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Aragami – Review

Stealth é abordado de maneiras diferentes dependendo do jogo que você jogue, em títulos como Dishonored e Assassin’s Creed ele é uma opção ao combate direto, tendo o jogador o poder de escolher entre um ou outro; já jogos do estilo de Metal Gear Solid e Thief incentivam muito mais o stealth e colocam o combate como uma ação muito mais perigosa; já outros, como Aragami, são completamente voltados ao stealth e, se possuem um sistema bem feito, fazem os olhos dos fãs do gênero brilharem (o combate não é uma opção nestes jogos).

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Nunca fui muito fã de stealth, sempre optando por partir pra porrada depois de um minuto de impaciência parado atrás de uma parede, mas jogando Aragami logo descobri que isso não era possível. Você pode ser visto pelos inimigos, é claro, mas deve se esconder logo em seguida ou despistá-los, já que qualquer ataque é one-hit-kill, sem choro, o jogo é 100% stealth.

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Você controla um espírito vingativo chamado, adivinhe só, Aragami! O protagonista é um ser das sombras que é invocado através de um ritual antigo pela Princesa Yamiko, uma jovem que teve sua terra devastada pelo clã da luz chamado Kaiho e agora encontra-se presa. Ela se comunica com você através de uma projeção e te incube a tarefa de coletar talismãs espalhados e muito bem guardados pelo clã Kaiho e resgatar tanto a ela quanto seu povo da prisão que estão sendo mantidos, na cidade de Kyuryu.

Para coletar estes talismãs, Aragami tem que ultrapassar o exército inacabável do Kaiho que guarda todo o caminho até Kyuryu. Há duas opções, matá-los discretamente ou passar por todos eles despercebido. Nem sempre é possível terminar uma área sem matar nenhum inimigo, mas com cuidado é possível sair do raio de visão de muitos deles e eliminar apenas os necessários. Nestas eliminações é que as mecânicas de Aragami brilham, já que ele tem um sistema de stealth bem particular e interessante.

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Você controla a essência das sombras, o que significa que sua força está nelas e sua fraqueza na luz. Durante toda a sua jornada (que é realizada a noite), você deve se teletransportar de sombra em sombra para evitar ser notado. Muitos objetos fazem sombra e é possível até criar sua própria sombra ou materializar-se na sombra de um inimigo e matá-lo logo em seguida, algo que eu achei genial. Se exposto à luz, além de ser muito mais fácil te detectarem, a essência das sombras armazenada na capa de Aragami começa a ser drenada, se ela chegar ao fim você não poderá mais teletransportar-se ou usar habilidades. Para recarregá-la, basta voltar à sombra e ver sua capa mudando de cor e os inscritos dela se preencherem.

É bem fácil saber se Aragami está exposto ou não, pois o personagem muda de cor quando está sob a luz ou nas sombras. Na luz suas roupas ficam vermelhas e os inscritos dela pretos; nas sombras ele fica completamente escuro e os inscritos da capa obtém uma cor branca brilhante.

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O level design de Aragami como um todo é muito bem pensado, sendo que os cenários e os inimigos são posicionados de uma forma que permita ao jogador certo nível de liberdade tratando-se de como matar os soldados do Kaiho. Arqueiros, que possuem um raio de visão muito maior, geralmente ficam em superfícies elevadas e sempre há alguma forma bem inteligente de chegar até eles sem ser detectado pelos espadachins em solo.

Estes, por sua vez, sempre estão em maior número, mas a IA do jogo não é nada inteligente, então a menos que você dê de cara com algum soldado ou se precipite em algum momento, não será grande desafio se livrar deles. É possível se esconder e chamar sua atenção com itens, fazendo eles te procurarem igual retardados, teletransportar-se nas costas deles e matá-los, essa é uma das tarefas mais divertidas.

