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Xenoblade Chronicles 3 vale a pena? Análise – Review

Jogar vídeo-game ainda é uma de minhas tarefas favoritas, mas com o avanço da vida adulta e aumento gradativo de responsabilidades fica cada vez mais difícil encontrar tempo para encarar algo como Xenoblade Chronicles 3, da Monolith.

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Lançado para o Nintendo Switch, o jogo até permite que você abuse da portabilidade do console para encadear uma jogatina aqui e ali, conforme vai encontrando espaço na agenda. Porém, todo fã de JRPG sabe que games dessa estirpe costumam contar com uma história densa e às vezes confusa de entender. Então se não prestar atenção, já era.

Trabalhar o dia inteiro, cuidar da casa e dos compromissos do dia-a-dia costumam sugar toda a minha energia, então como encontrar ânimo para encarar Xenoblade Chronicles 3, que promete ter dezenas de horas de duração?

Reprodução: Monolith

Bem, a verdade é que apesar de se encaixar nos modelos de um JRPG, Xenoblade Chronicles 3 é muito mais leve e “amigável” do que parece. E não se engane, ele não deixa de ser um baita JRPG.

Encarar Xenoblade Chronicles 3 é muito mais fácil do que a vida do povo de Aionios, planeta onde se passa o game e que até na pronúncia embola a língua. Nesse planeta, todo mundo é obrigado a encarar um rígido treinamento militar, destinado a preparar soldados para a eterna guerra que acontece entre duas facções que provavelmente nem lembram mais do porque começaram a guerrear entre si.

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Dentre todos os batalhões, existem os Off-Seers, que diferente dos demais tem como principal função homenagear os mortos em batalha com suas flautas. Noah, o protagonista, é um Off-sear e tudo começa a dar errado quando ele é despachado para homenagear um soldado caído em batalha.

No meio do caminho, o grupo de Noah encontra outro grupo de Off-seers rival liderado por Mio. Depois de algumas confusões, ambos os grupos descobrem que foram considerados rebeldes por suas pátrias e decidem juntar forças para sobreviver.

Reprodução: Monolith
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É ai que as coisas começam a ficar interessantes, em todos os sentidos. Além de ser o ponto inicial do enredo que da tom à toda trama, o conflito entre os dois grupos é um dos primeiros pontos que mostram como Xenoblade Chronicles 3 difere dos demais jogos do gênero: não há drama exagerado nem diálogos apelativos. Os personagens acabam aceitando sua nova condição de maneira muito madura e racional. Algo que estranha num primeiro momento, mas mostra como a franquia também parece ter amadurecido em termos de enredo.

A partir dai o jogador passa a conhecer uma série de novidades que fazem Xenoblade Chronicles 3 destoar do que já vimos até agora. Não deixe que a frase acima lhe faça acreditar que o jogo não possui momentos dramáticos ou emotivos, já que isso é o que não falta. Contudo, a principal diferença aqui é como o game aborda estes diálogos de forma madura, conseguindo até mesmo tocar em alguns temas mais sensíveis e passíveis de gerar identificação com o jogador.

Reprodução: Monolith
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Alguns temas são tão profundos que o jogador pode até sentir um pouco de confusão nas primeiras horas de jogo. Logo no início, o jogo já abusa de termos próprios como “Off-seers” e tantos outros, como se esperasse que todos soubessem ou estivessem tão familiarizados com o mundo de Xenoblade Chronicles 3 quanto os próprios personagens.

O jogo também demora para engrenar e pode acabar frustrando que busca ação desde o início. São longas cutscenes que precisam ser assistidas para serem entendidas e a todo momento eu ficava me perguntando: será que agora vai?

Reprodução: Monolith
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O que segura a atenção do jogador nesses primeiros momentos é o enredo, que apesar de complexo consegue despertar curiosidade e te manter interessado. O jogador que aguentar o suficiente e conseguir chegar ao momento onde a história torna-se verdadeiramente sua acaba tendo a agradável surpresa de descobrir que não vai conseguir largar o jogo tão fácil.

Com o tempo e após finalmente se acostumar com tudo, o jogador tem a agradável surpresa de ser apresentado à um grupo de personagens cativantes que acabam dando ainda mais sustentação ao já bem elaborado enredo. Com o tempo, uma das características mais legais dos JRPGs atuais se faz presente em Xenoblade Chronicles 3: o jogo te faz se importar sinceramente com os personagens da sua party.

Apesar de ter focado boa parte desta análise no enredo até agora, esse não é o único ponto onde Xenoblade Chronicles 3 brilha. O sistema de combate e exploração também parecem ter chego à um estado de maturidade que torna todo jogo em um verdadeiro deleite! É gostoso avançar os capítulos e conferir os dramas e plot-twists de Xenoblade Chronicles 3! É como se não fosse preciso lutar contra o peso do enredo para avançar. Tudo acontece naturalmente e por isso ele se torna tão agradável de jogar.

