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Afinal, Kimetsu no Yaiba foi realmente uma história rushada demais?

Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba foi uma das gratas surpresas dos animes em 2019.

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Apesar do gênero shonen já ter sido criado e recriado um bilhão de vezes, histórias do tipo ainda fazem muito sucesso no mundo dos animes, e Kimetsu no Yaiba conseguiu conquistar o seu merecido sucesso graças à combinação de personagens carismáticos, boas lutas e uma animação verdadeiramente soberba.

Ainda assim, há momentos em que a história parece completamente apressada, mesmo que você tenha apenas assistido ao anime, mas principalmente se você estiver acompanhando e atualizado no mangá.

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Mas afinal, ela realmente foi apressada demais? Por que isso? E o que poderia ser melhor abordado durante os períodos em que a história acabou correndo mais do que deveria?

Bom , vamos começar falando um pouco sobre porque não só Demon Slayer foi mais corrido do que deveria, mas também outros mangás passam essa percepção hoje em dia.

O principal motivo disso é a rotatividade que a Weekly Shonen Jump dá aos seus mangás. Por se tratar da principal revista de publicação de mangás do Japão, todo mangá que vai parar lá acaba recebendo uma grande atenção, muito mais do que em outras revistas.

Exatamente por isso, todo o mangá que para por lá deveria ser um grande hit, não necessariamente um novo Dragon Ball, Naruto ou One Piece, mas um mangá que vai marcar uma geração, e se ele não dá mostras disso, ele é rapidamente descartado em favor de outros que possam vir a ter esse potencial.

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Por causa disso, muitos mangakás acabam tendo que correr demais com o começo da história, já que elas não podem mais se dar ao luxo de “só serem boas depois do vigésimo capítulo” e usar esses vinte capítulos iniciais para estabelecer personagens, desenvolver o mundo e coisas do tipo. Não, o pau tem que comer cedo e de preferência com grandes poderes. Ninguém mais quer um personagem que vai ser fraco durante centenas de episódios e só se mostrar útil lá na finaleira.

Um grande exemplo disso é Black Clover. O mangá de Yuki Tabata é o melhor exemplo de história com um ritmo alucinante. Há praticamente uma luta por episódio, e a história e o desenvolvimento dos personagens voam. Outro dia desses, eu comentei que Black Clover era a antítese de One Piece. Enquanto este vai ficar meses desenvolvendo um flashback no arco de Wano em breve, aquele não teve nem 5 minutos de flashback no arco atual inteiro.

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Dessa forma, a autora de Demon Slayer também provavelmente se sentiu pressionada a entregar logo a ação prometida e teve que cortar alguns desenvolvimentos iniciais que ela poderia fazer, mas esses cortes acabaram indo além.

Talvez porque o anime de Demon Slayer só estreou na metade de 2019, ou seja, quando o arco final do mangá já estava se encaminhando, a autora tenha vivido com uma constante pressão de que a história tinha que ser entregue na ponta do laço ou ela não conseguiria terminar sua obra.

Com a chegada  do anime e a explosão de vendas do mangá, ela certamente teria a segurança de puxar o freio de mão e começar a desenvolver melhor o que ela gostaria, o problema é que estamos praticamente no final da história, e fazer isso agora seria artificial demais.

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Desse modo, a oportunidade de muitos arcos que poderiam ter sido inclusos entre o que já foi desenvolvido acabaram sendo perdidas. Alguns exemplos disso são arcos focados em Zenitsu e Inosuke, que de companheiros de Tanjiro acabaram passando a coadjuvantes da história, em detrimento dos Hashiras, ou Pilares. Zenitsu teve uma luta no arco final contra um ex-rival que cai de paraquedas  na história, e que teria sido legal ver um pouco mais do passado deles.

Os próprios Pilares talvez pudessem ter sido melhor desenvolvidos, ou até mesmo a ascensão de Tanjiro e companhia nos ranks dos caçadores de demônios, afinal de contas, mal estávamos no episódio 16 ou 17 do anime e eles já estavam enfrentando uma lua inferior, e pouco antes disso eles enfrentaram uma lua inferior, inimigos que deveriam ser a força de elite de Muzan Kibutsuji.

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Mas no fim das contas, a personagem que mais acabou sendo prejudicada por essa correria toda de Kimetsu no Yaiba certamente foi Nezuko. A irmã de Tanjiro é um dos personagens mais interessantes do anime e talvez até do mundo do mangá, e todo o desenvolvimento dela parece acabar acontecendo enquanto ela está dentro da caixa que o irmão mais velho usa para carrega-la, ou quando ela está dormindo.

A personagem merecia ter ganho um arco só para ela, algo que eu não duvido que teria acontecido se a autora tivesse mais segurança de tentar algumas coisas diferentes sem medo de receber o bilhete azul.

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Isso tudo está muito longe de ser eu dizendo que Kimetsu no Yaiba é um anime ou mangá ruim. Mesmo com tudo o que foi exposto aqui, eu afirmo que gosto pra caramba da obra de Koyoharu Gotoge, só acho uma pena que o mangá provavelmente vai acabar com 200 e pouquinhos capítulos e que muito do que foi exposto ali podia ter sido melhor trabalhado, além do que não foi exposto.

Ainda assim, tomara que graças a esse sucesso a autora possa ter mais tranquilidade para não precisar ficar constantemente pisando no acelerador numa próxima obra dela, não é mesmo?

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.