Ellie, interpretada por Bella Ramsey, chega ao final da segunda temporada de The Last of Us em frangalhos. Após uma jornada marcada por perdas, culpa e obsessão, a personagem principal não encontra paz, nem redenção. Segundo os criadores da série Craig Mazin e Neil Druckmann, acompanhados pela co-roteirista Halley Gross no podcast oficial da série, a sensação de fracasso absoluto que consome Ellie no episódio final não é apenas emocional, mas um reflexo direto de sua incapacidade de ser quem ela achava que precisava ser.
Fracasso em todos os níveis
Craig Mazin foi enfático ao dizer que Ellie “falhou em todos os níveis possíveis”. A série constrói essa percepção de forma gradual, mostrando uma Ellie que tenta herdar os métodos frios de Joel para sobreviver, mas que falha justamente quando mais precisa agir.
Na cena mais crítica do episódio, diante de Mel e seu bebê, Ellie se paralisa. Ela, que em outros momentos demonstrava coragem até diante de infectados, não consegue agir para salvar uma vida inocente. “Ela congela. Está apavorada. E isso a consome”, explica Mazin. A personagem, que já foi apresentada como curiosa e até insensível em certas situações, como ao dissecar um infectado por curiosidade, agora se vê tomada pela culpa e pelo medo.
Ela não é Joel — e isso a destrói
A ausência de Abby, no fim, não é a maior derrota de Ellie. O que a destrói é perceber que nunca foi, nem poderia ser, como Joel. Halley Gross destaca que essa é a verdadeira virada emocional da temporada: “Ela percebe que não tem a frieza ou a maturidade para fazer o que Joel faria. E essa consciência a quebra.”
Craig Mazin relembra um momento simbólico do episódio anterior, quando o personagem Eugene, já infectado, regrediu a comportamentos infantis diante da impotência. Para Mazin, Ellie passa por um processo semelhante. “Ela volta a ser uma criança diante de algo que não compreende, num pesadelo em que tudo dá errado e ela não sabe o que fazer.”
O dilema moral de Ellie
Neil Druckmann trouxe à tona outro ponto crucial da construção da personagem: a seletividade da força de vontade de Ellie. Em situações de confronto e tortura, como no caso de Nora, Ellie demonstrou uma brutalidade incomum. “Ela teve força para torturar outra pessoa, mas não teve coragem para tentar salvar uma vida”, pontua Druckmann.
Essa ambiguidade é central na leitura que os criadores fazem de Ellie. A personagem tem uma força emocional gigantesca, mas não sabe como direcioná-la. Quando a situação exige um tipo de coragem mais sensível e precisa, como a de realizar um parto de emergência, ela simplesmente não consegue reagir.
Sobre a série
Com direção de Craig Mazin e Neil Druckmann, The Last of Us adaptada o aclamado jogo desenvolvido pela Naughty Dog. Se passando 20 anos depois que uma pandemia devastou a sociedade como conhecemos, a história acompanha a jornada do sobrevivente Joel e da jovem Ellie, interpretados respectivamente por Pedro Pascal e Bella Ramsey.
The Last of Us está disponível na HBO Max.
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