Depois de duas temporadas de sucesso, a terceira temporada de The Boys tinha um grande desafio pela frente. O final explosivo do segundo ano, abriu as portas para novos arcos dramáticos, novos personagens e novas problemáticas para os The Boys. Mas será que toda essa expectativa foi realmente alcançada?
Não é como se isso não tivesse ficado claro antes, mas o Capitão Pátria (Antony Starr) estava cada vez mais perto de um colapso total no início da terceira temporada. Claro, depois de tudo o que aconteceu no segundo ano, era óbvio que isso afetaria o líder dos Sete. Mas todas as questões psicológicas do personagem foram ainda mais abordadas agora. Com suas atitudes cada vez mais questionáveis, o que resta aos nossos mocinhos era ir em busca da arma que matou o Soldier Boy (Jensen Ackles), já que seus poderes eram equiparados, ou talvez até maiores, que os do Capitão Pátria.
A problemática da temporada não para somente na busca pelo Soldier Boy. Aqui, é introduzido o Composto V-24, que dá a quem o usar poderes por um dia. É engraçado ver que os personagens que mais rejeitavam a ideia de poder ilimitado, foram os que mais se beneficiaram do V-24. Isso mostra que “nivelar o jogo” custaria tudo, tanto para Butcher (Karl Urban) quanto para Hughie (Jack Quaid). Esse questionamento de até onde as pessoas vão pelos seus objetivos, passando pelos vícios ou a traição, é bem abordado aqui. E quais são as consequências disso, já que Butcher está com seu destino traçado e Hughie só não está no mesmo caminho graças ao amigo. Todas as abordagens dessa temporada são muito ligadas ao auto-conhecimento, e isso tornou o terceiro ano um dos melhores da série até agora.
Falando um pouco dos que estão contra o uso do V-24, temos um arco muito bem feito para a personagem da Kimiko (Karen Fukuhara), que sempre se considerou um monstro por conta dos poderes. Com o passar dos episódios, ela percebe que o Composto V apenas aumentou suas habilidades, e que ela não é um monstro. O relacionamento dela com o Frenchie (Tomer Kapon) também é mais abordado nesse ano e é o que traz a leveza que a temporada precisava.
Mother’s Milk (Laz Alonso) e Stralight (Erin Moriarty) também desenvolvem uma relação mais íntima aqui. O destaque fica para o personagem de Laz, que traz um drama do passado para o momento presente, com uma sede de vingança do Soldier Boy, que assassinou seu avô quando ele era apenas uma criança.
Com relação aos outros Supes, Capitão Pátria rouba a cena, como já foi dito. Mas todos possuem suas próprias histórias aqui. A-Train (Jessie T. Usher) percebe como suas raízes sofrem com o racismo nos Estados Unidos e, do seu jeito, busca vingança pela sua família, principalmente seu irmão. Por mais que ele não se importasse com questões sociais antes, sua mentalidade parece mudar depois que tudo respinga em alguém que ele realmente se importa. Vamos esperar para ver o que vem por aí para ele, já que seu coração é literalmente do homem racista que assassinou. Maeve (Dominique McElligott) se junta aos The Boys e é a responsável por conhecermos o V-24 e a existência do Soldier Boy. Ela parecia sem esperança no início da temporada, mas após os momentos finais em que se sacrifica pelo grupo e perde seus poderes, talvez ela encontre a felicidade fora da vida de super-heroína. Black Noir (Nathan Mitchell) teve seu arco ligado aos Sete e ao Soldier Boy, ao mesmo tempo. Seu passado de abusos do líder do grupo Payback veio à tona, mas não houve tempo para seu momento de vingança, já que foi morto no último episódio pelo Capitão Pátria. E por fim, Deep (Chace Crawdord) ficou mais isolado nessa temporada, com alguns momentos memoráveis comendo o polvo Timothy ou sua cena constrangedora no Herogasm, mas não houveram tantas mudanças para ele, tirando o fato de que é o único membro dos Sete vivo e fiel ao líder.
Falando sobre o Soldier Boy, Jensen Ackles entregou um personagem cheio de camadas, com um passado obscuro e atitudes questionáveis. O crescimento de espectadores de The Boys pode ser atrelado ao ator, que deu vida a Dean Winchester por muitos anos, o que tornou sua fanbase forte muito ativa até hoje. E não foi uma decepção. Seu arco foi bem construído e conseguimos entender como seu temperamento tóxico e machista interfere diretamente nas suas atitudes e como seus traumas o tornam quem é hoje. Além disso, fomos premiados com extras memoráveis de Jensen Ackles cantando, já que o ator também é cantor. Seu final ficou em aberto, com possibilidade de retorno no futuro.
Mas ainda que tenhamos personagens incríveis em The Boys, o grande destaque dessa temporada fica para Antony Starr e Karl Urban. A atuação dos dois é impecável, e só fica melhor a cada episódio. Em uma determinada cena de Starr em frente ao espelho, é impossível não se arrepiar. Os dois são gigantes aqui, não existe outra palavra para resumir seu trabalho. E ainda fica mais perceptível o talento de todo o elenco quando tivemos a oportunidade de vê-los no Brasil, mostrando ser o extremo oposto de seus personagens. Acredito realmente que o Emmy já está quase garantido para Starr.
Em resumo, a terceira temporada de The Boys é a melhor até agora. Toda a busca pelo Soldier Boy e seus poderes, o uso do V-24 e suas consequências, a linha tênue entre a justiça e a vingança, o aprofundamento dos arcos dos personagens, a trilha sonora, a montagem das cenas. E agora é esperar pela próxima temporada, que já está confirmada pelo Prime Video.
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The Boys é uma série de televisão norte americana de super-heróis baseado na serie de histórias em quadrinhos de mesmo nome de Garth Ennis e Darick Robertson. Desenvolvido por Eric Kripke para a plataforma de streaming Prime Video, segue a equipe de justiceiros de mesmo nome que luta contra os Supers, indivíduos superpoderosos que abusam de suas habilidades.
A terceira temporada já está disponível no Prime Video.
