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O que eu aprendi sobre jogos após jogar Half Life 2 novamente

Atenção! Esse texto é baseado somente nas opiniões do autor e com certeza contem pontos de vista e conjecturas das quais você discorda! Portanto, não tome nada como verdade absoluta.

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Depois de terminar meu trabalho de conclusão de curso no ano passado, percebi que tinha tempo de sobra durante os últimos meses do ano. Como fazia tempo que não dedicava tempo ao meu passatempo favorito, resolvi que iria aproveitar para sentar a bunda na cadeira e jogar a maior quantidade de jogos que conseguisse.

Mas jogar o que, meu Deus?

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Depois de revirar minha biblioteca da Steam – com cerca de 800 jogos, me dei conta que não havia muita coisa que me interessasse. Deve ser mais ou menos assim que uma mulher se sente ao abrir o guarda roupa lotado e não achar nada para vestir.

Tentei desesperadamente me prender a qualquer jogo que fosse, mas nada parecia me atrair a ponto de me sentir imerso na experiência. Acabei me dando conta que não restou muita coisa entre os lançamentos de 2016 capaz de capturar minha atenção por muito tempo. Mas o que faltava? Será que eu estava ficando muito velho a ponto de não encontrar mais nada para jogar? Será que meu gosto ficou tão aguçado que nada mais seria capaz de me prender minha atenção como antigamente a ponto de me fazer esquecer do mundo lá fora e ficar horas na frente do computador? Pois é, tudo indicava que sim.

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Frustrado, comecei a andar sem rumo internet à fora procurando por algo que me interessasse. Quem sabe se eu devesse trocar a jogatina por alguma série nova que eu ainda não havia visto, não é mesmo?

Já sem muita esperança e certo de que iria acabar o ano num relacionamento sério com a Netflix, encontrei um artigo muito interessante no Reddit sobre pessoas que assim como eu não encontravam muito o que jogar e que decidiram dar uma chance à jogos esquecidos da sua biblioteca. Afinal de contas, que nunca comprou algo que nunca jogou?

Com a quantidade absurda de bundles e Keys que ganhei de presente nos últimos tempos, posso dizer que não cheguei a instalar nem 60% da minha biblioteca da Steam. Depois de me dar conta disso, vi o quanto é ultrajante chegar à conclusão que não se tem nada para jogar e resolvi exercitar meu TOC testando e organizando todos os títulos da minha biblioteca. Pensei até em transformar essa odisseia em uma série de artigos aqui no site, e a ideia me atraiu tanto que comecei a trabalhar imediatamente.

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E foi assim que eu fui parar em Half Life 2 novamente.

Eu poderia ter começado por qualquer outro jogo desconhecido e que nunca tinha experimentado, mas me dei conta de que apesar de ter jogado o clássico da Valve há muito tempo, eu nunca havia aproveitado o jogo original da minha biblioteca comprado lá no longínquo ano de 2012. Também me dei conta que não terminei os capítulos adicionais lançados posteriormente e também percebi que sentia muita saudade de um FPS empolgante e interessante.

Mas como sentir falta de um jogo assim depois de se aventurar pelos corredores infernais do DOOM, recém lançado pela ID Software e publicado pela Bethesda em 2016? Seria possível me divertir com algo tão “rústico” após jogar algo tão “avançado”?

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A resposta é: com toda certeza!

A verdade é que jogo bom continua sendo bom mesmo com o passar do tempo. Na verdade, acredito que existam dois tipos de jogos: 1) aqueles que são sensacionais, mas que não sobrevivem ao teste do tempo e 2) aqueles jogos que não importa quanto tempo passe, continuam formidáveis.

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Depois da recente febre de FPS que tomou a indústria recentemente, eu tinha chegado à conclusão de que jogos de tiro em primeira pessoa não eram o meu forte. Simplesmente não via mais graça em ficar correndo por ai de arma em punho, mirando em uma série de inimigos aleatórios sem ter que me preocupar muito com a história. Se levarmos em consideração que alguns jogos mais recentes sequer possuem campanha single player, o ato de se preocupar com o enredo nem existe mais na maioria dos casos.

