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Toren – Review

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A indústria de games no Brasil vem crescendo mais e mais a cada ano, tanto que recentemente temos sido contemplados com jogos bastante originais feitos em terras tupiniquins que – diferentemente de muitas coisas que vemos por aqui – nos dão orgulho de sermos brasileiros, e Toren é um destes jogos. Depois de 4 anos de desenvolvimento o indie brasileiro mais aguardado do ano chegou com muitas expectativas, mas será que ele correspondeu a todas elas? É o que vamos descobrir.

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Em Toren, desvendamos a história de Moonchild (ou Criança da Lua), uma menina que vive presa em uma gigantesca torre e que tem apenas um objetivo: Matar o dragão que vive no topo dela para assim ganhar sua liberdade. Parece uma coisa simples não? Definitivamente não, a história de Toren é cheia de mistérios, enigmas e metáforas filosóficas que constantemente nos deixam confusos e criam cada vez mais e mais perguntas na nossa mente, e esse é um dos melhores aspectos da narrativa.

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Por que Moonchild renasce como bebê toda vez que morre? Quem é o mago que a instrui? Por que o dragão a mantém em cativeiro? São essas algumas das muitas perguntas que nos fazemos enquanto jogamos Toren e o jogo, de certa forma, nos explica cada uma delas conforme avançamos na história.

Claramente inspirado em jogos como ICO, e Shadow of the Colossus (melhor jogo!) Toren é uma aventura solitária e melancólica, todo o universo que envolve a personagem reforça esse sentimento e nem os personagens secundários, que são superficiais perto da importância de Moonchild, conseguem desfazer essa sensação. Esse é outro elemento bom do jogo, afinal, Moonchild tem de trilhar seu caminho sozinha e o desconhecido é um caminho realmente solitário.

A protagonista aliás não sabe nada sobre quem é, por que está presa ou por que ela é a escolhida para escalar a torre e matar o dragão. Sua única companhia é um mago, que é um dos construtores da torre e quem a ensina coisas relativas à vida e fala sobre uma civilização que já não existe mais.

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Além dele, o pergaminho (ou papiro) que Moonchild adquire ainda no começo do jogo “ensina” a ela – e a nós – muitas outras coisas referentes a valores da humanidade que são realmente vividos pela personagen através de sonhos, estes mostrados a ela pelo mago e então armazenados no papiro.

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Na fases de sonhos temos cenários diferentes que se aplicam ao contexto tanto da história que irão contar quanto aos valores que serão ensinados a Moonchild através deles. Cada um deles tem uma simbologia diferente como razão, emoção ou justiça e juntos eles formam a Árvore da Vida, não a que Moonchild usa para chegar ao topo da torre – a palpável – mas a Árvore da Vida em sua simbologia que abrange aspectos importantes da existência humana e que desta forma não se aplicam à história de Moonchild somente, mas a todos nós. A beleza dessas fases é algo que falaremos mais para frente.

O Dragão é o ser que tem de impedir que Moonchild escape da torre, e ele conseguiria, não fosse o fato de que a personagem sempre renasce para tentar cumprir o seu destino mais uma vez. Ele tem diversas habilidades como lançar uma magia petrificante e criar cortinas de vento (mas não sabe soltar fogo), que só são vencidas por Moonchild graças à sua espada.

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Outro personagem – que faz parte mais da história do que do jogo em si – é o cavaleiro, que foi mandado pelo sol para derrotar o Dragão e salvar a Criança da Lua de sua prisão (Shrek salva Fiona), e que ainda pode ser visto por ela através de um telescópio.

Todos os personagens do jogo são essenciais para a narrativa, cada um tem um papel único que serve como base para a história de Moonchild. A história da personagem por sua vez, não tem fim, jogamos com ela como criança, em sua adolescência, presenciamos seu florescimento e enfim ela se torna mulher, e quando sua história termina uma nova recomeça assim como a vida, ou como uma árvore, viu como tudo é simbolismo?

O visual do jogo é simplesmente maravilhoso. Apesar da clara limitação gráfica o jogo é de encher os olhos, as cores, os elementos, tudo reflete no contexto do jogo ou no ensinamento que será passado a Moonchild naquele sonho. Diversas vezes durante a jogatina tive que parar para admirar o cenário e todos os seus detalhes, e além de adicionar beleza ao jogo ele mantém todo aquele sentimento de solidão que Toren quer passar. Não vi grande diferença rodando o jogo no médio ou no máximo, nem em relação a desempenho como a diferença visual. Além disso, os gráficos são o que nos faz esquecer de todos os erros na jogabilidade, falaremos deles a seguir.

