Chegar em casa estressado, fechar a porta do quarto e ligar o videogame para esquecer do mundo. Jogar cinco, dez minutos e sentir que aquela raiva que estava cozinhando na sua cabeça está quase entrando em ebulição a ponto de lhe fazer cogitar seriamente se jogar o controle na parede é uma boa ideia. Esse tipo de situação era mais raro há alguns anos, quando a maioria dos jogos oferecia um desafio bastante fraco onde a sensação de apertar A (ou X se você for dono de um PlayStation 3) e seguir a flechinha do início ao fim do jogo era o que mandava, mas atualmente nos deparamos com uma série de jogos desafiadores, a maioria vindo do mundo indie, mas com boas surpresas vindo de grandes desenvolvedores.
Diferente do que você possa imaginar, eu não estou falando de jogos onde você acaba o modo “normal” e há uma boa diferença para o “hard”, e sim jogos onde só há aquele nível “vou embranquecer todos os seus cabelos” de dificuldade e que são difíceis de propósito, onde você sente mais alívio por ter se livrado daquela parte infernal do que qualquer outra coisa. Dois bons exemplos dessa nova safra de desafio são Spelunky e Dark Souls.
Spelunky é um jogo indie que surgiu primeiro como um jogo freeware para PC e hoje está no Xbox 360 (e tem até uma versão para browser). O jogo é extramente desafiador e a morte é uma constante nele. Qualquer errinho é premiado com uma flecha na testa ou (como diria o Woody, em Toy Story) uma cobra na sua bota. Não que o desafio seja desanimador, muito pelo contrário, o jogo é extremamente divertido e é até engraçado ver que aquele pulo foi mal calculado e resultou em um belo empalamento nas estacas que estavam do lado de onde você queria aterrisar, ou que eu não deveria ter provocado o dono da loja, já que agora todos eles querem me pegar.
Em Dark Souls a situação não é muito diferente. A morte acompanha você a cada instante e chega a tornar as coisas desanimadoras às vezes. Nesses casos, o melhor é desligar o videogame, tomar um suco de maracujá e voltar para tentar novamente. Durante a primeira tentativa de terminar o jogo (já estou na terceira, é certamente o jogo que eu mais acumulei horas jogadas, com mais de 100 até o momento), eu me pegava pensando que em algum lugar do Japão, alguns japinhas estariam rindo em uma sala pensando em como os jogadores se foderam em uma das diversas áreas impossíveis do jogo.
O legal dos dois casos é que a cada porrada que você leva, você tem mais ainda vontade de voltar e vencer o desafio, nem que seja para dar aquele grito de “toma, seu filho de uma #%#%#$, eu finalmente te venci!!!” ao fim, respirar profundamente e partir para a próxima série de tortura e dor. Que bom que uma hora elas acabam, mas é ainda melhor que estejam aqui e cada vez em maior número para nos oferecer algo um pouco mais interessante do que “aperte X para continuar”.
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