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Wasteland 3 – Review

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As coisas eram bem diferentes lá na década de 80, e não estamos falando somente de jogos de vídeo game.

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A cultura era outra, e até mesmo o modo de pensar era bem diferente do que a gente vive hoje. No que diz respeito à construção de histórias interativas, parte disso dizia respeito à baixa capacidade computacional disponível.

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Mas como criar histórias densas e profundas, com tão poucos recursos?

Sinceramente, eu não faço ideia. Mas olhando em retrospecto, podemos ver que a indústria se saiu muito bem dados os recursos que possuíam.

Wasteland foi um baita exemplo disso. O primeiro jogo da série lançado em 1988 tinha uma pegada bem condizente com o que a cultura pop vivia e consumia na época, e seu estilo de jogo diferentão acabou influenciando mais tarde, a criação de outra série igualmente famosa, chamada Fallout.

Levou anos até que tivéssemos a oportunidade de continuar o legado de Wasteland, com o lançamento de um novo jogo. Wasteland 2, lançado em 2014, foi muito bem recebido pelos fãs do gênero mas acabou sendo deixado de lado por jogadores em geral que procuravam uma experiência mais simples.

Depois que a desenvolvedora inXile Entertainment foi comprada pela Microsoft, a promessa de um novo Wasteland tinha como atrativo, a mudança e adaptação do jogo para um mercado mais amplo. Mas será que Wasteland 3 consegue fazer jus ao legado da série ao mesmo tempo que apresenta novidades?

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Resposta curta: sim.

Talvez a melhor característica de Wasteland 3 tenha sido embarcar os Ranger em uma nova jornada pelo Colorado. Agora, ao invés de enfrentar um bando de malucos sedentos por sangue no meio do deserto, o jogador deverá enfrentar um bando de malucos sedentos por sangue no meio da neve.

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Pode não parecer, mas essa pequena mudança trouxe grandes impactos em Wasteland 3. Primeiramente temos que falar dos gráficos, que obviamente sofrem grandes aprimoramentos desde o título passado. Na verdade, o visual opaco e sem graça era um dos principais desafios a serem vencidos pelo jogador que tentava se aventurar em Wasteland 2, e paleta de cores não era da mais atrativa.

Wasteland 3 parece mais vivo e intenso, o que me fez sentir maior imersão no cenário e nas batalhas como um todo. A iluminação do mapa inclusive é algo que me chamou atenção, e que me fez entrar no clima de desespero dos Rangers logo no início do game.

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Mas ao mesmo tempo que a inXile Entertainment soube aproveitar o momento para trazer algumas novidades, ela soube repaginar algumas características clássicas da série, melhorando alguns aspectos importantes.

A criação e desenvolvimento dos personagens, algo que sempre foi um dos carros chefes da série, está mais forte do que nunca. O sistema de Wasteland 3 parece ter sido desenvolvido para dar a impressão de que o jogador realmente pode criar o que quiser, com a aparência que quiser. Obviamente que este sistema esta longe de ser perfeito e conta com algumas falhas, mas ele funciona bem e atende as necessidades.

Ao mesmo tempo que Wasteland 3 parece menos intimidador, ele ainda não pronto para ser chamado de “jogo fácil de compreender”. Algumas nuances do gameplay não são muito bem explicadas e podem fazer com que o jogador desavisado, seja obrigado a iniciar uma nova partida para obter a experiência que deseja.

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Contudo, se você não quiser se dar ao trabalho de entender melhor os sistemas do jogo e partir direto para a jogatina, basta escolher um dos conjuntos de personagens prontos disponíveis no começo, e seguir sua jornada. Fácil assim.

Em alguns momentos, o jogo até vai tentar te forçar a criar os seus personagens e tudo mais. Ainda assim, você pode tentar contornar essa situação e sair jogando somente com aqueles que ele oferece.

