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A cruzada contra a roupa sexy da Laura – Papo Sério #21

Fala, galera, tudo bom com vocês?

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Hoje eu gostaria de conversar um pouquinho com os amigos sobre sexualização de personagens e toda essa polêmica que tem envolvido a personagem Laura, de Street Fighter V.

Como eu fiz um script pro vídeo de hoje (boa parte dele não mostra a minha cara, e sim gameplay representando o que eu estou falando), eu acabei escrevendo um script pra ele, então, caso você prefira textões estilo Facebook, o script está logo depois do vídeo, apesar dele ter algumas falas e argumentos a mais em relação ao texto.

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Para quem não faz ideia do que eu estou falando, resumo rápido: na semana passada, a Capcom liberou telas de uniformes alternativos dos personagens de Street Fighter V, incluindo uma roupa alternativa da Laura que deixou boa parte do movimento feminista nerd bem de cara.

A tal roupa é composta por um shortinho com uma alça de uma calcinha asa-delta saindo e um top que mostrava a parte de baixo dos peitos dela. Ok, convenhamos que essa não seja lá a roupa mais adequada do mundo para se trocar porradas com outra pessoa na rua, mas precisava tudo isso mesmo? Serião?

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A reclamação toda em cima disso, obviamente, é o fato de a personagem ter sido objetificada e tido uma conotação sexual gigante, de a roupa não combinar com o estilo do esporte que ela pratica, de ser desconfortável lutar sem sutiã e, num dos textos que eu li que não gostaram do visual, a autora disse que acha que a brasileira não curte usar esse tipo de roupa.

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Ignorando a regra número 1 atual de discussões da internet, onde a experiência pessoal não vale como argumento, apesar de eu achar que em certos casos vale, vamos parar para lembrar que estamos falando de uma porcaria de um jogo de luta que não acontece num mundo de verdade. Pessoas soltam raio das mãos desse jogo. Tem um cara que dá choque elétrico com o corpo dele pois ele supostamente aprendeu isso com os peixes do rio amazonas essa técnica.

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O realismo de Street Fighter foi pra banha desde 1987, quando a primeira versão do jogo foi lançada. Reclamar da falta de realismo do jogo é tipo eu reclamar do homem aranha dizendo que se ele fosse picado por uma aranha radioativa ele no máximo perderia a mão, ao invés de ganhar super poderes, e que a maior preocupação do Bruce Banner provavelmente seria com a quimioterapia que ele estaria fazendo agora pra cuidar dos 25 tipos de câncer que ele desenvolveu depois do acidente com os raios gama, e não em tentar não ficar puto da vida e perder o controle.

Meios fictícios são fictícios, e isso é de uma obviedade tão grande que eu até me abismo de realmente ter que falar sobre isso aqui. Sobre a roupa da Laura não condizer com o esporte e estilo de vida dela, fica a pergunta: o Zangief e todos os outros russos que lutam luta greco romana com ursos também usam sunguinha na Sibéria? Não. Os visuais dos personagens de Street Fighter são exagerados de propósito, e olha, sinceramente, a mulher brasileira tradicionalmente se veste com roupas como a da Laura, e ainda mais nessa época do ano, em muitos casos, com roupas até menores. O exemplo extremo disso é o carnaval, quando tu vê gente por aí dançando só com um esparadrapo na prexeca pra não mostrar os beiços, como se fosse isso a única coisa que importasse não mostrar, teoricamente.

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E olha que nós estamos falando da roupa alternativa da Laura. Ninguém fez textão reclamando da sexualização quando a Capcom lançou a versão gostosona do Ryu sem camiseta e de barba, no melhor estilo “lumbersexual”. Isso me leva a pensar em duas alternativas, ou pimenta nos olhos dos outros ser refresco, ou histeria demais por problema de menos.

E obviamente essa histeria toda não está apenas no Street Fighter. Nessa semana, o canal do Youtube Feminist Frequency lançou um vídeo sobre as bundas dos personagens nos jogos. Segundo a autora do vídeo, os jogos com mulheres fazem questão de mostrar a bunda delas, enquanto que os jogos com homens fazem questão de esconder as bundas, seja com sobretudos, casacos, capas, etc, apesar de eu conseguir lembrar de milhares de jogos que eu já joguei onde tive que ficar olhando pra bunda de um personagem homem cis hetero por 30 horas. Isso não me fez pensar nele como um objeto, isso não me tornou menos homem, isso não fez a mínima diferença pra mim.

Outro exemplo disso foi um vídeo que saiu esses tempos na internet e viralizou onde mulheres “normais” tentavam copiar as capas das personagens de histórias em quadrinhos, e a primeira delas, se eu não me engano, era a mulher aranha de bunda pra cima. A primeira comparação a isso que me veio na cabeça foi a Nicki Minaj no clipe My Anaconda Don’t. Se tu digitar essas palavras no Google, o que aparece? A cantora de bunda pra cima com o fio dental saindo das calças numa imagem mais sexualizada do que a da mulher aranha. Mas por que ninguém reclamou disso? Porque ela é mulher e ela tem o direito de fazer o que diabos ela quiser com o corpo dela, afinal de contas, não é esse o ponto todo do feminismo?

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Tem horas que é difícil de dar razão pra reclamações de quem diz que luta por direitos iguais exatamente por causa disso. A mulher não quer se sentir sexy usando calça 34 ou 44? Não é esse o objetivo do feminismo? Que a mulher possa fazer e vestir o que ela quiser sem ter que dar satisfação a ninguém desde que isso não fira a liberdade dos outros de também fazer o mesmo? Não é isso que a sociedade deveria buscar pra todo mundo? Então parem de encher o saco querendo que personagens da mídia usem roupas largas tons pastel que não sexifiquem ninguém.

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Ou outra alternativa, criem personagens “plus size” sexys. Quer um exemplo de uma que já existe e que também está em Street Fighter? Olhem a Rainbow Mika. Olha o tamanho das personas dela e do corpo dela. Ela não é magra. Ela certamente seria considerada plus size no “mundo real”. E nem por isso ela deixa de ser sexy e de fazer o que quiser e usar o que quiser não dando a mínima foda para o padrão de beleza imposto pela sociedade e blablabla.

No fundo, todo mundo quer se sentir bonito, e pra isso, precisa-se de referenciais de beleza. Que criem-se mais referenciais então, se os que estão por aí não são bons pra vocês. Ou talvez tentem olhar melhor ao redor, pois vai ver eles já estão aí, mas essa vontade toda de ter uma revolta por dia pode estar cegando muita gente pras coisas positivas que o mundo também tem a oferecer.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.