Caso você seja visto por algum inimigo, um indicador amarelo aparece na tela, o que significa que aquele soldado viu algo suspeito e irá verificar. É bom ficar nas sombras até que o indicador fique branco novamente, mas se você quiser mesmo ser visto, pode continuar no raio de visão dele e ver o indicador ficar laranja. Quando isso acontece, o soldado em questão mete a boca no trombone (literalmente) e alerta todos os demais inimigos da área que você está à solta. Como dito, se você for pego por algum deles é one-hit-kill, então o melhor a fazer é achar uma sombra bem longe dos inimigos e torcer para que eles desistam de te procurar. (Segundo o próprio jogo, eles ficam mais alertas após de descobrirem pela primeira vez, mas não consegui notar nenhuma diferença).

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Os cenários também contam com um grande número de pergaminhos espalhados que, quando coletados, te permitem desbloquear habilidades especiais que facilitam muito a vida. Você pode tornar-se invisível por um curto espaço de tempo, marcar os inimigos, lançar kunais e matá-los a longa distância, distraí-los com fumaça ou simplesmente invocar um dragão das sombras que leva o corpo da vítima para o reino da escuridão. Estas opções tornam o jogo muito mais divertido e deixam o jogador ainda mais livre para decidir como será sua investida.

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A IA de Aragami é um caso à parte, é boa mas nem tanto. O campo de visão dos inimigos às vezes funciona perfeitamente, já em outros momentos eles simplesmente te descobrem enquanto envolto em sombras, ou pior, te detectam quando estão de costas (?). Dependendo do esforço que você fez na área que se encontra, isso pode ser frustrante, já que não é sempre que é possível se esconder quando o alerta é dado (aí é recomeçar tudo de novo mesmo).

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Aragami também não agrada na performance, apresentando uma série de glitches na câmera e queda de quadros tanto nas cutscenes quanto nas partes jogáveis. Inimigos que se materializam na sua frente também são encontros comuns, além de bugs leves que não chegam a atrapalhar a jogabilidade. A média do jogo é de 25fps no PS4, algo que incomoda bastante no início, mas que acaba acostumando conforme continuamos jogando.

Visualmente, Aragami é muito bonito, apesar de não ser uma maravilha gráfica. O estilo de arte cel-shaded é bem agradável de se olhar e o design do personagem é muito bem feito. Os inimigos não chamam muita atenção no visual e os cenários são ok apenas. Apesar de belo, em alguns momentos o game apresenta assets que o fazem parecer mais um jogo de Playstation 2. Parece que os desenvolvedores “tiraram o pé” em certas partes e tiveram o devido cuidado apenas nas áreas principais.

A música é um dos destaques, composta pelo Twin Feathers, a trilha sonora cria a atmosfera certa que passa um leve suspense, um sentimento de que você está caçando (ou sendo caçado, quando descoberto) com suas faixas apresentadas em violino, flauta, hyōshigi, percussão nos combates e até shamisen.

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Não pude testar o modo multiplayer, que te permite jogar partidas co-op e, com um amigo, usar e abusar de táticas mais sofisticadas para eliminar os inimigos. Vejo potencial no modo e espero poder testá-lo qualquer dia, é algo que certamente aumenta a rejogabilidade dele.

Aragami é um bom jogo, com um sistema muito bem feito e level design de primeira linha, principalmente tratando-se de um jogo indie. Alguns deslizes acabam atrapalhando a experiência, mas este é sem dúvida um must play para fãs de stealth voltado apenas à furtividade.

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Review elaborado utilizando uma cópia do jogo para PS4 fornecida pela desenvolvedora.

Resumo para os preguiçosos

Aragami é um ótimo jogo de stealth, que te coloca na pele de um assassino que deve se esconder nas sombras e usá-las para eliminar seus inimigos. Possui jogabilidade bem criativa e level design bem feito, além de habilidades desbloqueáveis que dão boa liberdade ao jogador. Sua IA não agrada e a performance nos consoles é bem porca, mas ainda assim segue sendo um must play para fãs do gênero.

Nota final

75
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Jogabilidade bem divertida
  • Level design bem feito
  • Habilidades dão liberdade ao jogador e atiçam a criatividade
  • Ótima trilha sonora

Contras

  • Performance porca
  • Os inimigos são bem burros
  • Os gráficos nem sempre são bons como deveriam
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.