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Apesar de alguns personagens demonstrarem uma construção baseada em esteriótipos, é surpreendente como o jogo não fica jogando eles na cara do jogador a torto e a direito. Personagens cabeça-quente, que geralmente demonstram-se impulsivos e imaturos em outros tantos jogos por ai, acabam demonstrando maturidade e se comportam muitas vezes, da maneira como realmente gostaríamos que ele se comportassem.

Reprodução: Monolith

Talvez uma das características mais fortes de Xenoblade Chronicles 3 seja como o jogo permite que você se jogue de cabeça na história cheia de ramificações e termos esquisitos, ao mesmo tempo em que te recompensa por fazer ações mais triviais e que não exigem tanta concentração ou atenção, como exploração e combate. É como se cada pedaço tivesse sido medido e pensado de forma a não soar tão pesado.

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Outro detalhe que vale a pena ser exaltado é que apesar de ser o terceiro jogo da série, Xenoblade Chronicles 3 não exige que você tenha jogado nenhum outro jogo da série. Mesmo que no começo você sinta-se perdido com os termos usados de maneira tão familiar pelos personagens, não se engane! Pode seguir tranquilo que os dois primeiros jogos só precisam ser jogados se você quiser.

Os gráficos, o design das batalhas e a interação entre os personagens tornam as aventuras cada vez mais interessante. As vezes é difícil acreditar que Xenoblade Chronicles 3 roda em um console portátil como o Switch, e tudo fica ainda melhor quando o console está docado e permite conferir os gráficos com mais precisão.

Reprodução: Monolith
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Os mapas são absolutamente gigantes e com certeza agradam os fãs de mundo aberto. É provável que também acabe assustando os mais incautos – que assim como eu, acham que o jogo irá se arrastar indefinidamente para te obrigar a explorar um mundo daquele tamanho. Mas não é bem assim. Na verdade a falta de barreiras invisíveis te permite explorar a vontade por ai desde o primeiro momento, o que acaba deixando a exploração muito mais divertida e natural.

As side-quests também parecem ter amadurecido e contarem com contexto e coesão com os demais temas e objetivos de Xenoblade Chronicles 3. A maioria delas não parece ter sido jogada no mapa para criar mais tarefas para o jogador, mas sim pensada para incentivar a exploração. No fim, as side-quests te ajudam até mesmo a entender melhor o mundo de Xenoblade Chronicles 3 e tornam-se imprescindíveis para quem gosta de aprender tudo nos mínimos detalhes.

Também é preciso mencionar o fato de Xenoblade Chronicles 3 ter adicionado uma série de automatizações em seus menus, o que facilita desde a entrega de quests quando o gerenciamento da party e tudo mais. Chega a ser difícil reclamar de alguma característica do jogo nesse ponto, apesar do menu continuar sendo um tanto quanto confuso, como nos demais JRPGS.

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Reprodução: Monolith

Todos os personagens são jogáveis e o game conta com um coeso sistema de classes que te permite, a qualquer momento, experimentar tudo que o jogo tem a oferecer – desde que você já tenha desbloqueado o que precisa.

Não é mais necessário ater-se ao seu próprio personagem e ficar imaginando o que teria sido se você tivesse seguido uma construção diferente. Basta mudar o personagem jogável e experimentar aquilo que você quer, da maneira como quer, até simplesmente não querer mais.

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São tantas melhorias na qualidade de vida propiciadas por Xenoblade Chronicles 3 que sinceramente acho que será difícil voltar a jogar outros JRPGS. Tudo que eu posso fazer é torcer para que os próximos JRPGS bebam da fonte de Xenoblade Chronicles 3, e que tentem nos apresentar experiências de jogabilidade e combate cada vez mais simplificadas e otimizadas!

Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela publisher.

Resumo para os preguiçosos

Xenoblade Chronicles 3 é um jogo que assusta não pelo enredo ou pela proposta, mas pelo tamanho e pela aparente vontade de ser o próximo sifão da sua vida.

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Embora o jogo cumpra a promessa de ser o sifão de vida, a experiência com o jogo é muito mais leve, divertida e simples do que com JRPG’s clássicos. O menu conta com algumas automatizações e otimizações, o combate e exploração são soberbos e a história, apesar de bem típica do gênero, surpreende por não se basear em esteriótipos ou dramas desnecessários.

Nota final

94
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Menus simples, com tarefas automatizadas;
  • Sistema de combate divertido;
  • Exploração empolgante e recompensadora;
  • Personagens interessantes e profundos;
  • Enredo cativante, sem dramas desnecessários.

Contras

  • Desempenho abaixo do esperado no modo portátil, mas não que comprometa a experiência.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.