Uncharted: Coleção Legado Dos Ladrões está finalmente chegando ao PC, trazendo o tão aclamado “Uncharted 4” e o spin-off “The Lost Legacy” para a Steam, mas será que vale a pena o investimento? É isso que vamos descobrir no review de hoje.
Como de costume com um review de uma remasterização, traremos nossas considerações originais sobre história e gameplay do jogo abaixo, e então falaremos sobre as novidades dessa nova versão.
Uncharted 4
Em Uncharted 4, vemos o final da aventura de Nathan Drake. O jogo se divide em três momentos, com o primeiro deles contando uma aventura antes de Uncharted 1, alguns momentos contando a infância de Nathan e o grosso do jogo se passando na aventura que de fato é Uncharted 4.
As principais novidades que o jogo traz são a inclusão do elemento de stealth e uma corda com a qual Nathan pode balançar-se por aí e atingir outros locais.
Começando pelo stealth, ele é extremamente simples, beirando o rudimentar. Para vocês terem uma ideia, boa parte do stealth do jogo revolve em esconder-se em arbustos e atrás de paredes, para matar inimigos sem alertar sua presença aos outros. Isso meio que já existia em Uncharted anteriormente, mas não era uma opção tão explorada assim. Agora, você pode escolher entre alternar a furtividade e o tiroteio, ou pelo menos tentar limpar alguns inimigos na furtividade antes do tiroteio começar. É interessante notar que o stealth de Uncharted 4 é menos bem feita do que a de The Last of Us, que também é um jogo da Naughty Dog e foi desenvolvido pela mesma equipe do jogo, então isso é um pouco desapontador.
Já a corda de Nathan é algo interessante adicionado à jogabilidade de Uncharted 4. É muito divertido se balançar por aí e isso dá uma liberdade maior ainda nas partes onde você tem que escalar e vencer os desafios que o terreno impõe contra você. A minha única reclamação aqui fica na forma como ela é introduzida no jogo, com Samuel ensinando Drake a usar a corda muitos anos antes do tempo presente. Aqui só vale ressaltar que esse tipo de explicação fica meio ruim, já que se Drake já possuía essa habilidade no passado, por que ele só resolveu fazer uso dela agora, depois de velho e cansado, né?
Enfim, além destas novidades, é possível notar como a Naughty Dog é um estúdio que evolui a cada novo lançamento, já que diversos pontos de Uncharted 4 são um incremento em cima do que a desenvolvedora fez em The Last of Us: os momentos de tiroteio são muito divertidos, e uma das novidades na condução da campanha é que o jogo se alterna mais entre momentos de escalada e conversa, que é onde a história avança mesmo, e momentos de atirar em quase tudo o que você vê pela tela.
Isso significa que o jogo quase não traz os puzzles pelos quais a franquia é conhecida. Para quem não gostava deles é uma benção, mas é meio estranho ver Uncharted quase sem esse elemento.
Para completar, temos ainda a grande novidade do jogo, que é o irmão de Nate: Samuel Drake. O irmão desaparecido de Nathan é um carismático personagem que está com problemas arranjados na cadeia e agora precisa da ajuda do irmão. Assim como Nathan, ele também faz o clássico tipo canastrão piadista. Nada mais natural, afinal, ambos cresceram juntos. Eu costumo não gostar dessa história de “parente sumido que aparece bilhões de anos depois de uma série começar” porque eles geralmente não se encaixam bem ao enredo, mas a Naughty Dog conseguiu amarrar a história de Samuel direitinho ao enredo de Uncharted 4, exceto pelo detalhezinho da corda levantado acima.
No fim das contas, a Naughty Dog fez um trabalho excelente em Uncharted 4, o jogo combina uma excelente narrativa a um gameplay cheio de momentos memoráveis e extras pontuais que fazem a jogatina se estender por mais de uma campanha. Facilmente um dos melhores jogos de PlayStation 4 e 5 que agora está chegando ao PC.
