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XCOM: Enemy Unknown – Review

A economia é a ciência que estuda a escassez e não a riqueza. Estas foram as palavras que eu ouvi do meu professor de introdução à economia na primeira aula da faculdade. Nós não entramos na faculdade para descobrir como ser ricos e, sim, para aprender como lidar com as limitações de recursos e como alocá-los da melhor forma com o intuito de atingir um objetivo. Essa frase vale bastante para XCOM: Enemy Unknown, um jogo onde você vai precisar lidar com a escassez. E também com a tensão constante. O resultado? Cerca de 24 horas de jogo em três dias.

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XCOM: Enemy Unknown é o reboot da série X-COM, lançada para Windows na década de noventa. O jogo atual é bem mais do que uma versão daquela época com gráficos bonitos, a mecânica de jogo foi atualizada, porém com a preservação do essencial: gerenciar crises. O mundo está sendo invadido por aliens e cabe a você gerenciar uma organização privada (a iniciativa XCOM) que deve defender o mundo dessa invasão, mas muito mais do que isso, você deve lidar com o caos gerado por ela e gerenciar seus recursos, para não ser pego “com as calças na mão” no meio de uma invasão.

Para descrevermos o jogo detalhadamente, devemos desmembrar XCOM em três partes. Vamos a elas:

A primeira parte é a estratégia, o combate em si. Nela, você enfrenta os aliens num campo de batalha que lembra um pouco o que aconteceria se Gears of War e Final Fantasy Tactics tivessem um filho. Há o mapa de batalha e a mecânica de movimentação de Final Fantasy, porém com o sistema de cover de Gears. Se você resolver andar pelo cenário sem proteção, as chances do seu personagem morrer, por mais forte e highlander que ele seja, são praticamente 100%. Acostume-se com uma coisa, novatos morrem. Novatos morrem muito. Nem se preocupe em lembrar o nome deles.

Para enfrentar a ameaça, você conta com um esquadrão de 4 a 6 combatentes, divididos em 5 classes: rookies, assault, support, sniper e heavy. Cada uma, exceto a rookie, tem uma utilidade e vale bastante a pena desenvolver personagens de classes variadas. Além disso, também vale a pena desenvolver mais do que o número mínimo de personagens principais, pois o seu esquadrão não se cura automaticamente após cada batalha. Os soldados devem passar um tempo de molho no departamento médico, enquanto algum substituto assume o lugar. Ficar com um grupo só de rookies no meio do jogo, quando o bicho começa a pegar não é uma ideia muito aconselhável.

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XCOM

Outra característica interessante do combate é o indicador de força mental dos seus soldados. Caso ele seja baixo, há uma chance considerável dele entrar em pânico e começar a correr e a atirar descontroladamente por aí, podendo inclusive acertar algum dos seus outros soldados.

Lembra que eu falei que o sistema de batalha era semelhante a Gears of War? O cenário todo oferece lugares para você se esconder, além disso, partes do cenário são destrutíveis, como paredes, chafarizes e carros. Carros podem ser usados para causar dano colateral a inimigos, ou a você. Ficar atrás de um carro pegando fogo não é uma ideia muito inteligente, por exemplo.

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A segunda parte é a de gerenciamento de recursos. Você passa boa parte do jogo na base da XCOM, onde você deve recrutar soldados, fazer pesquisa científica para melhorar os equipamentos deles (afinal você está sendo invadido por aliens que usam armas laser, dar um upgrade no arsenal não mata ninguém), comprar itens, vender equipamento adquirido dos aliens no mercado cinza para descolar uma graninha, enfim, imagine algo tipo a administração de cidades de Civilization que é o exemplo que mais se aproxima agora de cabeça.

Como eu disse no começo do review, os recursos são escassos em XCOM. Você deve reservar dinheiro para o equipamento dos soldados, para lançar satélites de cobertura nos países membros da iniciativa (e assim receber mais recursos deles), você deve construir caças para defender esses satélites, você deve expandir a sua base, para aumentar a escala de produção dos armamentos e manufaturas importantes para a manutenção da iniciativa, enfim, você deve ser um bom administrador, ou vai ficar sem dinheiro rápido e pior, não dá pra pedir emprestado pra ninguém, é aguentar no osso as épocas de vacas magras.

