Wo Long: Fallen Dynasty vale a pena? Análise – Review

Wo Long: Fallen Dynasty é o mais novo jogo do estúdio Team Ninja, os mesmos criadores do aclamado Nioh e promete trazer muitas novidades para a base já consolidada de jogos Souls-Like do estúdio. Mas afinal, o jogo vale realmente a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje.

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A história do jogo é baseada na mitologia chinesa, e começa mostrando uma guerra que estourou graças a um lendário Elixir capaz de conceder imortalidade, e que o ressurgimento dele deixou caos e destruição em uma guerra sem fim.

Logo de cara temos a incrível criação de personagem do jogo, e é uma das mais completas que eu já vi em qualquer videogame. Para dar um exemplo: você consegue escolher o modelo base do cabelo do seu personagem, depois é possível escolher uma franja pro modelo, escolher se quer amarrado ou não e como ele vai ser amarrado, e após isso é possível até mesmo pintar o cabelo em diversas mechas individuais, com tudo isso apenas na customização de um simples cabelo, todo o resto da criação do personagem também é cheio de detalhes e você vai facilmente perder umas horas nisso.

E como o jogo funciona?

Wo Long: Fallen Dynasty não faz questão de explicar muito sobre a história, uma cutscene inicial te mostra o básico e o jogador já é atirado no meio da guerra, com o jogo começando rapidamente, sendo a primeira área considerada um tutorial.

O jogo tem sempre uma cutscene que rola no inicio e no final de uma área, mas elas não são necessariamente super esclarecedoras, sendo necessário tentar juntar os pontos para entender o que realmente está acontecendo naquele caos e tentar parar aqueles que estão tentando conquistar o tão cobiçado elixir da imortalidade.

Quem já jogou Dark Souls ou qualquer Souls-Like vai se sentir em casa logo nos primeiros minutos de gameplay, principalmente pra quem já jogou Nioh 1 e 2, já que o jogo tem muitas semelhanças com seus antecessores, tanto visualmente como no gameplay.

Combate e gameplay

A Team Ninja trouxe  algumas mudanças significativas nesse sucessor espiritual de Nioh, e a primeira delas é a ausência de uma barra de Stamina, que deu lugar para uma barra de Postura, semelhante com o que já vimos em Sekiro, mas um pouco mais complexo.

Essa barra de postura do personagem sempre começa no meio (que é considerado o “ponto zero” dela) e ao acertar combos e ataques com eficiência, ela vai aumentar e mudar de cor para azul, sendo possível consumir essa barra para acertar ataques poderosos no inimigo, usar magias e se esquivar. Caso você receba dano, use magias ou se esquive, a sua barra de postura ficará negativa e com a cor vermelha, se chegar ao máximo negativo o seu personagem vai perder a postura por alguns segundos, e acredite, isso vai significar morte na maioria das vezes, já que o jogo é extremamente punitivo.

Os inimigos também tem uma barra de postura e ao acertar uma sequência de golpes nele, você será capaz de estoura-la e fazer ele ficar imóvel por alguns segundos também, uma janela perfeita para acertar um ataque crítico.

O segredo aqui é saber manusear o uso da sua barra de postura, já que praticamente tudo o que você for fazer no jogo vai consumir ela, e magias poderosas vão consumir bastante da sua postura, te deixando vulnerável a tomar um único ataque de um inimigo simples e já ter sua postura quebrada na mesma hora.

Para poder balancear isso, é absolutamente necessário que você domine a arte do parry (ou repostar), um parry bem encaixado vai subir muito da sua barra de postura ao mesmo tempo que vai diminuir a do inimigo, mas dominar o parry não é nada fácil, e essa é a minha primeira grande reclamação do jogo.

Pra quem já jogou Dark Souls e afins, sabe que o parry é uma mecânica importante de alto risco e alta recompensa, se você aparar o ataque do inimigo no momento certo, uma janela para acertar um ataque crítico se abre e você pode causar bastante dano, ao mesmo tempo que se você errar o timing, vai receber o ataque do inimigo de peito aberto e tomar muito dano.

