A segunda temporada de The Last of Us terminou de forma abrupta, deixando Ellie sob a mira de uma arma empunhada por Abby e encerrando o episódio com um disparo e um corte seco para a escuridão. Essa decisão narrativa, impactante para os espectadores da série, reflete uma escolha deliberada dos criadores Craig Mazin e Neil Druckmann: contar apenas o lado de Ellie, por enquanto.
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A transição do jogo para a série
No jogo The Last of Us Part II, o jogador vivencia a história por dois prismas diferentes. A primeira metade se concentra em Ellie, enquanto a segunda coloca o jogador no controle de Abby, revivendo os mesmos eventos sob uma nova ótica. Reproduzir essa dinâmica em uma adaptação televisiva, no entanto, exigiu um planejamento narrativo cuidadoso.
Craig Mazin explicou que adaptar a estrutura do jogo para a televisão não se resume a replicar ações, mas sim a transmitir sensações semelhantes (via IndieWire). Uma das mais desafiadoras foi gerar empatia por Abby, uma personagem inicialmente vista como antagonista. Para Mazin, essa escolha exige o mesmo tipo de imersão emocional que o game propõe, mas através de uma linguagem diferente, que respeite o ritmo e as limitações do formato audiovisual.
Por que focar apenas em Ellie?
Segundo Mazin, a decisão de limitar a segunda temporada à perspectiva de Ellie foi uma escolha narrativa estratégica. Isso permitiu que a série desenvolvesse profundamente sua protagonista, abordando sua dor, raiva e obsessão por vingança após a morte de Joel. A história, nesse ponto, é menos sobre o conflito entre duas pessoas e mais sobre o colapso emocional de uma jovem devastada.
Ao centralizar Ellie, a série também garante a fidelidade à sua proposta original: explorar personagens sob diferentes tipos de relacionamento. Se a primeira temporada foi sobre Joel e Ellie, a segunda se aprofunda na conexão entre Ellie e Dina. Abby, por sua vez, só aparece nas bordas da trama, como uma ameaça crescente que ainda não se revelou plenamente ao público.
O espelho entre Ellie e Abby
Mesmo sem explorar o ponto de vista de Abby de forma direta, a série lança pistas de que as duas protagonistas compartilham traços similares. Ambas cometem atos brutais em nome do amor e da dor. Mazin destacou como, em momentos de violência extrema, Ellie e Abby agem de maneira quase idêntica, perdendo temporariamente a humanidade em nome de sua dor pessoal.
Um exemplo disso é a cena em que Ellie tortura Nora, envolta em uma luz vermelha, com o olhar vazio e quase irreconhecível. Em seguida, a série corta para uma lembrança de Ellie e Joel em um momento de ternura. Essa justaposição não é gratuita. Ela reforça a complexidade dos personagens em um mundo onde o amor pode ser tanto uma fonte de salvação quanto de destruição.
A promessa da terceira temporada
A ausência do ponto de vista de Abby na segunda temporada prepara o terreno para a virada que será aprofundada na terceira. Mazin revelou estar empolgado com a possibilidade de explorar mais a fundo a trajetória da personagem, interpretada por Kaitlyn Dever. A ideia é que o público experimente a mesma confusão moral vivenciada no jogo, passando a compreender — e até amar — alguém inicialmente visto como vilã.
Essa abordagem também representa um alívio técnico para a produção. Com a geografia já estabelecida e os conflitos internos de Seattle desenvolvidos, a terceira temporada poderá focar em expandir o universo de Abby, sem a sobrecarga de ter que construir tudo do zero novamente.
Sobre a série
Com direção de Craig Mazin e Neil Druckmann, The Last of Us adaptada o aclamado jogo desenvolvido pela Naughty Dog. Se passando 20 anos depois que uma pandemia devastou a sociedade como conhecemos, a história acompanha a jornada do sobrevivente Joel e da jovem Ellie, interpretados respectivamente por Pedro Pascal e Bella Ramsey.
The Last of Us está disponível na HBO Max.
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