Grande parte da campanha de marketing de Assassin’s Creed Odyssey foi focada nos diversos recursos de escolha que o game oferecia ao jogador. Você não só poderia escolher se jogaria com Alexios ou Kassandra, como também definiria se o seu personagem seria Hétero, Homo ou Bissexual.
Essa funcionalidade foi amplamente elogiada pelos jogadores, que finalmente conseguiriam ter mais escolhas na interpretação do seu personagem. No entanto, todo esse discurso inclusivo pregado pela Ubisoft foi por água abaixo no mais recente DLC do jogo.
Isso porque no segundo episódio do DLC Legacy of the First Blade, intitulado Shadow Heritage, a história desconsidera totalmente a sexualidade que o jogador escolheu interpretar e basicamente força um romance hétero.
Contextualizando sem entrar em muitos spoilers, no primeiro capítulo do DLC os jogadores descobrem mais sobre a história de Darius, o primeiro Assassino, que foi responsável pela morte do rei Xerxes I. Caso você esteja jogando com a Kassandra, Darius terá um filho chamado Natakas e caso esteja com o Alexios, uma filha chamada Neema.
Já na segunda parte desse DLC os jogadores são induzidos a buscarem relacionamentos amorosos com os descendentes de Darius, no entanto, independente das escolhas do jogador, no final do episódio é mostrado uma cena onde Kassandra ou Alexios tem um filho com Natakas ou Neema, ganhando assim o troféu “Growing Up”.
Obviamente, essa obrigação de ter um filho, sem oferecer ao jogador nenhum tipo de escolha irritou bastante a comunidade, que lembrou algumas declarações do diretor de criação do jogo, Jonathan Dumont, onde ele havia prometido que a história não forçaria os jogadores em nenhum relacionamento romântico, tal que você pode interpretar o seu personagem como assexual.
“Com a história é voltar para escolhas, nunca forçaremos os jogadores em situações românticas com as quais possam não se sentir confortáveis. Os jogadores é que decidem se querem se envolver romanticamente. Acredito que isso permite que todos construam os relacionamentos que querem, respeitando o estilo e o desejo de todos.”, disse Dumont ao EW.
Com centenas de reclamações logo após a liberação desse episódio, a Ubisoft se pronunciou sobre a falta de escolha nessa parte da história através de um comunicado compartilhado pela Eurogamer.
“Nós nos esforçamos para dar aos jogadores a escolha sempre que possível em Odyssey e pedimos desculpas aos que ficaram surpresos com os eventos deste episódio.”
“Não queremos revelar muito agora, mas sempre tentamos manter a história inclusiva para pessoas de todas as orientações sexuais, e os jogadores poderão escolher suas motivações por trás dessa narrativa específica, dependendo de suas preferências sexuais. Assassin’s Creed Odyssey foi desenvolvido por pessoas de todas as orientações sexuais, origens, gêneros e crenças, e nós tentamos refletir isso dentro do jogo.”
Obviamente, a opção por obrigar o jogador a ter um filho é para preservar a narrativa da linhagem do sangue dos Assassinos, que provavelmente ainda será explorada nesse ou em outros jogos. Entretanto, ao afunilar a história para essa decisão, que até pode fazer sentido no futuro da franquia, acabaram jogando fora toda a interpretação de milhares de jogadores, algo que deveria ser um pecado em um jogo que se considere um ROLE-playing game.
Assassin’s Creed Odyssey está disponível para PC, PS4 e Xbox One.