Uncharted: The Lost Legacy
Em Uncharted: The Lost Legacy, você controla a dupla Chloe Frazer e Nadine Ross, numa expedição na Índia. A aliança improvável das personagens está em busca do chifre de Ganesh, um artefato histórico que pode valer muito dinheiro e ajudar ambas as personagens a reerguerem suas vidas, principalmente Nadine, mas não vamos discutir a fundo o motivo pois isso nos levaria a falarmos de spoilers de Uncharted 4.
Como um jogo da série Uncharted, The Lost Legacy segue bastante o template clássico da franquia: você tem momentos com puzzles, momentos de tiroteio e momentos onde o mundo está desmoronando e você deve pensar rápido. Apesar de ser uma versão mais contida dos jogos estrelados por Nathan Drake, The Lost Legacy faz um bom trabalho em colocar você diante de puzzles bem pensados e de situações de combate com algum desafio.
Apesar de o jogo marcar todos os pontos necessários para se fazer um Uncharted, é interessante notar que ele parece uma versão “light” do que estamos acostumados: a maioria dos combates é fácil e com poucos adversários, os puzzles estão longe de serem tão desafiadores quanto em Uncharted 2 ou Uncharted 3, e as cenas de “mundo acabando” com tudo desmoronando e tudo mais só chegam com vontade mesmo próximo ao final do jogo.
Outro ponto onde o jogo acaba devendo um pouco é no carisma das personagens. A química entre Ross e Frazer parece fraca em vários momentos, e ainda que elas não sejam melhores amigas e vão criando um laço durante a aventura, falta um certo carisma nelas em diversos momentos. Comparando novamente com Uncharted 4, Sam e Nathan Drake são uma dupla muito mais interessante e divertida de se acompanhar do que Nadine e Chloe.
Um ponto legal do jogo certamente é no momento em que a dupla tem um jipe para explorar uma área no jogo como quiser, semelhante ao momento do distrito comercial de The Last of Us Parte 2. Aqui é onde você pode fazer o jogo se alongar bastante, já que há diversos extras para você ir atrás antes de avançar na história.
No total, Uncharted: The Lost Legacy conta com cerca de 7 horas de conteúdo, ou seja, o suficiente para você se entreter durante um final de semana, ou metade do conteúdo oferecido nos jogos numerados da franquia Uncharted. O tempo de jogo aumenta um pouco caso você queira ir atrás de todos os colecionáveis espalhados por aí, além das fotos que Chloe pode tirar da paisagem, mas caso você esteja aqui só pela história, pode ser que você ache o jogo curto demais. Felizmente nesse caso estamos falando de um pacote com ele e com Uncharted 4, então isso ameniza esse problema.
As novidades da versão de PC do Uncharted: Coleção Legado Dos Ladrões
A versão original de ambos os jogos já era muito bonita, e aqui no PC temos a versão definitiva desses gráficos. É muito divertido explorar as ilhas e cenários exóticos de Uncharted em alta resolução, podendo usufruir dos 60 quadros por segundo e da resolução 4K ao mesmo tempo. Além disso, o jogo oferece suporte ao feedback tátil e efeitos de gatilho dinâmicos do Dualsense do PS5, basta plugar o controle pelo cabo e pronto.
A interface do jogo e menus também foram repaginados pensando na experiência dos jogadores de PC, principalmente aqueles que vão preferir utilizar o teclado e mouse para correr e atirar por aí, com o jogo te permitindo até mesmo ativar uma função onde é possível monitorar o FPS e o uso de VRAM do jogo, algo que a maioria dos jogos não tem hoje em dia, isso mostra que a Playstation Studios realmente teve um cuidado a mais na hora de desenvolver esse port para PC.
Performance do jogo
O jogo conta com uma variedade de opções gráficas super interessantes e também está muito bem otimizado, mantendo uma taxa de quadros de 100 a 120 FPS com tudo no ultra em Full HD, tudo isso rodando em uma RX 6600 XT, mostrando que até mesmo essa placa que foi feita para jogar em Full HD conseguiria rodar esse jogo em 4K tranquilamente.
