The Last of Us Parte 2 é um dos melhores jogos da geração dele, um jogo que nos coloca em momentos desconfortáveis e nos faz questionarmos nossos lados e até revermos posições. Cerca de três anós após o lançamento, a Naughty Dog retorna ao jogo com The Last of Us Parte 2 Remastered, um pacote que traz além de uma performance gráfica melhorada, um novo modo, áreas não utilizadas anteriormente e suporte ao Dualsense. Mas será que esse pacote vale a pena?
Em The Last of Us Parte 2, nós controlamos Ellie, a sobrevivente imune do primeiro jogo, e Abby, filha do médico morto por Joel ao final dos eventos de The Last of Us. Se você não jogou o jogo originalmente e conseguiu evitar os spoilers até aqui, meus parabéns, pois esse foi um dos jogos mais discutidos da internet em seu lançamento, com vazamentos, spoilers e tudo mais.
No lançamento do jogo, eu fiz uma análise bem mais detalhada da história dele, e eu não entrarei nos pormenores nessa avaliação, mas o mais importante a ressaltar dela é que é um jogo que, quando jogado pela primeira vez, te pega de surpresa em diversos momentos, principalmente na jornada da Ellie, e te faz pensar se você realmente é o protagonista ou o vilão da história, já que em muitos momentos dessa jornada, você não faz lá as coisas mais bonitas e heroicas do mundo.
Já a jornada de Abby é uma tentativa de fazer o jogador acabar sentindo empatia por ela, mesmo ela tendo feito o que ela fez no começo do jogo e que motivou toda a trama desse segundo jogo. Como eu já comentei em outros lugares outras vezes, sinceramente falando, eu não consegui perdoá-la. Eu entendo perfeitamente o lado dela, mas exatamete pelo apego eu criei por Joel e Ellie no primeiro jogo, eu acabo ficando do lado deles, e a tentativa de replicar a jornada deles com Abby e Lev não acabou surtindo esse efeito em mim. Ainda assim, é uma sequência de três dias muito boa, cheia de “socos no estômago” e ajuda muito a expandir o mundo de The Last of Us ver como é o mundo do outro lado da cerca.
Mas falemos sobre o que há de novo em The Last of Us Parte 2 Remastered.
Começando pelos gráficos, esse foi o ponto em que eu sinceramente senti menos diferenças. Eu joguei o jogo original no lançamento e testei a versão de PS4 dele dentro do PS5 enquanto jogava essa nova versão, e apesar de dar para notar algumas melhorias, é importante frisar que todas essas novidades são incrementais, e a menos que a pessoa esteja realmente procurando por essas novidades, elas podem acabar passando desapercebidas pelos olhares menos atentos.
Além dos gráficos, a Naughty Dog também adicionou a The Last of Us Parte 2 Remastered suporte ao Dualsense, com os gatilhos adaptáveis fazendo toda a diferença dentro do jogo em relação ao que encontrávamos no DualShock 4 na versão original do game. Outra novidade são as melhorias de performance, com os carregamentos do jogo funcionando muito mais rapidamente do que no passado, graças ao SSD do PS5.
Mas as grandes novidades do jogo mesmo são duas: os níveis excluídos e o modo Sem Volta.
Começando pelos níveis excluídos, a Naughty Dog adicionou três fases que haviam sido removidas do desenvolvimento do jogo, e elas funcionam aqui mais como uma “aula” de como um jogo é feito do que qualquer outra coisa.
Antes de cada uma das fases, há um rápido comentário de Neil Druckmann sobre qual era a intenção deles em adicionar aquele segmento ao jogo, e o motivo pelo qual ele foi removido. Em todos os casos, há elementos faltando nas fases, como animações, falas e até mesmo texturas em alguns pontos.
