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The Flame in the Flood – Review

Observar o nascer do sol enquanto navega por uma correnteza calma ao som de uma balada folk: este é um dos raros momentos de tranquilidade em The Flame in the Flood. Nos outros, você estará preocupado em sobreviver mantendo sua fome, sede, temperatura, e saúde em níveis aceitáveis, enquanto enfrenta – ou, na maioria das vezes, foge – de predadores perigosos e hostis.

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O game de estreia do estúdio The Molasses Flood, fundado por veteranos da indústria que já trabalharam em jogos como Bioshock, Halo, e Guitar Hero, é um sopro de novidade em um gênero que começa a ficar saturado. Ao contrário dos jogos de sobrevivência tradicionais, em The Flame in the Flood você não construirá uma base cheia de recursos. Sua sobrevivência dependerá de aprender a acompanhar o curso do enorme rio que domina o cenário, ancorando nas inúmeras ilhas geradas proceduralmente para coletar recursos, enfrentar os perigos ou, simplesmente, descansar – para, logo em seguida, subir novamente na jangada e continuar o caminho.

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The Flame in the Flood

No papel da garota Scout, você terá as companhias inseparáveis de uma jangada e de um simpático cachorro chamado Aesop. Ambos funcionam como um inventário extra, onde é possível guardar os itens que não cabem na sua (pequena) mochila. Estes itens são divididos entre os recursos que você coleta nas ilhas, e as ferramentas e alimentos fabricados com eles. Apesar de escassos, eles são bem versáteis – com algumas taboas, por exemplo, é possível fazer desde uma fogueira, até diversas armadilhas e ferramentas. As comidas podem ser ingeridas cruas, o que pode causar doenças, ou cozidas, tornando-as mais nutritivas e com maior durabilidade. Também é possível fabricar curativos, chás, roupas, e o que mais for preciso para manter-se vivo.

Há dois modos de jogo em The Flame in the Flood. No modo campanha, não há muita profundidade na história. Você deve passar por 10 regiões enquanto procura pela origem de um sinal de rádio, encontrando alguns poucos NPCs pelo caminho. É possível escolher entre dois níveis de dificuldade – um mais fácil, com uma quantidade normal de recursos, e outro mais exigente, com recursos limitados e status que pioram mais rápido. Já o modo “Jogo Infinito” é exatamente o que o nome sugere: sobreviver pelo maior tempo e distância possíveis. A morte é permanente e não há checkpoints como no modo campanha. Felizmente, o jogo está totalmente localizado em sete idiomas, incluindo o português – um ponto positivo para um jogo independente de um estúdio novato.

The Flame in the Flood

Scout necessita manter-se quente, saudável e bem alimentada para enfrentar dois grandes desafios: os animais selvagens e o próprio rio. Ursos, cobras, javalis e lobos são ameaças constantes. Não há combate direto: para vencê-los, é preciso atraí-los para armadilhas ou induzi-los a atacar uns aos outros. Quase sempre o enfrentamento não é a melhor opção, mas quando dá certo, a recompensa vem em forma de recursos valiosos como peles e comida.

No caso do rio, o perigo está na imprevisibilidade das correntezas e nos inúmeros objetos que submergem a todo momento. Controlar a jangada não é uma tarefa muito fácil, e as colisões a destrói rapidamente. No teclado e no mouse, a tarefa fica ainda pior – por diversas vezes optei pelo controle para passar com um cuidado maior por áreas mais perigosas. No começo, gerenciar todas estas situações de risco pode ser bem difícil. Mas cada morte da personagem torna-se um novo aprendizado, e, especialmente no modo campanha, os itens guardados por Aesop permanecem com ele em um novo jogo, te ajudando a planejar melhor os próximos passos.

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Gerenciar o inventário acaba sendo um terceiro – e involuntário – desafio. Tudo é feito em um único menu subdividido em categorias, e algumas informações importantes, como os itens necessários para uma determinada receita, dependem de vários cliques até ficarem disponíveis. Isso acaba gerando uma frustração e perda de tempo desnecessárias, que, somadas a alguns bugs encontrados durante o gameplay capazes de travar completamente o jogo, podem prejudicar o ritmo e a experiência do game

The Flame in the Flood

O ditado que diz que “um homem nunca entra duas vezes no mesmo rio” é quase levado ao pé da letra em The Flame in the Flood. Os cenários, inimigos, e disponibilidades de recursos, são gerados de maneira aleatória, e um gameplay dificilmente será muito parecido com o outro. Porém, a sensação de déja-vu ao entrar nas ilhas após algum tempo de jogo pode ficar cada vez mais frequente, devido aos limitados assets que compõem as áreas, principalmente as de terra firme. Elas até são de diferentes tipos – igrejas, acampamentos, casas, docas para fazer melhorias na jangada, etc – mas pouco diferem em sua estrutura e aparência.

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No entanto, a beleza dos gráficos e da ambientação são o ponto forte de The Flame in the Flood. O visual é ao mesmo tempo colorido e melancólico, o que de alguma forma me fez lembrar da arte de Tim Burton. A ambientação sonora é ótima, alternando entre momentos de quase silêncio, onde é possível ouvir apenas o barulho do rio, e uma trilha sonora meio country e meio folk fantástica, composta pelo músico Chuck Regan. O universo do jogo é fortemente inspirado no sul dos Estados Unidos. Eu nunca estive lá, mas tenho quase certeza de que se The Flame in the Flood tivesse dublagem, o sotaque os personagens seria parecido com os dos caras do Duck Dynasty.

Confesso que não sou muito fã de jogos de sobrevivência e rogue-like, onde a morte constante e inevitável faz parte da mecânica – sempre acabo me frustrando mais do que deveria. Mas, talvez pelo seu ritmo mais rápido e dinâmico, onde seguir em frente é a única opção, The Flame in the Flood me satisfez muito mais do que eu esperava. É um jogo bonito, desafiador, com uma jogabilidade decente e uma trilha sonora sensacional. Apesar dos bugs e de algumas decisões de design questionáveis, é recomendado tanto para os novatos no gênero, quanto para os que se consideram os “Bear Grylls” dos jogos de sobrevivência.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para Steam fornecida pela desenvolvedora.

Resumo para os preguiçosos

The Flame in the Flood não é um jogo de sobrevivência comum. Ao invés de construir uma base, você estará em constante movimento acompanhando o curso de um rio enquanto tenta coletar recursos, superar os perigos, fabricar ferramentas, e manter-se vivo. A versatilidade dos itens permite definir várias estratégias de fabricação dos melhores equipamentos e alimentos para cada situação de jogo – que, graças aos cenários e recursos gerados aleatoriamente, nunca são iguais. O belo visual, a jogabilidade decente, e a trilha sonora fantástica, compensam os ainda constantes bugs, crashes, e algumas decisões questionáveis de design.

Nota final

75
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Arte belíssima
  • Trilha sonora fantástica
  • Ótima ambientação

Contras

  • Menus confusos
  • Bugs e travamentos constantes
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Diego Melo
Diego Melohttp://criticalhits.com.br
Diego Melo é graduado em jornalismo pela Unesp de Bauru. Gosta de joguinhos eletrônicos desde que se entende por gente. Prefere o PC, mas não deixa de jogar em seu New 3DS, PS3, e Xbox One de vez em quando.