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Bulb Boy – Review

Uma coisa bem curiosa dos Point-and-Click é que neste tipo de jogo, na maioria das vezes, o elemento Point-and-Click fica em segundo plano – afinal, quem quer ficar clicando em coisas sem motivo algum? – e o destaque principal é ou a história, ou o visual, ou o gameplay, ou tudo caso o jogo seja uma obra prima. O time de novatos da Bulbware quis apostar num contexto diferente com seu primeiro jogo, Bulb Boy, e focou numa atmosfera de terror que consegue ser terrível e engraçada, ao mesmo tempo.

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Ao bater o olho logo percebemos que Bulb Boy não é um jogo comum. O visual diferente e o jeito de não ter vergonha de ser nojento ou estranho que foi empregado no jogo dão a ele uma identidade única que, se somada ao contexto de “terror fofo”, conquista a qualquer um que o jogue.

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O destaque do jogo está na história? Não, a história definitivamente não é o seu forte, mas nem por isso ela é ruim, é apenas simples. Numa bela noite forças das trevas e do mal caem sobre a casa de Bulb Boy, a Bulbhouse, fazendo com que seu avô com cabeça de lâmpada e seu cachorro voador desapareçam e deixando o pequeno garoto cabeça de lâmpada sozinho numa residência lotada dos mais terríveis monstros. Como você já deve ter imaginado, Bulb Boy é quem deve salvar sua família e é aí que nossa assustadora e estranha aventura se inicia.

O fato de Bulb Boy ter uma cabeça de lâmpada e combater monstros das trevas é uma boa alusão à luta do bem o contra mal ou luz vs. escuridão, mas não pense você que o jogo será cheio de reflexões filosóficas dos produtores pois elas param por aqui, o resto é sangue, monstros de cocô e tripas. Como já dito, os desenvolvedores não tiveram medo algum do jogo parecer nojento demais ou muito estranho, eles usam e abusam das tripas, minhocas, cocô, catarro ou qualquer outra coisa que você julgue nojenta, e isso é muito legal de se ver.

Para lutar contra os monstros que invadiram a Bulbhouse temos que utilizar itens que encontramos dentro da casa. Muitas vezes precisamos usar um item para acessar um local onde está outro item que por sua vez no dará acesso a um terceiro item. Cada um deles é colocado de maneira inteligente no jogo sendo que até o mais inútil pode se tornar a peça chave para passar pelo monstro, todos são necessários para poder avançar, tudo é utilizável no jogo. É necessário explorar bem os cenários e passar o mouse em cada canto para ter certeza de que não há nada escondido ali, a arte de esconder objetos foi muito bem empregada aqui.

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O jogo se divide por fases sendo que cada fase é uma área diferente da Bulbhouse e em cada uma delas temos um monstro diferente para enfrentar e uma maneira diferente de vencê-lo. Cada um dos monstros tem uma história de fundo que é explicada com flashbacks jogáveis onde podemos controlar outros membros da família Bulb como o avô ou o cachorro. Não é uma história que explica “como aquilo se tornou um monstro”, afinal, não há maneira de explicar como um frango assado virou uma galinha descabeçada demoníaca, ou como um morango se tornou uma aranha do mochila de criança, os flashbacks são só mais jogo pra quem quer jogar.

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O estilo de jogar também muda dependendo de onde a cabeça de Bulb Boy está. Tecnicamente ele é só a cabeça e seu corpo é apenas um suporte que poderia ser qualquer outra coisa, como uma aranha, uma armadura velha ou até uma bolinha de cocô. Não se preocupe em entender como isso é possível, porque nada no jogo é possível, ou pelo menos não deveria ser. O estilo que estes novos “corpos” dão ao jogo funcionam de acordo com a localização em que Bulb Boy está.

