difícil pra caramba, e como era o mundo dos desenhos animados na época em que nós e nossos pais eram crianças.

Além de oferecer um belo e difícil conteúdo, Cuphead ainda conta com uma campanha com bastante desafios. Ao todo, são 28 chefes espalhados em 4 ilhas, e você vai demorar algo entre 15 a 25 horas para completar o jogo. Considerando-se que ele está barato pra caramba no Steam (cerca de 30 reais no momento da elaboração desse review), ele vale muito a pena. No Xbox One, o jogo está custando cerca de 80 reais no momento, mas sinceramente? Eu não me arrependi nem um pouco do preço, Cuphead é tão bom que eu arrisco dizer que foi o melhor jogo que eu joguei até agora em 2017.

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Para completar, falando dos lados negativos do jogo. Cuphead é quase perfeito, só peca na falta de um modo coop online. Há apenas o coop local, onde dois jogadores enfrentam os desafios juntos, mas seria bem legal se desse para jogar pela internet.

Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox One comprada pelo autor.

Resumo para os preguiçosos

Cuphead é sensacional. O jogo combina muito bem uma animação soberba com alta (porém justa) dificuldade, e você certamente não vai se arrepender de comprar o game. Esse é aquele tipo de jogo quase único, onde você vai poder voltar a ele daqui a alguns anos e ter toda essa experiência de novo, além de poder compartilhar com os amigos memórias dos mais diferentes chefes do jogo. Em suma, Cuphead é um daqueles jogos que vão ser lembrados por anos, e um dos jogos obrigatórios de 2017.

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Nota final

100
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Excelente desafio e dificuldade na medida
  • Visuais simplesmente lindos
  • Trilha sonora espetacular
  • Bastante conteúdo

Contras

  • Não conta com modo coop online
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.