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A parte final seria a parte mais legal do jogo: gerenciar crises. O mundo está sendo invadido, as pessoas e os países estão em pânico e cabe a você evitar que ele se generalize. Não imagine que isso vá ser fácil, o jogo frequentemente lhe coloca em encruzilhadas como “você vai ajudar a China, a França ou o Brasil?”. Para cada país há uma barra de pânico, caso você não atenda aos chamados deles, esse pânico sobe, se ele chegar a 5, o país cai fora da XCOM e você perde o dinheiro que ele lhe enviaria por mês. Perder países não é uma boa, se 9 países saíram da iniciativa, é game over.

É praticamente impossível acabar o jogo sem perder alguém. Você deve sempre escolher onde dói menos. Vale a pena ajudar tal país que está para sair da XCOM por míseros trocados eu preferir um país com baixo nível de caos que dá recompensas mais atrativas? O jogo adora colocar você nesse tipo de dilema.

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O jogo ainda possui um modo multiplayer onde você enfrenta um amigo ou algum desconhecido num dos mapas do jogo. Cada lado tem alguns pontos para distribuir no seu esquadrão, que pode ser composto  de humanos e aliens. É bom ter um esquadrão pronto de antemão para agilizar a partida, já que muitas pessoas desistem de esperar você decidir para onde vão todos os pontos de alocação. No geral, o modo é divertido. Seria mais legal se eu tivesse jogado com algum conhecido, mas nenhum amigo tem XCOM para Xbox, então só joguei com alguns perdidos na Live mesmo.

Dito tudo isso, cabe a pergunta, como esses três estilos se fundem? De maneira perfeita. O jogo todo cria um clima de pressão para cima do jogador que lhe faz ter vontade de desistir e começar de novo diversas vezes. Ele já é difícil na dificuldade normal. Já na Classic (o nível hard do jogo), você irá querer chorar sangue. A dificuldade Impossible é reservada apenas a loucos masoquistas que estão precisando de um pouco de autoflagelo

XCOM é difícil, mas é extremamente viciante. Se fosse para resumir o quão viciante esse jogo é, eu chamaria ele de crack. Para vocês terem uma ideia, eu comecei a jogar o jogo às 11 da manhã de sábado e só parei às 18h para tomar banho e ir para um aniversário. Chegando lá, a coisa estava tão animada que eu só conseguia pensar na hora de voltar para casa e matar mais uns aliens (ou morrer tentando). Eu liguei o videogame de novo lá pela 1h30 da manhã e só parei às 7h, quando o meu corpo pediu arrego. O jogo é viciante. Não comece a jogá-lo se você está em período de provas, eu falo sério.

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Os gráficos do jogo ficaram bem legais, apesar de não serem espetaculares. Há uma variedade bem grande de cenários (são 50 ao todo) e unidades, tanto do lado humano quanto alienígena. As unidades humanas podem ser personalizadas tanto em aparência física quanto nome, ou seja, você pode levar seus amigos e vizinhos para morrer no campo de batalha! O visual dos aliens é aquele visual de filme dos anos 50, ou Men in Black, caso você seja mais novo. O som combina bastante com o clima de crise que o jogo cria. Há um belo voice acting para complementar a música e os efeitos não deixam nada a desejar.

Sobre pontos negativos, eu não tenho muito do que reclamar. Quem jogou no PC não gostou muito do esquema de mouse e teclado do jogo, sendo aconselhável usar um controle de Xbox 360 para melhor conforto. Como eu joguei no Xbox, isso não foi um problema. Acredito que o único contra desse jogo mesmo é que ele vai sugar sua alma para dentro dele. Esqueça trabalho, faculdade, namorada, parentes etc. Sua vida vai pertencer a XCOM de agora em diante, não diga que eu não avisei.

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Ah, e se você estiver com dificuldades no jogo, eu postei umas dicas para iniciantes mais cedo. Dá uma olhada no post que ele salva vidas!

Preciso dizer que eu recomendo MUITO mesmo esse jogo?

Resumo para os preguiçosos

XCOM: Enemy Unknown é um dos jogos mais desafiantes, divertidos e viciantes que eu já joguei. O jogo te coloca no limite a todo momento, mas é extremamente recompensante.

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Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Excelente desafio
  • Tanto a parte de combate quanto a parte estratégica são muito bem cuidadas e são praticamente jogos independentes
  • Muito divertido
  • Extremamente viciante

Contras

  • Cuidado, você pode não largar mais o jogo
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.