Bulb Boy não é um jogo difícil, mas também não é fácil. Geralmente ele exige algumas mortes para que possamos compreender o que tem que ser feito, ou que o jogador utilize a opção de ajuda para entender o que diabos ele tem que fazer. Ele também é diferente da maior parte dos Point-and-Click porque ao invés de encher a tela de puzzles ele nos dá apenas um desafio: acabe com o monstro. Além da opção de ajuda não há mais nenhuma dica de como vencer essas criaturas do inadimplente e o sucesso vai depender apenas da habilidade do jogador em achar os objetos escondidos e fazer com eles o que tem de ser feito.

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O ponto mais forte de Bulb Boy está sem dúvida na atmosfera que ele consegue criar. Geralmente em jogos de terror temos um contexto sério, o que não acontece aqui pois mesmo no meio da tensão, do medo de ser pego pelos monstros e dos jumpscares temos a risada do garoto pra quebrar o clima. O estilo de terror do jogo me lembrou de certa forma o do desenho “Coragem, o cão covarde” que conseguia ser tenso e engraçado ao mesmo tempo.

Ao olhar Bulb Boy temos a impressão de que os desenvolvedores criaram perfeitamente a personalidade de uma criança de 11 anos. Me imaginando no lugar dele, eu realmente daria risada da cara de um monstro de cocô depois de vencê-lo no meu banheiro – e cagaria de medo depois, o que traria a vida outro monstro de cocô e recomeçaria o ciclo – e ficaria com expressões sapecas. Este humor grotesco do garoto conseguiu me fazer sorrir após vencer cada um dos inimigos.

A música do jogo também é essencial para criar essa atmosfera de terror. Cada efeito sonoro dá a impressão de que estamos caminhando na escuridão. A risada de Bulb Boy e suas expressões de diversão e terror são umas das melhores coisas no jogo, elas são realmente hilárias.

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Já o visual é simplesmente sensacional. Nele temos apenas três cores: verde, preto e vermelho, e a mudança das cores ocorre dependendo do que acontece no jogo. Mesmo com o visual cartunesco, o clima e os detalhes nunca nos deixam esquecer de que estamos jogando um jogo de terror. A cabeça de Bulb Boy é nossa única fonte de luz e é o que nos ilumina durante a aventura, vidro e porcelana refletem essa luz, se a cabeça quebra a luz fica vermelha, se ela sai de cena tudo fica escuro, foi tudo muito bem pensado neste aspecto.

Infelizmente Bulb Boy é um jogo curtíssimo. Em menos de duas horas minha aventura terminou e eu fiquei verdadeiramente frustado, pois ele é um jogo tão bom que eu queria mais, muito mais, e não tive. Não sei se a Bulbware tem alguma intenção de estender mais o jogo com atualizações ou apenas continuações, mas espero que eles não desistam do estilo do jogo pois foi um grande começo para uma empresa pequena que está dando seus primeiros passos.

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Se vale a pena? SIM, muito. Bulb Boy é um ótimo jogo, é uma aula de imersão e de como fazer terror e humor andar lado a lado. O jogo é tão bom que nos faz lamentar o quão rápido ele termina, é uma ótima pedida para fãs de Point-and-Click. Bulbware, faça mais Bulb Boy, por favor!

Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Bulbware.

Resumo para os preguiçosos

Primeiro jogo da desenvolvedora Bulbware, Bulb Boy é um Point-and-Click diferenciado que consegue aliar terror com humor e com seu visual único consegue conquistar qualquer um que o jogue. Tem uma história simples e é cheio de elementos estranhos ou nojentos que se encaixam muito bem com o humor grotesco que ele traz. Tem uma atmosfera muito boa e imersiva que consegue deixar o jogador tenso nos momentos de terror e sorrir nos momentos engraçados. Infelizmente é um jogo bem curto e deixa um enorme gosto de quero mais nos jogadores.

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Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Visual único
  • Boa atmosfera
  • Coloca terror e humor juntos
  • Gameplay divertido

Contras

  • Muito curto
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.