Uncharted: Coleção Legado Dos Ladrões também conta com a implementação do AMD FidelityFX™ Super Resolution 2.0 (FSR), que utiliza algoritmos de inteligência artificial para fazer upscaling da resolução do jogo, permitindo que você atinja taxas de quadros ainda maiores e sem perder praticamente nada visualmente.
O único lado negativo em relação as configurações do jogo para PC é que é impossível travar a taxa de quadros em 60 FPS pelo próprio jogo, você até tem uma opção de travar em 30 quadros por segundo caso tenha uma máquina mais modesta e pode habilitar ou desabilitar ela (conforme imagem abaixo), mas não existem mais opções além disso.
O jogo deveria oferecer a opção de travar em 60 e 120, pois isso é muito importante para a estabilidade do jogo, garantindo que você terá menos quedas de quadro súbitas (o famoso 1% low) em PCs com configurações inferiores e que estão no limite para rodar o jogo. Felizmente esse é um “problema” fácil de resolver, pois tanto a AMD quanto a Nvidia permitem que você trave seu FPS em qualquer valor utilizando o software deles.
Bugs
Vou ressaltar aqui que ao jogar Uncharted para PC você percebe uma clara atenção dos desenvolvedores na hora de fazer o port, e é claro que isso influencia na quantidade de bugs encontrados, que foi mínima.
A maioria dos bugs envolvem Nathan Drake não agindo como o esperado ao agarrar em algum penhasco, com partes do corpo dele fazendo algum tipo de glitch e ficando visualmente bizarro de ver, mas não influencia em nada no gameplay, pois ele consegue alcançar o penhasco de qualquer forma e foram poucas vezes que isso aconteceu durante a minha jogatina.
O único bug “grave” que aconteceu foi durante a jogatina da DLC Standalone The Lost Legacy, durante uma cutscene as taxas de quadro ficaram malucas, o som e a imagem dessincronizou e o problema persistiu depois que a cutscene acabou, foi necessário reiniciar o jogo para que o problema sumisse, mas isso aconteceu apenas uma única vez durante toda a jogatina.
Compatibilidade com mouse e outros controles
A Playstation Studios prometeu uma repaginada na interface para ficar confortável utilizar mouse e teclado durante a jogatina, e realmente ficou muito bom. O gameplay fluiu perfeitamente usando mouse e o jogo tem um slide enorme para ajustar a sensibilidade, permitindo que você encontre a sua configuração ideal perfeita, independente do quão alta ou baixa você goste.
O mapeamento dos botões também está super completo e é possível ajustar cada um deles individualmente. Eu tenho um controle de Xbox Series, um controle de PS4 e vários outros genéricos que vão desde os mais robustos até os mais duvidosos comprados no camelô da esquina, e por incrível que pareça todos eles funcionaram muito bem durante os testes, sem apresentar nenhum tipo de problema.
Mas e aí, Uncharted Legado dos Ladrões para PC vale a pena?
O port para PC de Uncharted: Coleção Legado Dos Ladrões está muito bem feito e é sem dúvidas a melhor versão dos jogos até hoje, com pouquíssimos bugs, gráficos lindos e super bem otimizado.
Esse pacote contra com o maravilhoso Uncharted 4: A Thief’s End e com o spin-off Lost Legacy, ou seja, é conteúdo o suficiente para você se divertir por um bom tempo com duas ótimas histórias.
Bem que a PlayStation Studios poderia trazer a Nathan Drake Collection para PC também no futuro, para podermos aproveitar todas as aventuras de Nathan Drake também nesta plataforma.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Publisher.
Resumo para os preguiçosos
O jogo está muito bem otimizado, com gráficos lindos e apenas pequenos bugs acontecendo na tela, fazendo dessa a versão definitiva de Uncharted: Coleção Legado Dos Ladrões.
Prós
- Gráficos realmente lindos
- Bem otimizado
- Compatibilidade insana com diversos tipos de controle
- Mapeamento completo do teclado e mouse para quem gosta de ajustar essas coisas
Contras
- O jogo deveria ter uma opção para travar o FPS em 60 e 120, mas ao invés disso ele trava apenas em 30
- Pequenos bugs visuais com o Nathan Drake, principalmente quando ele está pulando de penhascos distantes