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Chroma Squad – Review

Eu sou um patriotista romântico apaixonado. Tudo que leva o nome do Brasil adquire uma porcentagem do meu amor só por ser feito por aqui. Joguei alguns jogos brasileiros, como Out There Somewhere, Mr. Bree, Master of Words, e são todos bons jogos. Mas não passam disso: bons jogos. Não me chamariam a atenção se não fossem brasileiros.

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Quando joguei Knights of Pen & Paper, a Behold Studios me conquistou. Foi o jeito HUEBR de fazer jogos levado a um nível nunca dantes navegado: aproveitar tudo que tem de bom em ser brasileiro pra driblar as dificuldades de criar jogos aqui. O humor do jogo, apresentando uma visão totalmente diferente e inovadora de uma mesa de RPG tornou o jogo algo único no mercado. E então eles anunciaram um jogo inspirado em super sentais.

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Eu não sou um grande entendedor de Ultraman, Changeman, Jaspion, até assistia um pouco de Black Kamen Rider e Winspectors. Mas eu posso afirmar que sou praticamente um especialista em Power Rangers. Quando em certo momento eles citam que devem fazer episódios mais dramáticos pra manter o público eu automaticamente lembrei da Ranger Rosa que morre no começo de Galáxia Perdida. Ou dos Megazords morrendo, afundando no vulcão. Um jogo inspirado em Power Rangers era um sonho, me gerou um hype surpreendente, o que tem 2 lados: o jogo tinha referências pra ser uma obra prima ou uma bela porcaria.

Não me entendam mal, eu amei Knights of Pen & Paper. Porém eu joguei ele na Steam. O jogo é claramente feito pra ser melhor apreciado num celular, pra se jogar numa fila de banco, no banheiro, na aula chata sobre empreendedorismo social. Não tem aquele algo a mais pra te prender na frente de um computador, é um pouco parado pra isso. Tinha medo de Chroma Squad seguir a mesma linha. Além do mais eles tiveram alguns problemas judiciais que impediram o jogo de ser lançado no ano passado. E se eles tivessem que modificar a ideia do jogo?

Felizmente o jogo conseguiu a situação mais rara do mundo: atender ao hype. Desde o menu principal, que começa com uma música em japonês típica dos super sentais, e até mesmo o trailer de lançamento, dizendo que eles sabiam que tinham atrasado o jogo, porém mostrando 3 “rangers” com capacetes de balde e uma música anunciando os features do jogo em japonês.

MAS AFINAL, COMO SE JOGA ESSA COISA?

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Bom, depois de segurar aquelas lágrimas héteros de nostalgia rolando pela barba no menu principal do jogo, começamos com um tutorial que explica mais ou menos como funciona um RPG tático (sim, no estilo Final Fantasy Tactics). 5 dublês estão gravando um episódio e, depois de uma luta simples para explicar as mecânicas do jogo, eles decidem mandar o diretor parar de gritar e ir pra uma porra, fugindo do set para montar seu próprio estúdio, num galpão velho do tio de um dos atores. Nesse momento podemos customizar nossa equipe, escolhendo que personagem vai cumprir qual das 5 classes, nomes, cores do uniforme, nome do estúdio, da equipe, do Mecha (aquele robô gigante que salva todo mundo no fim do episódio), o grito de “morfar” e etc.

O jogo é dividido em duas partes: gravar episódios, que consiste em ir pra luta, e a administração do estúdio entre um episódio e outro. A parte da luta segue a mesma linha de qualquer RPG tático: mover-se nos quadradinhos, atacar os inimigos adjacentes e usar habilidades. Cada ação feita dá mais audiência, mover-se dá um pouco, ataques especiais dá mais, que no final do episódio é revertida em dinheiro pro estúdio. Cada episódio tem um limite total de audiência, e depois de um tanto de audiência conquistado é possível “morfar” e usar todos os poderes, habilidades, armas e golpes em grupo para finalizar chefões. Além disso, no fim de alguns episódios os monstros ganham uma sobrevida e ficam gigantes, entrando em cena então o Mecha (ou Megazord, ou Daileon, enfim). O Robô gigante pode atacar ou se defender, sendo que cada golpe tem um percentual de chance de acertar, que vai diminuindo conforme o combo vai aumentando.

A parte de administração consiste em melhorarmos o estúdio, para conseguirmos melhorias para as lutas, como mais vida, mais audiência, desconto na loja e etc.; melhorar o robô, para ele ficar mais forte e adquirir habilidades especiais; contratar e customizar os atores, que não evoluem por experiência, mas sim por temporada completa, ganhando mais habilidades, além de armas e armaduras poderem ser equipadas; comprar equipamentos melhores na loja; contratar empresas de marketing para te dar apoio e angariar mais fãs, conseguir mais audiência, mais dinheiro e etc.; responder emails e a oficina. A oficina é o seu melhor amigo no jogo.

