Os criadores da série The Last of Us, Craig Mazin e Neil Druckmann, revelaram em recente entrevista que Joel, interpretado por Pedro Pascal, teria tomado a mesma decisão que Jesse (Young Mazino) ao votar contra a ida de Ellie a Seattle, decisão essa que desencadeou os eventos trágicos da segunda temporada. Para os showrunners, a posição dos dois personagens nasce de um mesmo princípio: a proteção da comunidade de Jackson acima dos impulsos individuais.
A revelação ocorreu durante uma coletiva de imprensa (via Collider) após a exibição do episódio final da temporada, em que Ellie (Bella Ramsey), impulsionada por vingança, confronta Jesse sobre sua decisão no conselho da cidade. Até aquele momento, Ellie acreditava que ele havia apoiado sua missão. O choque da verdade serviu como ponto de virada dramático, aprofundando ainda mais o embate moral que permeia a narrativa.
A prioridade de Jesse: o coletivo antes do individual
Neil Druckmann rejeita a ideia de que o Jesse da série seja diferente de sua contraparte nos jogos. Para ele, tanto nas telas quanto no game, o personagem age movido por um senso prático e um compromisso com o bem-estar da comunidade.
“Jesse é um personagem que age pensando no todo, não em impulsos pessoais”, afirmou Druckmann. “Ele não age por vingança, mas por proteção. E é por isso que, em sua visão, Ellie colocar-se em risco não seria justificável.” Essa postura foi interpretada por muitos fãs como frieza, mas para os criadores da série, ela revela um tipo de liderança que é firme e estratégica, não emocional.
Craig Mazin complementou destacando o perfil de Jesse como o “escoteiro ideal”. Segundo ele, Jesse é construído na série como uma figura admirável, alguém que um dia poderá assumir a liderança da comunidade no lugar de Maria. “Ele é um herdeiro natural, o tipo de pessoa que queremos que nos lidere em tempos difíceis”, explicou Mazin.
Joel teria tomado a mesma decisão
Druckmann foi além ao sugerir que, diante das mesmas circunstâncias, Joel também teria votado contra Ellie. “Há uma semelhança forte entre Joel e Jesse, especialmente no sentido de colocar Jackson acima de qualquer motivação pessoal”, argumentou. Para os criadores, Joel não era um herói impulsivo movido apenas por laços afetivos, mas alguém que, no fim das contas, sabia o que era necessário para garantir a sobrevivência do grupo.
Essa visão rompe com a imagem romantizada do personagem e o aproxima de uma ética que, apesar de questionável sob a ótica individual, se sustenta sob a lógica coletiva.
Moralidade ambígua: um pilar da narrativa
The Last of Us sempre flertou com dilemas morais e decisões cinzentas. O embate entre Jesse e Ellie simboliza justamente esse aspecto central da série: não existem respostas fáceis quando o mundo está desmoronando. A discussão acalorada no episódio final expôs o conflito entre razão e emoção, proteção e justiça, comunidade e indivíduo.
Craig Mazin destacou a força desse momento dramático. “O que me encanta nesse confronto é a forma como Ellie expõe a fragilidade do argumento moral de Jesse. Ela o faz questionar se sua moralidade não seria seletiva, aplicável apenas a quem vive dentro da cerca de Jackson.” Para Mazin, esse tipo de questionamento é essencial à essência da série, que evita retratar personagens como heróis ou vilões clássicos.
Sobre a série
Com direção de Craig Mazin e Neil Druckmann, The Last of Us adaptada o aclamado jogo desenvolvido pela Naughty Dog. Se passando 20 anos depois que uma pandemia devastou a sociedade como conhecemos, a história acompanha a jornada do sobrevivente Joel e da jovem Ellie, interpretados respectivamente por Pedro Pascal e Bella Ramsey.
The Last of Us está disponível na HBO Max.
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