O vídeo imita a vida: o que o esoccer trouxe dos campos para as telas
A polêmica é antiga, tanto quanto são antigos os videogames. Os eSports são um tipo de esporte? Ou o nome marketeiro foi criado para iludir os incautos? A julgar pela versão virtual da modalidade mais apreciada do planeta – o esoccer – não há muita dúvida. O futebol de videogame é um filhote do futebol real. Basta ver tudo que o esoccer pegou do nobre esporte bretão e levou para as telas de todo o mundo.
Essas semelhanças entre o esporte real e o virtual são profundas e se estendem para além do jogo em si, em áreas como a das apostas esportivas. Assim como é possível apostar em partidas dos campeonatos do Brasil e do mundo, também é possível fazer uma esoccer bet nas diversas competições digitais que se espalham pelo planeta. Mas para ficar só no jogo em si, podemos destacar dois aspectos fundamentais do futebol que foram importados na versão virtual: habilidade e estratégia.
Qualquer habitante do planeta Terra que se interesse por futebol sabe que um time precisa de jogadores com talento. E, por talento, entenda-se a habilidade de lidar com uma bola – dominando, passando, chutando a gol – e também a capacidade de compreender seu lugar no campo, os espaços disponíveis e as melhores jogadas a se realizar.
No esoccer, a habilidade do avatar é dada pela programação do jogo, na forma de rating, e aqui há inúmeras discussões se os números atribuídos a X ou Y são justos. Mas a compreensão do tempo e espaço do campo, bem como a decisão das jogadas, dependem do usuário. De nada adianta ter o Messi ou Vini Jr no seu time se, ao final, você decidir passar quando deveria chutar, ou vice-versa.
Assim como para quase todos os games, também há uma habilidade necessária na manipulação dos controles. Acertar a direção do passe, ou pressionar o botão de chute na intensidade certa são capacidades que precisam ser treinadas à exaustão, até que se tornem movimentos automáticos. Tal como os atletas do mundo real, que se dedicam a horas de treinamento para aperfeiçoar finalizações ou trabalhar passes curtos em campo reduzido.
O outro aspecto de semelhança do futebol virtual com o real é a estratégia. Poucos jogos como o FIFA ou o Football Manager têm na tática um fator tão preponderante. No campo, quantas vezes já não se viu um time mais fraco, ou menos habilidoso, levar a melhor contra um adversário mais forte? Sempre com um plano bem executado, como defesa firme e contra-ataques. Ou bolas paradas. Ou pressão na saída de bola.
No futebol virtual, todos esses esquemas estão disponíveis e podem ser customizados de acordo com o gosto do usuário. Mais ainda, podem ser ativados e desativados pelos botões de atalho, o que torna as estratégias efetivas imediatamente. É algo que todo jogador virtual da elite sabe fazer. E todos eles fazem. Mas se bastasse escolher um setting para ganhar um jogo, não teria graça. Na prática, os melhores jogadores têm táticas próprias, híbridas, feitas sob medida para enfrentar adversários igualmente espertos e habilidosos. Assim como um técnico que consegue ler o jogo à beira do campo, que muda as peças e desmonta o esquema do concorrente, um bom jogador de esoccer sempre tem alguns coelhos na cartola. No final, alguém sai vencedor. Por isso que há os campeonatos citados no segundo parágrafo.
Apesar de opiniões em contrário em nível ministerial, nem sempre bem recebidas, parece claro que futebol e esoccer são esportes, sim. Cada um em seu mundo, cada um com suas peculiaridades, mas ambos com um importante ponto em comum: eles são capazes de despertar grandes paixões.
