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O que eu aprendi com jogos de videogame

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Antes de começar a postagem em si, gostaria de dar uma pequena situada na motivação dela. Hoje, mais cedo, li uma postagem no blog Nerd Pai onde ele noticiava que a ministra da cultura Marta Suplicy respondeu com um “Nem pensar” ao ser questionada pelos repórteres se o “Vale Cultura” também serviria para adquirir jogos de videogame.

Para quem não conhece, o Vale Cultura é uma espécie de “Vale Transporte” ou “Vale Alimentação”, e que será recebido por trabalhadores que recebem entre 1 e 5 salários mínimos. O vale será de R$ 50,00 e servirá para o trabalhador ir ao cinema ou ao teatro, comprar CDs, etc, ou seja, consumir cultura, e é aí que os jogos entram, ou melhor, não entram, afinal, para a ministra, jogos não são uma atividade cultural.

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Bom, dado todo o background da coisa, gostaria de contar para a ministra o que eu aprendi jogando videogame (ou computador, também vale). Para começar, eu aprendi que os Hititas são uma civilização que povoaram a Ásia Menor (antigo nome da Turquia) por volta do segundo milênio antes de Cristo no primeiro Age of Empires. Ou talvez que Julio César combateu os piratas no Mar Mediterrâneo antes de se lançar na conquista da Gália (aliás, algo que é porcamente citado nas aulas de história), também no mesmo jogo.

Também aprendi sobre Gilgamesh, Shiva e outras figuras de diversas mitologias em Final Fantasy, ou talvez que os Cossacos eram a Cavalaria do Czar na Rússia em Civilization. Por falar em Civilization, esse jogo me ensinou uma porrada de coisas, ele abordou diversos povos ao redor do mundo, também não me contou um pouco mais de experiências que eu certamente não teria, ou teria muito superficialmente ouvindo um CD de música (quer dizer, comprar Desce, Desce, Desce, popozuda é bem mais valioso culturalmente que isso), ou quem sabe um filme.

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Mas se o problema é que “é tudo de fora”, bom, problema resolvido, os jogos estão cada vez mais olhando para o Brasil. Volta e meia vemos o nosso Brasil ser envolvido de alguma maneira no mercado, seja como protagonista, em Max Payne 3 (que até parece ter sido dirigido pelo José Padilha), seja como coadjuvante, em Modern Warfare 2. Tá certo que o retrato feito por eles não é lá muito preciso, mas, hey, pelo menos nós não somos mais a “terra do Blanka”, ou “uma grande Amazônia”, como éramos antigamente. Aliás, até há alguns retratos mais apurados disso, como o Neymar dançando “Ai se eu te pego” (cultura pra caramba, diga-se de passagem, afinal, isso pode, jogar, não) em “Pro Evolution Soccer 2013”.

Por falar nisso, os americanos até têm tentando entender o nosso mercado e o motivo da pirataria ser um dos grandes problemas enfrentados por ele, como pode ser visto aqui, aposto que um vale cultura seria um belo incentivo para o mercado, inclusive para as empresas de desenvolvimento de jogos daqui do Brasil, que ainda estão engatinhando, mas que já possuem alguns belos trabalhos, como Knights of Pen and Paper, que se baseia numa série de livros de RPG bastante tradicional.

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Ou seja, temos todo um gigantesco ecossistema mundial de jogos lá fora, que cada vez mais são considerados como “arte”, e um mercado nascente promissor aqui. O Vale Cultura seria uma bela ferramenta para estimular esse pessoal que tá aqui e que quer criar, mas não só eles, estimular também o consumidor, afinal de contas, jogos nos ajudam a sermos mais criativos. Quem nunca quis fazer o seu próprio RPG e saiu por aí escrevendo histórias, criando personagens e imaginando tudo? Mesmo que nunca tenha saído da cabeça da pessoa, isso já nos ajuda a desenvolver habilidades que serão fundamentais para o nosso crescimento, como criatividade, habilidade de nos expressarmos, estruturação de ideias etc. Isso sem falar na porrada de gente que eu conheço que aprendeu inglês jogando RPG muito melhor do que se tivesse ficado só no verbo to be pelo trigésimo ano consecutivo do colégio.

Outro motivo pelo qual eu acredito que aprendi algo, sim, jogando videogames, é esse site. Eu não estaria tentando ganhar a vida escrevendo sobre jogos, colocando toda a argumentação e a redação que eu aprendi durante os meus vários anos de escola (e tentando incentivar os leitores a participarem no site, com bons resultados) se o meu pai não tivesse me dado o meu primeiro Master System. Quero dizer, o Critical Hits não estaria aqui trazendo novidades e um pouco de cultura, não fosse isso.

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Por mais que o videogame seja uma maneira de entretenimento, que mal há nisso? Ok, ainda há vários jogos bem rasos, como aquele de arremessar pássaros em porcos, mas há produções de dar inveja em cinemas. Vocês sabiam que a indústria de videogames é maior do que a indústria cinematográfica nos EUA? Nem a toda poderosa Hollywood consegue competir com Electronic Arts, Activision e cia.

E outra, Videogame, na verdade, é uma junção de diversos dos ramos abordados pelo Vale Cultura. Também há a necessidade duma equipe de efeitos especiais, como em filmes, a necessidade de um roteiro, como no teatro, além da música de fundo, que às vezes até vira orquestra, como a Square Enix fez:

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http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Sx1PAyD3rzc

Ou ainda os vários livros baseados em séries de videogame, como os Assassin’s Creed, que venderam mais de 200 mil cópias apenas no Brasil:

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Eu gostaria muito que a dona Marta lesse esse artigo por um simples motivo: eu acredito que ela está errada e gostaria que ela soubesse porquê. Cabe a vocês me ajudarem nisso. Para tanto, entrem no site do Ministério da Cultura, na sessão de contato, e digam que gostariam de saber da ministra por que ela não considera os jogos uma forma de cultura. Caso vocês queiram argumentar por vocês, sejam educados, mas incluam um link para essa postagem na mensagem. Quanto mais pessoas participarem, maior a chance de sermos ouvidos.

Não adianta nada só reclamar e achar que algo vai mudar dessa forma. Cidadania é isso, é lutar pelo que você acredita que é certo, ao invés de esperar que outros vão lá e façam. Por isso, contamos com a ajuda de todos os nossos leitores que, assim como eu, acreditam que, sim, jogar videogame é cultura. Enfim, conto com vocês.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.