Quero deixar claro aqui que sou um jogador muito experiente em Souls-Like e apaixonado pelo gênero, dito isso, posso afirmar que o parry do jogo é simplesmente inconsistente demais, ele não tem a mesma sensação que Elden Ring ou Dark Souls passa, dando aquele ar de que você realmente acertou merecidamente ou errou feio porque é um pateta mesmo.

Em Wo Long: Fallen Dynasty, a janela para acertar um parry é simplesmente minúscula demais, se tornando uma ferramenta inconsistente que muitas vezes vai mais atrapalhar do que ajudar. Isso não seria um problema tão grande se fosse como em outros Souls-Like onde você pode simplesmente ignorar essa mecânica e encarar a batalha com outra estratégia, mas aqui isso é quase inviável, já que acertar um repostar é a forma mais eficiente de ganhar postura e drenar postura do inimigo, e lembre-se: a postura é TUDO nesse jogo.

Isso deixa o jogador contra a parede, sendo necessário tentar aprender ao máximo a como acertar um bom parry em uma mecânica que é bem injusta, pra não dizer outra coisa. A dica suprema aqui é: tente usar armaduras mais leves, pois a janela de parry fica maior se seu personagem tiver usando pouca coisa. Algo extremamente útil e que o jogo não te diz, coisa que só fui descobrir na tentativa e erro (e após apanhar muito). O chefe do tutorial do jogo serve exatamente para te ensinar essa mecânica de aparar, e foi o chefe que eu mais tive dificuldade no jogo inteiro, mostrando que a curva de aprendizado disso é realmente tenebrosa. Portanto não se deixe ficar frustrado logo de cara porque o primeiro chefe ta limpando o chão com sua cara, foque em entender o timing do parry e após isso o jogo fica bem mais fácil.

Essa longa reclamação sobre o combate pode fazer parecer que eu achei muito ruim, mas não é o caso, o jogo é bom e acerta em praticamente todo o resto. Apesar da curva de aprendizado grotesca do inicio do jogo, quando os timings do parry e dos inimigos finalmente clicar na tua cabeça você vai longe e se diverte bastante com o jogo.

Uma mecânica legal que Wo Long: Fallen Dynasty trouxe foi o sistema de “moral” do jogador e dos inimigos. A moral total do jogador determina o quão forte ele está naquele momento e é quase como um “level” para aquele mapa específico do jogo. Funciona da seguinte forma: você começa com a moral 0 em todo mapa e ao avançar derrotando vários inimigos sem tomar muito dano, sua moral vai subindo e você vai ficando mais forte, mas se você morrer, sua moral vai ser perdida e o inimigo que te matou vai reter ela, te dando uma chance de recuperar sua moral totalmente. Caso você derrote o inimigo em uma revanche, a moral é toda sua novamente, caso morra de novo você vai perder completamente toda a moral que estava retida no inimigo, além de deixar ele naturalmente com uma moral maior e mais difícil também.

Parece injusto né, mas não é bem assim e a mecânica é extremamente divertida, isso porque é possível definir um nível mínimo de moral pro mapa ao coletar diversas bandeiras espalhadas por ele. Vamos supor que você explorou bastante todos os cantinhos do mapa e acabou subindo a moral miníma para 15, nesse caso, não importa quantas vezes você morra no mapa, vai ser impossível sua moral ficar abaixo de 15.

Isso é um grande incentivo para a exploração do mapa por completo, o que é um ponto muito positivo, já que em Wo Long os mapas são muito bem feitos, com atalhos extremamente inteligentes para as bandeiras de renascimento do jogo e a exploração vai te recompensar não só com a moral mínima do mapa, mas também com diversos itens extremamente poderosos que vão te ajudar na jornada.

A mecânica de moral praticamente impossibilita o jogador de rushar direto no chefe, já que se você morrer, vai ficar muito ferrado e muito fraco, forçando o jogador a procurar em cada cantinho do mapa para se preparar para a batalha do chefe, que já vai ser bem difícil de qualquer maneira.