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O principal defeito de Toren: Pecar miseravelmente na jogabilidade. Logo quando iniciamos o jogo no PC a primeira mensagem que aparece é “a melhor maneira de jogar Toren é com um controle”, algo que me fez imediatamente pensar se o jogo seria tão ruim assim de se jogar no teclado a ponto de fazer os criadores colocarem essa mensagem lá, e infelizmente eu estava certo.

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O jogo foi pessimamente portado para o PC, o que faz o início de nossa experiência com ele um tanto quanto confusa. Nele temos a sensação de imprecisão ao controlarmos a personagem, mas ao contrário do que era em ICO, onde o sentimento de vulnerabilidade era reforçado pela imprecisão na jogabilidade, em Toren temos o sentimento de que isso não foi feito propositalmente.

Constantemente ficamos pendurados em abismos (ou morremos) simplesmente por não ter conseguido parar a personagem ou por não ter como calcular um salto. O movimento de câmera é realmente inútil, tanto que assim que descobrimos o que ela pode fazer descartamos o uso do mouse já no início do jogo e jogamos apenas com as setas (sim, você terá que usar as setas), o Z para interagir, o X para olhar e a barra de espaço para pular.

O jogo é basicamente pular obstáculos, arrastar estátuas e resolver puzzles, dessa forma a jogabilidade se revela bem superficial – já que todo o foco do jogo é na história – não sendo de grande importância e não estragando a experiência que o jogo nos oferece.

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Há também alguns bugs que devem ser citados já que não foram corrigidos antes do lançamento do jogo. São bugs simples como atravessar o chão ou paredes e ficar com o personagem preso em certo ponto tendo que sair do jogo e entrar novamente.

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A trilha sonora do jogo é simplesmente incrível, casa com o visual como cú e cueca. Indo de violinos, violoncelos à pianos, ela reforça sempre o sentimento de melancolia e solidão que imperam no jogo. Às vezes há uma interferência nos efeitos sonoros, como se alguém tivesse esquecido de desligar o microfone após gravá-los e deixado ele na chuva, não é algo que incomode pois dura no máximo 1 segundo, mas é algo que sabemos que não deveria estar ali.

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O jogo não é longo, gastei cerca de duas horas para termina-lo com meus devaneios e paradas para admirar o cenário. Quando joguei pela segunda vez, percebi que havia algumas coisas que eu não havia feito na primeira vez, alguns itens que eu não tinha pego e alguns sonhos que não tinha “vivido”, e que apesar de não serem essenciais para o jogo – senão eu não o teria terminado sem eles – adicionam ainda mais beleza e história a ele.

A melhor coisa é no fim do jogo abrir o papiro e ler toda a história que foi armazenada lá durante a aventura. Lendo e entendendo seus detalhes podemos ver o quão rica a história do jogo é e o quanto a experiência de jogá-lo valeu a pena. Se você é daqueles que gosta mais de ação ou de uma jogabilidade sensacional, Toren não é para você. Mas se você é um jogador que sabe apreciar uma boa narrativa e acha que a história pode ser mais importante até do que a jogabilidade do jogo, Toren é a pedida certa.

Review elaborado em cópia para PC fornecida pelo desenvolvedor

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Resumo para os preguiçosos

Toren é um jogo brasileiro cuja principal característica é sua narrativa. Com personagens importantes e uma história enigmática e desafiadora, o jogo cria diversas perguntas na cabeça dos jogadores que vão sendo respondidas ao longo do jogo. Tem alguns bugs, interferências no efeito sonoro e uma mecânica de jogo bem ruim mas compensa a falta de qualidade da jogabilidade com um visual sensacional e uma trilha sonora perfeita. Tem um clima de solidão e melancolia que se estende até o fim do jogo e é a pedida certa para jogadores que preferem um jogo com uma boa história a uma jogabilidade sensacional.

Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • História original
  • Explora diversos temas através da narrativa
  • Personagens bem elaborados
  • Visual impecável
  • Trilha sonora sensacional

Contras

  • Jogabilidade péssima
  • Alguns bugs
  • Interferências no efeito sonoro
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1 COMENTÁRIO

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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.