KAAAAAA-MEEEEE….HAAAAAA-MEEEE….HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! Atire uma pedra que não tentou lançar um kamehameha pelo menos uma vez na vida. Esse icônico ataque de Goku em Dragon Ball é uma das marcas da franquia. Mas o grito que anuncia o ataque é um clichê que está presente em praticamente todos os mangás e anime que envolvem luta. E vem de muito antes de Dragon Ball.
Cultura do Anúncio
Conflitos nipônicos na época dos Samurai tinham um contexto muito individual. Não era raro que rivais se enfrentassem em duelos honrosos que muitas vezes decidiam os conflitos ao invés de grandes batalhas campais entre pelotões.
Samurai cavalgavam até a linha de frente inimiga e anunciava seu nome, linhagem e conquistas de batalha na esperança de achar um oponente digno de combate.
Esse tempo mais “romântico” das guerras no Japão feudal eventualmente cedeu lugar à Guerra Total. Pelotões inteiros passaram a se enfrentam com a intenção de destruir completamente a habilidade dos inimigos de continuarem a guerrear.
Mas a ideia do combate x1 dos samurai nunca morreu na cultura expressada pelos japoneses. Não é surpresa, nesse caso, que o destino do planeta, do universo e até do multiverso seja resolvido em combates individuais em Dragon Ball.
E o anúncio da técnica a ser utilizada é, também, um resquício dessa era antiga. Mas os gritos dos animes e mangás também tem um pouco de marketing envolvido.
História da Gritaria
Essa tradição de longa data foi criada no que é considerado o primeiro anime de Super Robôs, Mazinger Z, que foi exibido entre 1972 e 1974 no Japão. A ideia dos produtores do desenho era fazer com que o público alvo (3~10 anos) interagisse junto do protagonista Kouji Kabuto ao gritar o nome dos ataques do mecha.
A lógica por trás da ideia era razoavelmente simples: se os fãs interagissem fisicamente com o desenho que eles já gostavam, eles passariam a gostar ainda mais.
Não é preciso dizer que a ideia foi tão boa que se estendeu muito além desse esquecido anime/mangá escrito por Go Nagai.
Benefícios dos Berros
Mais do que uma estratégia de marketing, esse clichê se tornou universal porque se encaixa muito bem com a mídia do mangá (que geralmente vem antes do anime). Por ser feito majoritariamente em preto e branco, as ações descritas podem acabar confusas nas páginas.
Ao se anunciar/anunciar as técnicas utilizadas, os personagens criam uma âncora mental para o leitor que facilita o trabalho do mangaká. Mesmo que a ação seja confusa, ainda é possível saber quem atacou quem utilizando o quê.
Uma das coisas mais satisfatórias na criação de cenas de ação (seja nos mangás, nos animes, ou até em live-action) é a sensação de causa e efeito. É a ausência dessa sensação que faz algumas lutas de filmes ocidentais, por exemplo, cheias de cortes e recortes na edição, perderem o impacto.
É essa conexão entre o golpe executado e o efeito no oponente que faz com que as lutas dos filmes do Jackie Chan sejam impressionantes até hoje.
Poucas lutas são tão icônicas no MCU quanto o conflito final entre o Homem De Ferro contra o Capitão América e o Soldado Invernal. E muito disso se dá pela cena onde a luta é mostrada de maneira aberta e sem muitos cortes, onde os movimentos são conectados na nossa frente, sem truques de edição.
O grito de anúncio da ataque gera esse efeito de causa/efeito no mangá e depois é traduzido no anime — mesmo que o benefício não seja tão intenso na forma animada.
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