A Square Enix é uma das desenvolvedoras mais respeitadas no mundo dos RPGs de estratégia, e Triangle Strategy é mais um lançamento deste gênero. Sendo desenvolvido pela mesma equipe de Octopath Traveler e usando a belíssima engine 2D HD, será que o jogo consegue ser mais uma sólida adição ao catálogo da companhia?
Em Triangle Strategy, a história se passa no continente de Norzelia, e é focada no conflito entre as três nações que povoam esse continente. Anos após uma guerra que quase arruinou uma geração toda, a estabilidade do continente é colocada em perigo quando uma das nações começa a atacar as outras.
Nessa história, você controla Serenoa, um jovem nobre da casa Wolffort, o amigo de infância dele e príncipe do reino de Glenbrook, Príncipe Roland, a princesa Frederica Aesfrost, noiva de Serenoa e o castelão da casa Wolffort, Benedict, além dos aliados do grupo que você vai recrutando conforme a história avança.
A primeira coisa que a gente nota sobre Triangle Strategy, aliás, é a história: ela demora uma eternidade para avançar de fato. O começo do jogo tem um ritmo bem lento, pra não dizer ruim, e apesar de ser uma coisa boa um jogo de estratégia não ser apenas uma coleção de batalhas do começo ao fim, Triangle Strategy pesa demais na quantidade de diálogos e de cenas até a ação começar de verdade.
Nas primeiras duas horas de jogo, eu joguei exatamente duas batalhas, cada uma de cerca de 10 minutos. O resto desse tempo foi o jogo apresentando diversas mecânicas de progressão da história, e muito, mas muito diálogo mesmo.
Destas mecânicas, uma das que eu achei mais interessante foi a “balança da justiça”, que é um momento do jogo em que você tem que tomar a decisão em que não você, mas o seu grupo toma a decisão de que caminho seguir. Diferente de Tactics Ogre, por exemplo, onde a história desenrolava baseado no que você decidia, aqui você tem que conversar com os membros do seu grupo e tentar convencê-los a votar no que você quer que aconteça.
Para isso, além de escolher a resposta certa, você também tem que conversar não só com os membros do seu esquadrão, mas também com personagens normais como cidadãos, ferreiros e soldados, para descobrir novas informações sobre os eventos do mundo do jogo, e assim ter como argumentar e tentar fazer algum personagem indeciso pender para o seu lado. O interessante é que nem sempre dá certo, e às vezes o jogo vai te fazer seguir por um caminho que você não desejava.
Além dessa mecânica, outro ponto interessante de Triangle Strategy é que é possível acompanhar não só a história do grupo principal, mas basicamente tudo o que está acontecendo no mundo do jogo conforme a história se desenrola. Lembra que eu falei que o jogo é bem enrolado no começo? O motivo disso é a quantidade de cenas que o jogo vai apresentando, sendo algumas obrigatórias, marcadas em vermelho, e outras em verde, que servem para expandir o mundo do jogo.
Depois de todo o diálogo, finalmente vem a batalha, e aqui temos algumas inovações e sistemas novos em relação ao que já vimos a Square Enix fazendo no passado em jogos como Final Fantasy Tactics, por exemplo. A primeira grande mudança é que basicamente todo personagem do seu grupo no jogo é único, ou seja, ele tem uma classe pré-definida e ela apenas melhora conforme o jogo avança, então você não tem muita flexibilidade em decidir como vai abordar os desafios que o jogo te coloca pela frente.
Pra ser sincero, eu não gostei muito desse ponto do jogo, pois apesar de ser interessante como cada personagem tem uma característica pré-definida, ele basicamente só pode crescer pra essa direção dando level up e desbloqueando alguns bônus que pouco ajudam no jogo, além das habilidades que vão surgindo conforme você dá level up.
Outra característica importante do jogo é que ele fica difícil bem rápido, e que você é obrigado a repetir mais de uma vez as missões de treinamento (que o jogo chama de treinamento mental, apesar deles concederem recompensas como materiais de upgrade e dinheiro). Essa característica já era comum em jogos de RPG Tático, mas em Triangle Strategy ela parece ser ainda mais forte, já que há alguns combates que beiram o injusto a menos que você fique um bom tempo investindo em subir o nível dos seus personagens e vença na força bruta mesmo.
Com isso, fica claro que Triangle Strategy está longe de ser um jogo para todo mundo, e é muito mais pensado no fã hardcore de jogos do gênero mesmo, já que em momentos específicos da história você vai ter que investir um bom tempo para conseguir dar sequência a ela, e ficar repetindo os mesmos combates não é lá a coisa mais agradável do mundo.
Graficamente, Triangle Strategy é mais um exemplo de que a engine 2D HD da Square Enix é um espetáculo. O jogo é realmente muito bonito e bem animado, com as técnicas dos personagens e magias sendo um espetáculo à parte. A trilha sonora do jogo também é muito boa, e a dublagem em inglês também é bastante competente, o único porém é que o jogo infelizmente não traz legendas em português, e num jogo com tanto diálogo, fica impossível de entender o que está acontecendo a menos que você tenha um bom entendimento do idioma.
Mas e aí, Triangle Strategy vale a pena?
Triangle Strategy é um jogo hardcore de RPG tático com uma história densa, um ritmo bem lento e uma curva de dificuldade bem acentuada, ou seja, ele não é pra todo mundo, mas se você gosta do gênero, você vai encontrar um divertido e belo jogo aqui.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Triangle Strategy é um jogo hardcore de RPG tático com uma história densa, um ritmo bem lento e uma curva de dificuldade bem acentuada, ou seja, ele não é pra todo mundo, mas se você gosta do gênero, você vai encontrar um divertido e belo jogo aqui.
Prós
- Belíssimos gráficos
- História muito bem trabalhada e madura
Contras
- Pouca flexibilidade na montagem da equipe
- Sistema de progressão engessado
- Curva de dificuldade bem íngreme
- Ritmo de jogo bem lento, principalmente no começo