Depois da onda de acusações que vem aflorando cada dia mais em Hollywood, a atriz Uma Thurman falou pela primeira vez ao jornal The New York Times sobre o assédio que sofreu do produtor Harvey Weinstein, que desde o ano passado vem sendo acusado por diversas mulheres de atos imorais.
Na longa entrevista feita pelo jornal, Thurman começa contando que de certa forma se senta culpada, pois Weinstein começou a ganhar fama após Kill Bill, um dos filmes estrelados por ela.
“O sentimento complicado que eu tenho por Harvey é o quão mal eu me sinto por todas as mulheres que foram atacadas depois de mim. Eu sou uma das razões pela qual uma jovem garota entrou sozinha na sala dele, da mesma forma que aconteceu comigo. Quentin usou Harvey como produtor executivo de ‘Kill Bill’, um filme que simboliza o empoderamento feminino. E todas essas mulheres entraram no matadouro porque estavam convencidas de que ninguém nesta posição faria algo ilegal para você, mas eles fazem.”
Além de relatar ter sido violentada quando tinha 16 anos por um ator muito mais velho, Thurman também descreve a primeira vez que foi assediada por Weinstein.
“O primeiro ataque aconteceu em um hotel em Londres. Foi como um soco na cabeça. Ele me emburrou para baixo. Tentou se jogar encima de mim. Ele tentou se expor. Ele fez todo tipo de coisas desagradáveis. Mas ele não tentou me forçar. Era como um animal que se contorce, como um lagarto.”
A atriz ainda descreve que recebeu um “presente” de Weinstein enquanto estava hospedada na casa de Ilona Herman, uma amiga maquiadora de longa data de Robert De Niro, que posteriormente trabalhou em Kill Bill.
“No dia seguinte, chegou na casa dela um buquê vulgar de 66 centímetros. Elas eram amarelas. E eu tirei o cartão como se fosse uma fralda suja e dizia: ‘Vocês tem bons instintos’.”
Thurman então resolveu confronta-lo e falou para Weinstein “Se você fizer o que você fez comigo com outras pessoas, você perderá sua carreira, sua reputação e sua família, eu prometo.” Essa é única memoria que a atriz tem do incidente.
O advogado de Weinstein afirmou que “o seu cliente não fez qualquer tipo de contato físico com Thurman.” E complementou dizendo que “As declarações serão cuidadosamente examinadas antes da tomada de qualquer ação legal contra ela.” (via THR)
Mesmo depois de confrontar Weinstein, Thurman continuou trabalhando em Kill Bill, mas afirma que a relação com Quentin Tarantino nunca mais foi a mesma. Ela ainda se lembra de um incidente que ocorreu nos últimos quatro dias de gravação do filme, quando Tarantino pediu para a atriz dirigir um carro claramente em más condições, provocando um grave acidente. Depois disso ela afirma que a sua relação com Tarantino foi se distanciando e não participou mais do processo criativo do filme.
Thurman finaliza dizendo: “Pessoalmente, me levou 47 anos para parar de chamar pessoas que são más com você de “apaixonado” por você. Levou muito tempo porque acho que, como garotas jovens, estávamos condicionadas a acreditar que a crueldade e o amor de alguma forma têm uma conexão e esse é o tipo de coisa que precisamos evoluir”.
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