Geralmente quando estudamos as ciências exatas aprendemos sobre a soma ou multiplicação de fatores constantes que sempre, sem exceção, resultam no mesmo resultado. 2+2 sempre será igual à 4, bem como 3*3 sempre será igual a 33 (brinks). Mas existe também uma outra área da física, a Quântica, que apresenta o princípio da dualidade. As vezes o mesmo fator da equação pode assumir dois valores diferentes ao mesmo tempo e o resultado torna-se imprevisível, até o observador medi-lo. Recentemente, ao jogar Trials of Blood Dragon, cheguei a conclusão que a Ubisoft provavelmente abandonou a vida de desenvolvedora de games justamente para trabalhar no desenvolvimentos de anomalias quânticas digitais. Se por acaso você chegou até aqui e não entendeu patavinas dessa análise maluca, vem comigo que eu explico.
Blood Dragon é de longe uma das melhores coisas que a Ubi concebeu nos últimos tempos. Apesar de ter sido somente uma expansão para Far Cry 3, a pegada “anos 80” misturada às mecânicas do jogo fizeram com que o game conquistasse o coração dos fãs de maneira ímpar. Uma possibilidade que provavelmente renderia bons frutos se fosse explorada de forma eficiente. A série Trials também obteve certo sucesso nas plataformas móveis. O simpático game acabou ganhando espaço por proporcionar aos jogadores alguns desafios bem interessantes a serem vencidos com uma motocicleta, uma historinha bacana, bons gráficos…enfim, um ótimo passatempo para jogadores casuais. Dois jogos diferentes, duas constantes da Ubisoft que poderiam ser derivadas e proporcionar excelente resultados. Mas foi ai que a quântica interviu e fez com que 1+1 desse -3 como resultado.
A soma entre Trials e Blood Dragon não poderia ter dado mais errado. Parece que alguém resolveu juntar somente as partes ruins de cada jogo em algo que poderia soar interessante, mas que acabará reverberando ridicularidades por toda a eternidade. Mais uma mancha no legado da Ubisoft, com toda a certeza.
Pra começo de conversa, o game se posiciona como uma continuação direta de Blood Dragon. O protagonista badass do primeiro jogo acabou tendo dois filhos que assumem o papel principal da história toda. Se não bastasse aposentar o estilo FPS consagrado no primeiro jogo, Trials of Blood Dragon apresenta outros veículos ao jogador e outras possibilidades de jogo. De novo, algo que poderia ser bem aproveitado, mas que no fim acaba tornando-se uma novidade chata, difícil e enfadonha.
Ou seja, agora o jogo te oferece o desafio de vencer pistas malucas com uma motocicleta, enquanto você tem de eliminar inimigos com uma metralhadora. Se não bastasse, o game também te põe pra pilotar um jetpack maluco amarrado em uma bomba extremamente sensível, enquanto se aventura em um cenário maluco digno da pior viagem causada por ácido lisérgico misturado com neon. Eu não vou esconder de ninguém que simplesmente odiei esse jogo, com todas as minhas forças.
Os gráficos até chama a atenção em alguns momentos e o enredo tenta ser legal, mas tudo parece rumar para um buraco de fracasso impossível de ser vencido, não importa a aceleração do seu veículo. O jogo dá a impressão de falhar até mesmo em ser um bom game mobile, já que eu me irritei tantas vezes que provavelmente nunca sequer me atreveria a jogar algo do tipo na fila do banco, correndo o risco de proferir obscenidades em público e acabar sendo preso por isso.
O que mais me chama a atenção é a ideia maluca da Ubisoft de praticamente anular as possibilidades de uma continuação séria de Blood Dragon com esse jogo, ao mesmo tempo que joga fora a boa imagem que a série Trials vinha construindo com os jogadores. Alguns podem até tentar justificar que se a Ubi não tivesse lançado Trials of Blood Dragon, não teríamos nenhum jogo adicional da desenvolvedora no momento, mas sinceramente, antes nada do que isso. Tem um ditado que dia “melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota, do que abrir a boca e deixar que tenham certeza”. Adaptando para a situação, ficaria algo do tipo “melhor não lançar um jogo e deixar que pensem que você não fez nada, do que lançar algo e deixar que prefiram que você não tivesse lançado nada”.
Apesar desta análise ter sido repleta de licenças poéticas matemáticas quânticas, o meu veredito final é bastante claro e constante: Trials of Blood Dragon esta longe de ser bom, não vale a pena, e foi com certeza foi um dos piores jogos da Ubisoft que eu já vi na vida. Espero mesmo que a desenvolvedora tenha aprendido a lição e que saiba utilizar melhor as suas propriedades intelectuais daqui pra frente.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC, fornecida pela Ubisoft do Brasil.
Resumo para os preguiçosos
Trials of Blood Dragon conseguiu juntar duas franquias muito bem vistas da Ubisoft, em um jogo ruim demais. É tão ruim, que chega a dar raiva de ver o nome “Blood Dragon” sendo utilizado de maneira tão desrespeitosa pela Ubisoft. Eu realmente não gostei desse jogo e posso até estar exagerando, mas o demais reviews que vi por ai também não fazem muitos elogios à esse jogo. Aconselho veemente que você não gaste dinheiro com Trials of Blood Dragon, talvez um investimento em um pacote de balas Juquinha seja uma decisão mais acertada.
Prós
- Cenários banacas
Contras
- Desafios mal projetados
- Enredo fraco
- Jogabilidade confusa
- Praticamente tudo
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