Dentro da obra de Gege Akutami, um dos temas mais recorrentes e impactantes é o conceito de “ser o mais forte”. Este título é concedido ao feiticeiro mais poderoso da era atual, e ao longo da trama de Jujutsu Kaisen, ninguém encarnou esse papel melhor do que Satoru Gojo. No entanto, ser o mais forte nunca foi um privilégio, mas sim um peso insuportável, um fardo que Gojo teve que carregar desde o nascimento.
A história de Gojo não apenas serve para construir sua própria narrativa, mas também molda o pano de fundo da sociedade jujutsu, afetando todos ao seu redor e estabelecendo os pilares da trama principal do mangá.
A posição de Gojo era incompreensível para quase todos
O impacto do título de “mais forte” se torna evidente durante o Arco do Passado de Gojo, quando vemos a morte de Yu Haibara em uma missão com Kento Nanami. Enquanto Nanami lamenta a perda de seu companheiro, ele questiona por que simplesmente não deixam tudo para Gojo resolver.
Essa fala é um divisor de águas. Ao reduzir Gojo a uma ferramenta, Nanami expressa uma visão que eventualmente se espalharia por toda a sociedade jujutsu: Gojo não é um humano comum – ele é um monstro que existe para carregar o peso do mundo.
Esse momento também fortalece a decisão de Suguru Geto, que já estava à beira do colapso. Ao ver como Gojo era tratado, Geto percebe que o sistema jujutsu não estava apenas falhando com os fracos, mas também com os mais fortes.
A desumanização de Gojo: o preço de ser o mais forte
Desde esse ponto, Gojo deixa de ser visto como um indivíduo e passa a ser tratado como uma arma viva. Ele não tem permissão para falhar, para fraquejar ou demonstrar vulnerabilidade. A sociedade jujutsu o vê como um escudo, alguém que está lá apenas para resolver problemas e garantir a estabilidade.
Essa mentalidade se reflete em sua morte. Quando Sukuna finalmente o derrota, ninguém lamenta sua perda de maneira verdadeira. Não há um momento de luto significativo por Gojo como pessoa – o que os feiticeiros lamentam é a ausência do “mais forte”. Sua morte não representa apenas a queda de um grande feiticeiro, mas a perda do escudo que protegia a todos.
Esse ciclo de desumanização é ainda mais evidente quando Yuta Okkotsu assume o corpo de Gojo através da Técnica Amaldiçoada de Kenjaku. Para Yuta, essa não é apenas uma estratégia de batalha – é a aceitação de que, para proteger o mundo, ele precisa se tornar o novo monstro que a sociedade jujutsu exige.
Yuta e o verdadeiro sucessor de Gojo
A única pessoa que realmente compreendeu o peso do título de “mais forte” foi Yuta Okkotsu. Durante o Arco do Confronto em Shinjuku, Yuta não apenas assume a posição de Gojo, mas abraça o destino que o título carrega.
Ao transplantar seu cérebro para o corpo de Gojo, Yuta literalmente se transforma no próximo “mais forte”, provando que ele compreende o que significa ser um monstro. Isso também é reconhecido por Sukuna, que expressa um respeito semelhante ao que demonstrou ao lutar contra Gojo, reconhecendo que um novo “mais forte” havia surgido.
Esse ciclo de sucessão mostra que Jujutsu Kaisen nunca tratou “ser o mais forte” como um presente – é um peso que poucos podem suportar, e aqueles que o fazem inevitavelmente se tornam monstros aos olhos do mundo.
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Jujutsu Kaisen (traduzido para Batalha de Feiticeiros no Brasil) é um mangá japonês escrito e ilustrado por Gege Akutami, e publicado na revista Weekly Shōnen Jump desde 5 de março de 2018.
Jujutsu Kaisen conta a história de Yuji Itadori, um jovem gênio do atletismo que acaba juntando-se a um clube de ocultismo e então descobrindo ser o receptáculo perfeito para Ryomen Sukuna, a maldição mais poderosa de todos os tempos.
Jujutsu Kaisen tem um anime desenvolvido pelo Studio Mappa (o mesmo de Attack on Titan) com duas temporadas disponíveis no Crunchyroll.