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O gameplay segue o mesmo modelo clássico de sempre. Ao entrar em combate, o jogador passa a visualizar a grid de batalha de maneira similar ao que acontece em XCOM e outro jogos do gênero. A partir daí, você precisa posicionar seu esquadrão e prestar atenção nas suas defesas, pontos fracos dos inimigos, e obviamente, pontos de ação.

Cada personagem também pode ter uma ação especial que lhe dará vantagens em batalha. Isso dependerá de algumas habilidades e atributos que você escolhe, ou que já vem predeterminadas quando se seleciona um personagem pronto. Elas não são única nem exclusivas, mas podem variar bastante dentro de um mesmo esquadrão, dependendo de como você progride ao passar de nível.

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As armas e armaduras também são um atrativo à parte, já que permite alto grau de personalização. Assim, torna-se mais interessante explorar o cenário em busca de partes específicas, para tornar seu rifle preferido ainda mais mortal.

A história de longe, é o maior atrativo de Wasteland 3, e a forma como ela foi trabalhada faz jus ao clássico original, ao mesmo tempo em que é uma clara evolução do jogo anterior.

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Após alguns momentos de jogatina, você encontra bons motivos para seguir sua jornada, vilões e/ou aliados com características interessantes e muitas, muitas situações únicas e inusitadas esperando para serem resolvidas conforme você se aventura no meio da neve.

O ponto mais alto de Wasteland 3 reside no fato dele parecer um RPG completo, ao mesmo tempo em que não exige tanta dedicação para entender as regras e mecânicas. Após se acostumar com o sistema, você é plenamente capaz de utilizar seus personagens da maneira correta, e adaptar seu estilo de jogo a cada desafio que aparece no caminho.

Para uma série que as vezes afastava jogadores por sua complexidade, Wasteland 3 surpreende por oferecer uma maneira rápida e recompensadora de diversão, ao mesmo tempo em que te envolve em tramas profundas e interconectadas, que vão ter desfechos completamente diferentes, dependendo das suas decisões.

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Mesmo que Wasteland 3 ainda não tenha uma versão traduzida para o Português, e que basicamente apresente ao jogador toneladas de texto e história, não me parece difícil recomenda-lo mesmo para os jogadores que tem evitam jogos com muito texto. A forma como a história é contada te faz sentir vontade de seguir adiante, ao mesmo tempo em que te desafia e mantém sua curiosidade sempre lá em cima.

Minha única ressalva com o jogo diz respeito aos controles. Quando jogado com mouse e teclado, a experiência para mim foi realmente incrível e satisfatória. Só que as coisas foram bem diferentes no PS4, onde o estilo de controle de seleção de personagens e de tomada de ações me pareceu confuso e desajeitado.

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Isso não seria um fator que me faria parar de jogar Wasteland 3 no PC, já que basta desligar o controle e seguir adiante no mouse e teclado. Porém, nos consoles o controle é obrigatório e por isso me parece adequado que a inXile Entertainment tivesse preparado um sistema de controle via joystick mais aprimorado.

Wasteland 3 é com certeza o melhor jogo da série, e uma das melhores promessas da Microsoft que deram certo nos últimos tempos. Comparado ao título anterior, são poucos os detalhes que deixam a desejar e a história nos faz querer continuar seguindo em frente até encontrar enfim, um refúgio seguro para os Rangers em um lugar muito distante de casa.

Resumo para os preguiçosos

Wasteland 3 é um jogo quase que obrigatório para os fãs de RPGs isométricos justamente por conseguir ser uma mistura quase perfeita entre o novo e o velho. Por mais clichê que isso possa parecer, o jogo se destaca por apresentar aquilo que tornou Wasteland um fenômeno no final da década de 80, de maneira aprimorada e evoluída, adaptando a aventura dos Rangers aos dias de hoje.

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Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • História envolvente
  • Sistema conciso de criação e progressão de personagens
  • Mapas bem construídos e bem desenhados
  • Sistema de batalha refinado e fácil de compreender

Contras

  • Sem tradução para o português
    Sistema de criação de personagens não tão intuitivo quanto parece
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.