Explorar os mapas de Wo Long: Fallen Dynasty também não chega a ser muito difícil, em quase todo mapa você vai ter a ajuda grátis de um NPC que estará com você no combate e ele é realmente muito útil e ajuda bastante na batalha, caso seu NPC morra, você consegue levantar ele e assim vai permitir que ele continue te ajudando. Também é possível chamar mais um NPC ou outro jogador utilizando um item consumível bastante raro do jogo, semelhante ao que Elden Ring e Dark Souls fazem.

Alguns inimigos espalhados pelo mapa até que são difíceis e causam bastante dano, mas são completamente tapados e dotados de uma burrice artificial tremenda, cansei de caminhar praticamente na frente deles sem ser notado para chegar por trás para acertar um dano crítico. E caso a situação chegue a ficar complicada, é possível comandar os NPCS para distrair os inimigos e utilizar alguns espíritos de animais de batalha que ajudam bastante, semelhantes aqueles que temos em Nioh.

Existe uma quantidade colossal de magias dentro do jogo e a maioria é extremamente útil, com algumas sendo excelentes para quebrar postura de inimigos e outras de suporte que te ajudam a ficar vivo.

No jogo, o dano elemental está presente e o elemento X pode ser mais útil contra inimigos que usam elemento Y, trazendo uma dinâmica a mais para o combate que é extremamente divertida e abrindo muitos caminhos de build, já que o elemento que seu personagem vai dominar é o mesmo que você investir mais pontos na árvore de habilidades.

De resto, o combate de Wo Long se assemelha bastante com o de Nioh 2 e com vários outros Souls-Likes, com o jogador podendo correr, pular, acertar um crítico por trás dos inimigos e tudo o que os fãs do gênero já estão acostumados, e o jogo executa isso de forma boa. É bem responsivo usar ataques seguidos com sua arma favorita e esquivar de ataques inimigos, tornando a experiência desafiadora e ao mesmo tempo muito agradável.

Gráficos

Graficamente falando, Wo Long: Fallen Dynasty é bem semelhante ao próprio Nioh, com algumas texturas feias aparecendo as vezes, mas o problema é ofuscado com o estilo de arte utilizado pelo jogo que é simplesmente belíssimo, todas aquelas cores de espíritos te ajudando na batalha e as animações do parry quando você acerta são simplesmente espetaculares.

A única reclamação grande aqui fica por conta do próprio HUD do jogo que as vezes atrapalha de uma forma irritante. No inicio do jogo quando as dicas de tutoriais ainda eram apresentadas, houve momentos em chefes em que a dica do que fazer simplesmente ocupava metade da tela e era completamente bizarro, tomando muito do campo de visão em um jogo onde você precisa enxergar com cuidado o que vai fazer.

Finalmente, a trilha sonora do jogo é boa, e ele conta com legendas em português.

Mas e aí, Wo Long: Fallen Dynasty vale a pena?

Wo Long: Fallen Dynasty é um Souls-Like que consegue divertir bastante o jogador com um combate que traz diversas coisas novas para o gênero e uma implementação de um sistema de moral que ficou muito legal e divertido.

Infelizmente, o jogo tem uma curva de aprendizado extremamente dolorosa, com as primeiras horas de jogo sendo mais difíceis do que praticamente o resto do jogo inteiro, e muito disso se deve ao balanceamento injusto do parry e do consumo da barra de postura que algumas ações tem.

Isso faz com que o jogo seja bem nichado para aqueles jogadores de Souls-Like que realmente amam muito o gênero e não se importam muito com a curva de aprendizado altíssima, o que sinceramente é uma lástima, já que Elden Ring trouxe muita gente para o Souls-Like e ainda tem muita gente nova que vai se empolgar com o jogo e se frustrar bastante com a falta de liberdade que ele tem comparado a outros jogos do gênero.

Mas caso você esteja disposto a encarar o desafio, Wo Long vale muito a pena e aquela sensação de finalmente derrotar um inimigo extremamente poderoso é muito gratificante, o jogo é bem feito e é uma boa pedida para qualquer fã hardcore de Souls-Like.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series.