Mas foi aí caro leitor, que que fui surpreendido subitamente. Logo nos primeiros minutos de jogo eu percebi que havia sido fisgado novamente pela saga de Gordon Freeman, mesmo sabendo que a mecânica do game possui elementos de gameplay ultrapassados e gráficos bastante abaixo daqueles que eu estou acostumado. Me senti como o pescador inexperiente que tenta pescar com a isca mais moderna, cheia de luzes, sinos e odores mas que se dá conta que o tiozinho ao lado consegue melhores resultados usando somente uma minhoca e um pouquinho de barro.

O ponto onde quero chegar é que apesar de antigo, Half Life 2 possui algo que diverte de forma simples e que é dificilmente encontrado em jogos mais recentes. Quantos FPS’s você viu serem lançados no último ano que se resumissem somente a apontar e atirar – sem cadência de tiro, recuo de arma e módulos diferentes? Além disso, quantos jogos com uma história realmente cativante você jogou nos últimos tempos?

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Estamos tão acostumados a exigir que os jogos tragam mecânicas novas que adicionem realidade ao gameplay que muitas vezes esquecemos que o motivo principal pelo qual jogamos vídeo-games é um só: divertir-se. Realismo excessivo, gráficos impressionantes e arestas suavizadas não fazem um jogo sozinhos. É preciso algo que dê sentido à essa quantidade absurda de 0’s e 1’s que muitas vezes fazem seu processador pedir água e sua placa de vídeo ficar tão quente quanto a chapa de um fogão à lenha.

Revisitando Half Life 2 e outros jogos mais antigos me dei conta de que alguns desenvolvedores gastam tanto tempo e dinheiro criando novidades e funcionalidades inéditas que muitas vezes desviamos a nossa atenção do que realmente interessa. É como ir à uma churrascaria e comer somente picanha com abacaxi – não que seja ruim, mas todo mundo sabe que na maioria das vezes a picanha é do dia anterior e o abacaxi só serve para dar aquela amolecida na carne para encher a sua barriga antes que você decida acabar com o buffet inteiro.

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Além disso, a perspectiva de que um jogo moderno seja lançado nos mesmo moldes de Half Life 2 é tão absurda, que pode ser entendida como um verdadeiro ultraje por alguns jogadores. Não é à toa que a Valve tem tanto cuidado ao tocar no assunto Half Life 3, afinal de contas, como agradar o fã exigente que prefere a mecânica clássica e ao jogador acostumado com novidades ao mesmo tempo, sem acabar descambando para o fracasso?

No fim das contas, percebi como eu realmente sinto falta de jogos com boas histórias e campanhas singleplayer. Mais uma vez, cheguei a uma conclusão bastante inusitada: jogos devem ser como livros que não precisam de processadores potentes ou placas de vídeo modernas para divertir. O foco deve ser contar uma história que me mantenha preso e me faça querer topar o desafio e investir meu tempo. A partir de agora, é isso que vou buscar.

Perceba caro leitor, que sequer fiz uma comparação sobre as principais diferenças entre Half Life 2 e jogos mais atuais, até por que acho que não é necessário. Toda essa experiência só serviu para me lembrar do por que jogo vídeo games e o que realmente me interessa em um jogo. Não é à toa que revisitar títulos antigos vêm se tornando cada vez mais comum por aí, afinal de contas, temos muito o que aprender com os clássicos que construíram os pilares do que conhecemos hoje como vídeo-games.

No fundo, me sinto um pouco mal por ter algo tão simples ter ficado tanto tempo escondido da minha percepção. Sinto como se tivesse sido enganado pela indústria dos últimos tempos, como se tivesse sido ludibriado por uma série de novidades que nunca pedi que tinham como objetivo mascarar a falta de atributos interessantes de algum jogo qualquer. Entretanto, tenho ciência de que não é bem assim que as coisas funcionam. As mudanças que vêm acontecendo nos últimos tempos são somente um reflexo das preferências dos consumidores e nada mais do que isso. Por isso, é bom pensar bem antes de chegar a conclusões precipitadas sobre qualquer jogo lançado nos dias de hoje. Pode ser que assim como eu, uma visita ao passado acabe abrindo seus olhos e te fazendo perceber o por que você realmente gosta de jogar vídeo games.

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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.