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Cada inimigo morto dropa um item, como fita crepe, algodão, tinta guache e etc, que são necessários para criar armas, armaduras e melhorias pro Mecha. Itens feitos na oficina não são tão fortes quanto os comprados na loja. Por exemplo, uma armadura da loja dá 20 de vida, uma da oficina vai dar 15. Porém a da oficina é feita com uma habilidade aleatória. Ou seja, 15 de vida e talvez 10% de chance de esquivar de golpes, o que torna o item muito mais proveitoso, além de ser “de graça”. Os equipamentos não podem ser vendidos na loja, mas podem ser reciclados (sente a indireta ecológica pras empresas que o jogo manda), tendo uma chance de serem revertidos em materiais, tornando a loja quase que inútil, já que o jogo te incentiva e a “craftar” cada vez mais equipamentos.

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O forte do jogo é o humor da Behold, que mais uma vez vem impecável. A história do jogo se desenvolve de uma maneira bem parecida com Knights of Pen & Paper, revelando o lado por trás da história em si (no caso os atores bolando os episódios). As situações mais esdrúxulas são desculpa pra gravar um novo episódio, como uma atriz ter de ir ao dentista e os demais aproveitando pra fingir que ela foi raptada. O jogo trata todos os tipos de assunto com esse humor escrachado. Em determinado episódio, por exemplo, eles decidem que uma civil em perigo deve ser resgatada, porém uma discussão sobre “por que sempre uma mulher é a indefesa da história?” se desenvolve, até que um dos atores (no meu caso Beevs, o castor) chama o Primo Luciano para fazer parte do episódio como o civil a ser resgatado. Provavelmente Luciano foi um colaborador do kickstarter que teve o seu nome inserido no jogo dessa maneira épica.

Tudo no jogo é piada. Os personagens pra escolha fazem referências ao mundo pop, como Uesley Naipes, que tem bônus com armas de fogo, Michonne (sim, sem trocar o nome) ou Arlete Johnson (que tem como nome padrão-sugerido Scar, para completar). Os itens na loja são piadas, como um capacete feito de balde, ou um agasalho feito pela mamãe. As falas dentro dos episódios, os emails recebidos, (até mesmo spams de “as fotos da festa ficaram ótimas”) tudo é tão bem trabalhado que eu tenho curiosidade de jogar o jogo em inglês, pois não acredito que seja possível traduzir algumas piadas mantendo o nível.

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A arte do jogo é excelente. Eu não gosto do estilo pixelado, acho que o jogo encaixaria melhor em um outro tipo de arte, porém isso é gosto, o trabalho é impecável. É possível enxergar a Alameda dos Anjos nas ruas sem fazer muito esforço na imaginação. A música do jogo me deixava um pouco apreensivo, uma vez que a música de Knights of Pen & Paper é um sample da música de Zelda versão 8-bits repetido à exaustão. Porém, quando cliquei em “Novo Jogo” e uma música típica de Power Rangers saindo da sala do Zordon e indo salvar o planeta tocou, eu fui conquistado por essa trilha sonora excelente. Na tela de administração ela ainda é um pouco repetitiva, mas nada que chegue a enjoar ou estragar o excelente trabalho.

O jogo não contém falhas, apenas alguns bugs, como algumas falhas que não entraram, mas provavelmente foi resolvido no último patch, lançado junto com o jogo hoje. Hotline 2 que me perdoe, mas Chroma Squad é o jogo do ano.

Resumo para os preguiçosos

Chroma Squad é um excelente jogo de RPG tático brasileiro fazendo uma homenagem lindíssima a Power Rangers e demais super sentais com uma arte excelente e um humor estupidamente bem feito. Ah, tem robôs gigantes, também.

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Nota final

100
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Jogabilidade fluida, intuitiva e divertida.
  • Humor IMBECILMENTE bem feito, bem construído e bem conduzido
  • Power Rangers *-*
  • Arte excelente
  • ROBÔS GIGANTES!
  • BILHARES de referências engraçadíssimas
  • POWER RANGERS!
  • Oficina e reciclagem de equipamentos para confecção de novos
  • Um soco de nostalgia com homenagem muito bem feita a diversos super sentais da década de 80 e 90

Contras

  • Algum bug aqui ou outro lá, mas nada que realmente incomode fora isso
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