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Critical Hit: pela morte do varejo de games

Fala, galera, tudo bom com vocês? Quem aí compra jogos em mídia física? Se a resposta for “eu!” me responda então por que você ainda faz isso? Eu também compro jogos em mídia física, ou melhor, comprava mais antigamente, na geração passada, que não tinha pré-cargas antecipadas e, no caso do Xbox 360, quase nunca tinha o lançamento digital no mesmo dia do lançamento físico, mas, sempre que possível, a compra era feita em meio digital. Por que isso? Pelo preço, obviamente.

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Compensa muito mais comprar jogos de maneria digital aqui no Brasil porque é possível fazer uma conta na PSN ou na Xbox Live americana e pagar em dólar. Você paga 60 dólares e mesmo com a cotação a R$ 2,60 e o IOF a 6%, o jogo ainda sai por 165 reais (60 dólares no lançamento). Um preço alto comparado ao  de jogos de PC, mas menos caro do que os R$ 200,00 que os nossos varejistas lindos pedem pelo mesmo jogo.

Por que esse valor é cobrado? Porque há mais um intermediador na brincadeira. Quando a Nintendo, a Sony e a Microsoft vendem jogos de maneira digital, há apenas a empresa que vende como intermediadora, ou seja, 30% (em média) do valor da venda vai pra companhia, uma parte pros impostos e o resto pra empresa que fez o jogo. A empresa ganha mais com a venda digital.

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No caso da venda em lojas físicas, o valor é dividido entre varejista, impostos, empresa fabricante do console e empresa que desenvolveu o jogo, ou seja, a empresa que fez o game ganha menos e você paga mais, porque há mais uma pessoa pra dividir o bolo. Isso não é exclusivo do Brasil, apesar de ser pior aqui. Se eu não me engano, não lembro a fonte agora, mas li que nos EUA, as empresas que fazem jogos ganham 33 dos 60 dólares em cada cópia vendida em lojas físicas, ou seja, dava pra vender os jogos de maneira digital por mais ou menos 45 dólares e elas ganhariam a mesma margem, e a empresa dona do console ficaria com os 30% dela numa boa.

Por que isso não acontece? Porque GameStop e companhia têm que vender, é claro, essas empresas geram bilhões por anos em vendas de jogos e, se um jogo custasse 45 dólares na PSN e 60 na GameStop, eu não pensaria duas vezes e compraria na PSN, é claro. A Sony e a Microsoft haviam prometido um desconto de 10~20% no meio digital em relação às lojas, que acabou não se cumprindo, ou seja, ganharam as lojas, perderam os gamers. Apesar de terem lojas próprias, Nintendo, Sony e Microsoft vendem o grosso dos seus jogos na rede de varejo.

Mas voltando ao Brasil, porque o que acontece no nosso quintal interessa mais. Aqui, a situação é bem pior, porque, diferente do PC, as companhias precisam dos varejistas para vender os consoles. Ou seja, a Sony, a Microsoft e a Nintendo têm que entrar em acordo com Americanas, Submarino, Ponto Frio etc para que o preço do software seja interessante para essas companhias também, o que significa que os jogos nas lojas digitais custam o mesmo preço da mídia física, totalmente fora da realidade mundial. Isso não acontece no PC porque o Steam tem um poder de mercado muito maior e, diferente da lógica do monopólio, ela força os preços pra baixo, e não pra cima. O resultado disso é que as lojas físicas são forçadas a vender os jogos de PC ao mesmo preço ou menor que o do Steam para poderem competir com ele.

Detalhe: o preço dos jogos de PC lá fora, em média, é algo em torno de 10 dólares mais barato do que o preço dos jogos de console, o que significa uns 25 reais no preço final e não os quase 100 reais que nós encontramos quando comparamos um jogo de PS4/Xbox One/Wii U com um jogo de PC no Steam. Vender jogos em mídia física dá muito mais dinheiro pra uma varejista do que vender um jogo de PC.

Como combater isso? Exigindo preços mais competitivos por parte da Sony, Microsoft e Nintendo, comprando jogos em promoção nas lojas digitais, comprando jogos nas lojas digitais americanas ao invés das brasileiras ou simplesmente comprando um PC e tentando são ser um babaca PC Master Race derp derp.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.