Além disso, há diversos “tótens” que você pode interagir durante os mapas e que vão adicionando comentários dos desenvolvedores às áreas, o que é muito legal para quem tem curiosidade sobre como um jogo é desenvolvido e todo o processo e tempo que isso demanda, já que o conteúdo de um jogo sempre é muito mais do que nós acabamos vendo no final, e partes dele acabam sendo cortadas seja por não serem divertidas, seja por ritmo, seja por outros motivos.
Ainda assim, aqui vale ressaltar que esses níveis excluídos são apenas tours por áreas do jogo que foram cortadas. Não espere nenhum grande combate nem nada do tipo, e essa parte é bem curta também. Ao todo, eu levei meia hora para concluir os três mapas disponíveis.
Por fim, temos o modo Sem Volta, que é tranquilamente a melhor parte dessa remasterização. Como ele funciona: você inicialmente escolhe entre Abby ou Ellie e deve avançar numa série de mapas onde você deve eliminar todos os inimigos do mapa, que podem ser de facções como os WLF, Serafitas ou Infectados em diferentes mapas que encontramos dentro do jogo, como Jackson, a ilha dos serafitas, o hotel que Joel e Ellie atravessem numa parte do jogo e assim por diante.
A cada fase vencida, você ganha uma cerca quantidade de recompensas que servem para melhorar o seu personagem, como novas habilidades e armas, além de poder comprar novos armamentos e se preparar para a próxima etapa.
Depois de uma certa quantidade de objetivos desbloqueados, você libera novos personagens para usar. Além disso, caso você morra, você tem que começar tudo de novo, mantendo apenas o que você desbloqueou de novos personagens.
Em algumas fases, você tem o auxílio de outro aliado controlado pela inteligência artificial, e ao final de todas as fases, você enfrenta algum chefe que enfrentou dentro do jogo, como o Baiacú do Fliperama que Ellie enfrenta no Dia 3 em Seattle.
Esse modo ficou muito divertido de se jogar, e é o tipo de coisa que dá pra ficar tranquilamente por horas e horas jogando até você liberar tudo o que ele tem a oferecer, já que ao todo você pode jogar com 5 personagens de cada um dos lados (ainda que os do lado da Ellie são muito mais interessantes do que os amigos da Abby que a gente mal tem contato antes de morrerem), variações de desafios e até objetivos novos que vão aparecendo conforme você avança nele.
A única ressalva que eu tenho a fazer sobre o modo Sem Volta é que seria muito, mas muito legal mesmo se fosse possível jogar em Coop, seja localmente, seja pela internet, já que esse tipo de modo se presta demais a se jogar com mais de uma pessoa, mas fora isso, ele realmente é uma grande adição.
Mas e aí, The Last of Us Parte 2 Remastered vale a pena?
The Last of Us Parte 2 Remastered é um pacote que vale a pena tanto para quem não jogou o jogo original (e agora vai pagar R$ 250,00 pelo pacote todo) quanto para quem jogou o original e tem vontade de jogá-lo mais uma vez.
O upgrade de 50 reais adiciona melhorias visuais, bastidores e um modo que vai render muitas e muitas horas de diversão, além de, óbvio, um pretexto para jogar um dos melhores jogos da geração passada outra vez.
Análise elaborada com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
The Last of Us Parte 2 Remastered não traz uma grande atualização gráfica. Em compensação, o novo modo Sem Volta é muito divertido e certamente vai fazer os fãs do jogo investirem horas e mais horas dentro dele. Além disso, as fases descartadas apresentam um bastidor bem legal do desenvolvimento do jogo. Considerando que tudo isso foi adicionado por apenas 10 dólares, vale a pena sim fazer a compra caso você esteja com vontade de revisitar as jornadas de Ellie e Abby em Seattle.
Prós
- Modo Sem Volta bastante completo e divertido
- Os níveis descartados apresentam uma visão bem legal do jogo
- O Dualsense adiciona uma nova dimensão ao jogo
Contras
- A atualização gráfica é pouco perceptível, ainda mais para quem só jogou o jogo original lá em 2020.